Documentos internos da Americanas mostram que diretoria omitiu operações que causaram fraude

Comitê de auditoria da Americanas questionou diretores sobre operações de risco sacado, mas recebeu resposta de que elas não existiam

O Liberal
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Documentos internos da Americanas mostram que o comitê de auditoria questionou os diretores sobre as operações que geraram o rombo contábil na empresa, mas em todas as ocasiões a resposta foi que essas operações simplesmente não existiam. Essa descoberta pode mudar o rumo das investigações sobre a fraude contábil na varejista. As informações são da jornalista Malu Gaspar, de O Globo.

O comitê de auditoria, formado por três conselheiros, era uma das instâncias pelas quais o balanço da empresa tinha que passar antes de ser aprovado pelo conselho de administração e apresentado ao mercado. Os registros internos da empresa indicam que os executivos da área negaram a existência de operações de "risco sacado" em pelo menos quatro ocasiões em 2020 e 2021.

O "risco sacado" é um mecanismo comum no varejo, no qual os bancos abrem linhas de crédito para que os fornecedores descontem suas faturas com desconto, cobrando depois o valor da Americanas. Esse tipo de financiamento aparece no balanço da companhia como passivo, ou dívidas. No entanto, as dívidas que somavam R$ 20 bilhões em janeiro não apareciam nas demonstrações financeiras desde pelo menos 2016.

Tese sobre desconhecer fraude é posta em xeque

Os documentos internos da Americanas mostram que, a cada trimestre, as demonstrações financeiras eram enviadas por e-mail aos membros do comitê de auditoria. Os executivos da área financeira da empresa apresentavam as respostas numa reunião, expondo slides que eram debatidos pelo grupo. Depois de esclarecerem as dúvidas, o comitê fazia recomendações de mudanças, que eram incorporadas na versão final do balanço submetida ao conselho.

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Esses documentos internos da empresa podem ajudar a desmontar a tese dos acionistas e conselheiros de que não sabiam da fraude, uma vez que mostram a negação dos diretores sobre as operações de risco sacado. A Americanas pediu recuperação judicial após o CEO Sérgio Rial admitir a existência de "inconsistências contábeis" no balanço da empresa.

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