COP 30: a 200 dias do início, Belém encara desafios políticos e estruturais

Rodolfo Marques

Faltam 200 dias para a realização da COP-30, e Belém já sente a grande responsabilidade de sediar o maior evento climático do planeta. Entre os dias 10 e 21 de novembro, os olhos do mundo estarão voltados para a capital paraense, porta de entrada da Amazônia, região que há décadas ocupa posição central nas discussões ambientais globais — nem sempre por motivos positivos. 
O marco dos 200 dias funciona como um alerta: o tempo se mostra um imperativo e os desafios, especialmente os políticos, se avolumam diante da magnitude do compromisso assumido.

A escolha de Belém como sede da Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas foi, desde o anúncio, revestida de simbolismo. Trata-se de um reconhecimento da importância da Amazônia no enfrentamento à crise climática, mas também uma convocação para que o Brasil — e, em especial, o Pará — mostre ao mundo que está à altura da responsabilidade. No entanto, transformar esse simbolismo em ação concreta demanda articulação política firme, investimento coordenado e compromisso com resultados duradouros.

Internamente, o principal ponto positivo está na articulação entre os diferentes entes federativos. A COP-30 exige que União, governo estadual e prefeitura de Belém caminhem em sintonia. Por outro lado, a infraestrutura urbana de Belém é outro ponto sensível. A cidade enfrenta, historicamente, problemas de mobilidade urbana, de saneamento básico e de um bom acolhimento turístico. 

As obras seguem em andamento – e há a expectativa que elas tragam consigo melhorias significativas. Mais do que preparar a cidade para receber autoridades, pesquisadores e demais visitantes, a COP deve ser catalisadora de um legado estrutural permanente para os belenenses. 

No plano nacional, a COP 30 também terá reflexos importantes. Para o governo federal, liderado por Lula, o evento representa uma oportunidade estratégica de reposicionar o Brasil como líder global na pauta ambiental, após anos de descrédito internacional. A recente liberação de projetos de exploração de petróleo na foz do Amazonas, por exemplo, acende alertas sobre possíveis contradições da política ambiental brasileira – e o governo Lula vem trabalhando no alinhamento deste discurso com a prática. 
No campo internacional, Belém será vitrine: a cidade será o cenário das negociações mais delicadas sobre financiamento climático, transição energética e justiça ambiental. Os líderes locais terão a chance de dialogar diretamente com chefes de Estado, ativistas e investidores — o que pode gerar frutos duradouros, desde que haja preparo e estratégia política. 

Destarte, nesta contagem regressiva, a COP 30, enfim, representa muito mais do que um evento. Ela é espelho das contradições, potencialidades e escolhas políticas de um Brasil que ainda busca seu lugar de destaque no mundo com justiça ambiental.
Belém será lembrada pela hospitalidade, assim como pelo que conseguir ou não realizar nesse momento histórico. A pergunta que fica é: estaremos, de fato, prontos para fazer da COP 30 um ponto de virada? 

 

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