Consórcio vencedor do leilão ainda não tem data para assumir aeroporto de Belém
Socicam e Dix Empreendimentos vão operar terminal internacional pela primeira vez
Vencedores de um leilão bastante disputado contra a Vinci Airports, uma megaempresa francesa do ramo, o consórcio Novo Norte, formado entre as empresas Socicam e Dix Empreendimentos, tem agora o direito de operar os terminais aeroviários de Belém e Macapá pelos próximos 30 anos. No último dia 18, o consórcio arrematou ambos por R$125 milhões, um ágio de 119,78% em relação ao valor inicial proposto, de R$ 56,8 milhões.
Em entrevista concedida por e-mail, o diretor da divisão de aeroportos da Socicam, Marcelo Bisordi, afirma que os investimentos nos dois aeroportos serão de R$874 milhões. Ele lembra, porém, que ainda não há data para assumir o controle do aeroporto internacional Val-de-Cans. Segundo ele, não há data para o início da operação privada, que será antecedida por uma série de burocracias e documentações.
Um dos objetivos do consórcio é a ampliação da oferta de serviços, conveniências e facilidades aeroportuárias, mas Bisordi não detalhou como ela será feita. Em grande parte dos aeroportos do mundo, as receitas comerciais são superiores às receitas aeronáuticas, mas esse processo só chegou ao Brasil com a onda de privatizações na última década.
Segundo o diretor, o aeroporto, em curto intervalo de tempo, atenderá a todos os requisitos técnicos da Agência Nacional de Aviação Civil e serão realizadas melhorias na infraestrutura local, mas afirma que a ampliação da oferta de voos internacionais partindo da capital paraense depende das companhias aéreas. "Acreditamos que a região norte do Brasil é extremamente atraente e rica em possibilidades de turismo e negócios e queremos garantir que duas das principais portas de entrada da região estejam prontas para receber todos com conforto, segurança e modernidade", aponta.
Primeira experiência
Belém será a primeira experiência da Socicam com um aeroporto internacional. A empresa já administra 23 aeroportos regionais em cidades como Chapecó (SC), Jericoacara (CE) e Vitória da Conquista (Bahia). Desde de 2019, Cuiabá é a única capital onde a empresa administra um aeroporto, que passa por um processo de internacionalização que deve ser finalizado em 2023. Já a Dix Empreendimentos atua em 14 aeroportos, alguns deles em parceria com a Socicam. "A Socicam está entusiasmada em marcar presença no Norte do País, com os equipamentos de Belém (PA) e Macapá (AP). Mais que expansão dos negócios, esses aeroportos representam a consolidação da competência da empresa na operação qualificada de aeroportos", garante Bisordi.
Na manhã desta sexta-feira (26), o empresário Divaldino Alves considerou a privatização positiva. Segundo ele, a experiência com a concessão do aeroporto de Manaus, onde ele mora, tem sido positiva. "Os concessionários têm que investir na infraestrutura, no atendimento. Eles chamam para si a responsabilidade, tirando ela do estado. Se reflete na melhoria dos restaurantes, que estão todos muito caros. Qualquer coisinha leva muito dinheiro. Para as pessoas assalariadas não dá nem para comer", afirma. A empresária Letícia Carvalho concorda e espera que as novidades trazidas pelo consórcio atraiam mais voos e mais destinos. "Eu acho a oferta atual bem ruim, com muitos horários de madrugada. Os poucos voos internacionais que tinham diminuíram na pandemia também. Minha expectativa é boa, mas sei que há muito trabalho pela frente", diz.
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