Diálogos Hidroviáveis debate Ferrogrão e Pedral do Lourenço
Evento é realizado em Belém e conta com a presença de representantes de órgãos governamentais para falar sobre o desenvolvimento amazônico
A construção do Ferrogrão - via férrea que pretende ligar o porto de Miritituba, no Pará, ao município de Sinop, no Mato Grosso - e o Pedral do Lourenço, no Rio Tocantins, foram alguns dos temas de destaque durante o “Diálogos Hidroviáveis”, evento realizado em Belém, que começou nesta quinta-feira (24) e vai até amanhã (25). O encontro reúne órgãos governamentais e da sociedade para debater sobre temas que estão em evidência na região amazônica e no Brasil, a partir dos avanços que a COP 30 tratá ao contexto local.
Os portos da Amazônia, a sustentabilidade do modelo de transporte hidroviário e os desafios e oportunidades do transporte de passageiros também foram abordados. Além disso, as palestras visaram a compreensão dos desafios que a região tem dentro de um contexto de mudanças climáticas e a construção de políticas e estratégias que possam impulsionar a navegação sustentável, aprimorar a infraestrutura de transporte de forma alinhada a COP e as demandas da sociedade.
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O vice-presidente executivo da Fiepa, José Maria Mendonça, foi um dos debatedores da palestra que falou sobre o Ferrogrão. No encontro, explicou que, no momento, foram apresentadas as vantagens da construção da via e o quanto ajuda o comércio local de soja a competir com o internacional. “Só vamos ter condições de competir com a produção dos Estados Unidos se tivermos o Ferrogrão. Temos o menor preço da porteira para dentro, mas a nossa logística é muito ruim e a gente perde competitividade”, afirmou.
A construção da via é polêmica por envolver questões ambientais e foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021, após o ministro Alexandre de Moraes atender um pedido do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Nesse sentido, o representante da Fiepa destaca que “não existe nenhum problema, porque a via corre paralela com a rodovia BR-163. Ela não vai ter nenhum desmatamento, só em pequenos trechos. As tribos [indígenas] mais próximas ficam do outro lado do rio Tapajós”.
“As ferrovias são um meio de transporte egoísta, porque vão de um ponto a outro, não param em qualquer lugar. Como elas fazem isso, são consideradas um túnel ecológico, ou um caminho ambiental. Não interage com o território por onde ela passa. Não só achamos que ela é economicamente viável, porque permite a competição com produtos americanos, como a soja, mas também ambientalmente correto e socialmente justo, uma vez que vai permitir muito trabalho no oeste paraense”, completou José Maria.
Pedral do Lourenço
O Pedral do Lourenço também é um assunto que enfrenta questões ambientais. O projeto consiste na retirada de pedras do local - prevista desde 1970 - para abertura de uma hidrovia que vai permitir e melhorar a navegabilidade pelo rio Tocantins durante a época de secas, aumentando o escoamento da produção agrícola. Em abril, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, disse ao Grupo Liberal que o órgão está estudando o caso.
O palestrante do debate que falou sobre o Pedral e a navegação no rio Tocantins, local em que as rochas estão situadas, foi o diretor de infraestruturas aquaviárias do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Erick Moura. Ele ressaltou que a questão ambiental envolvida no assunto foi tratada com responsabilidade, “prezando pela legalidade, sustentabilidade, respeito às comunidades locais e ao meio ambiente", buscando destravar as obras.
“Então, isso tudo foi tocado de uma forma otimista, no sentido de conciliar todas as demandas da melhor maneira possível e que nós vamos estar à disposição para ouvir todos os participantes e dizer que a gente internamente, junto com o Ibama, junto com a área ambiental do próprio DNIT e outras áreas aí do próprio governo. Nós tivemos uma discussão muito positiva, no sentido de destravar o empreendimento respeitando a questão ambiental”, completou Erick.
A solução encontrada pelos participantes foi o diálogo, porém, com o diferencial “da agilidade, para não perder as janelas de oportunidade, as janelas hidrológicas, pesquisas ambientais e uma comunicação direta com os técnicos dos setores”. “Para que a gente não fique naquela troca de mensagens e informações por meio de expedientes que acabam atrasando o desenvolvimento do trabalho”, finalizou o representante do DNIT.
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