Cotação do dólar hoje: veja o valor que o dólar fechou nesta quarta-feira (19/02)
Moeda americana varia com ajustes em dia negativo para divisas emergentes
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O dólar se firmou em terreno positivo ao longo da tarde e encerrou a sessão desta quarta-feira, 19, em alta moderada, acima da linha de R$ 5,72. Segundo operadores, o fortalecimento da moeda americana no exterior abriu espaço para ajustes no mercado doméstico, com realização de lucros após o rali recente do real.
Evento mais aguardado do dia, a ata do Fed reforçou a mensagem passada nos últimos dias por dirigentes do Banco Central americano: não há pressa em retomar os cortes de juros. A política monetária permanece em campo restritivo e qualquer alívio depende de desaceleração da inflação, que segue em níveis elevados. O documento mostra que o Fed adota uma "postura cautelosa" em razão do "alto grau de incerteza" sobre a trajetória da economia.
Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY desacelerou um pouco o ritmo de alta após a divulgação da ata, afastando da máxima aos 107,381 para trabalhar ao redor dos 107,190 pontos. As taxas dos Treasuries longos passaram a recuar e as bolsas em Nova York ganharam fôlego.
A despeito de certo alívio no exterior, o dólar ganhou um pouco de força adicional e tocou o nível de R$ 5,72, em conjunto com mínimas do Ibovespa. No fim do dia, o dólar à vista subia 0,66%, a R$ 5,7267. Em fevereiro, a moeda americana acumula queda de 1,88%, após ter recuado 5,56% em janeiro.
À tarde, o Banco Central informou que o fluxo cambial total em fevereiro, até o dia 14, está negativo em US$ 2,335 bilhões, com saídas líquidas de US$ 1,628 bilhão pelo canal financeiro e de US$ 707 milhões do lado comercial.
Analistas ponderam que a recuperação da moeda brasileira em ambiente de fluxo negativo está relacionada ao desmonte mais agressivo de posições compradas em dólar em derivativos cambiais por parte de investidores estrangeiros.
Apesar do tropeço hoje, o real permanece como a segunda moeda de melhor desempenho no ano, entre as principais divisas globais, atrás apenas do rublo russo. Pares latino-americanos do real, como os pesos colombiano e chileno, também se destacam neste ano
O diretor de Pesquisa Econômica do Banco Pine, Cristiano Oliveira, observa que, embora se destaque em 2025, o real ainda apresenta uma desvalorização de mais de cerca de 13% em relação ao dólar nos últimos doze meses. Isso coloca a moeda brasileira entre as cinco piores moedas no período, grupo que também conta com o peso mexicano.
"Mantemos a visão positiva para o real. Acreditamos que moeda tende a ser beneficiada pelos termos de troca bastante favoráveis bem como pelo diferencial de taxa de juros", afirma Oliveira.
Estudo do Bradesco divulgado à tarde afirma que pouco mais de 80% da valorização do real no ano se deu em razão de fatores domésticos, em especial a redução do CDS de 5 anos do Brasil, uma medida de risco-país.
Embora fundamentos como termos de troca e diferencial de juros sugiram espaço para apreciação do real, o banco ressalta que existem "diversos riscos no horizonte" que impedem "uma aposta mais convicta para a taxa de câmbio".
Além das dúvidas sobre a elevação de tarifas de importação por Donald Trump, fato que pode levar a episódios de aversão ao risco, há questões domésticas que podem jogar contra o real, como a tramitação nos próximos meses das propostas de compensações para desoneração do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.
Analistas atribuíram parte dos ganhos recentes do real a uma série de sinais de queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em especial a pesquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira, 14. A leitura é que um aumento das chances de vitória de uma candidatura à direita no espectro político, em tese mais comprometida com a austeridade fiscal, levou a uma redução dos prêmios de risco.
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