Primeira cooperativa agrícola de Bagre é inaugurada nesta sexta-feira (21)
Município é o maior produtor de açaí do estado
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A partir desta sexta-feira (21), o município de Bagre, no Marajó, terá a Cooperativa Agroextrativista dos Produtores da Agricultura Familiar de Bagre (Coapra), a primeira da região. Embora a organização inicie com 43 membros, segundo o presidente, Marcelo Fernandes Teixeira, pode chegar a 400 com o passar do tempo. A novidade deve potencializar a arrecadação do município com a produção de açaí, já que segundo levantamento da Universidade Federal do Pará (UFPA), ele é o maior produtor de açaí do Marajó e o segundo maior do estado, atrás apenas de Mocajuba.
O estudo da UFPA também indica que o município produz cerca de quinhentas mil latas por safra no período de julho a novembro. Também estima-se que quarenta por cento dos moradores (18 mil pessoas) têm alguma renda ligada ao açaí, são 103 pontos de venda só na cidade. A produção também garante a alimentação na ilha, que não apresenta sinal de fome nas 78 comunidades bagrenses, algumas a 20 horas de barco da sede do município.
O secretário de Agricultura de Bagre, Edno Pereira Dias, descreve o produto o ouro da região e destaca que "desde 2011, há um trabalho sério para aumentar a produtividade". Este ano o Centro de Referência da Embrapa começou a atuar no município com orientações sobre o manejo, espaçamento entre as touceiras, preparo do terreno, inventário das áreas mais produtivas e qualidade geral da produção.
"Nosso açaí é todo de várzea (nativo), mas estes cuidados ajudaram em tudo", diz o produtor José Novaes, 60 anos. "O Manejo, por exemplo, possibilita que a gente tenha grande quantidade de açaí também na entressafra, neste período agora, que corresponde ao inverno", explica.
Sobre os ganhos, o produtor explica que no período da safra é possível lucrar "até mil e trezentos reais por dia". Os peconheiros, responsáveis por coletar o fruto da árvore, ganham em média o mesmo valor, para uma colheita de mais de cinquenta latas: "o que colhemos é dividido ao meio com o dono da área", diz o peconheiro Janilson Novaes.
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Riqueza local
A inauguração desta sexta-feira, reconhece o trabalho de centenas de produtores diretos, especialmente do Taquari e Alto Jacundá, região a noventa minutos de lancha da sede de Bagre. "Sempre fazemos tudo coletivamente, e os resultados positivos são evidentes", comenta o presidente da Coapra, Marcelo Fernandes. A presença de representantes de alguns ministérios, hoje, no Rio Taquari confirma o dito mais popular da cidade: "aqui tem açaí em tudo o que é canto", e ele vale ouro.
A quantidade da produção de Bagre ainda é apenas estimada, sendo boa parte dela enviada para os Igarapé-Miri antes de seguir rumo a Belém. Uma parte dessa produção também ajuda no abastecimento de Macapá, no Amapá. "Aqui mesmo, à beira do Rio Taquari, às vezes aportam, de uma vez, sete, oito navios-geleiras, que atuam como atravessadores e cujos registros de quantidade não chegam à prefeitura local", diz o produtor Jó Pereira sobre as estimativas.
Essa produção, que já aumentou muito com o trabalho da Embrapa, se ressente apenas de uma fábrica de polpa para aumentar ainda mais. "Apoiamos de várias formas os produtores, e estamos nos estudos para tentar implantar aqui a sonhada fábrica de polpa, o que aumentará a produção e também agregará valor ao nosso produto", anuncia o prefeito de Bagre, Clebinho Rodrigues (PSD).
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