VÍDEO: Mais caro no 1º trimestre, açaí pesa no bolso de consumidores e vendedores
Levantamento do Dieese aponta que o produto apresentou um aumento de 73,51% de janeiro a março deste ano
Em Belém, os primeiros meses do ano são sempre marcados pelas fortes chuvas e o aumento do preço de um dos produtos mais consumidos pelos paraenses: o açaí. Os dados da nova pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que, em março de 2024, o preço médio do litro do açaí voltou a ficar mais alto. O levantamento aponta que o produto apresentou um aumento de 73,51% no primeiro trimestre deste ano.
Mas o aumento não tem afetado apenas a rotina alimentar dos paraenses, os produtores e vendedores também sofrem com a alta do preço e com a dificuldade de encontrar a matéria-prima. Lays Sampaio é proprietária de um ponto de açaí localizado na Feira de 25 e revela que, com o valor alto da matéria-prima, muitos colegas de profissão estão de portas fechadas. “Isso atrapalha muito o nosso trabalho. Não temos nem capital para investir no negócio”, diz a empreendedora.
“Nós vamos trabalhando como podemos. Procuramos não aumentar muito, para o cliente não fugir da gente. E tentando sempre manter a qualidade”, pontua.
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O litro do açaí do tipo médio é o mais popular entre os consumidores. O produto, comercializado nos pontos de vendas e supermercados da capital, em janeiro de 2024, podia ser encontrado custando, em média, R$ 21,77. No mês passado, março, uma nova alta de preço foi registrada e o fruto passou a ser comercializado pelo valor médio de R$ 34,39. Em 2023, no mês de março, na pesquisa feito pelo Dieese, o açaí tipo médio custava R$ 25,89.
O açaí do tipo grosso também é o "queridinho" de muitos belenenses e normalmente costuma ser a opção mais cara, mas também teve aumento do começo de ano. Em dezembro, o açaí desse tipo podia ser encontrado por R$ 30, em média. Já em março deste ano, foi comercializado pelo valor médio de R$ 48,76. Enquanto em março de 2023, era possível encontrar por R$ 37,20.
As pesquisas do Dieese mostram que a alta acumulada de 62,37% no preço do litro desse tipo de açaí no primeiro trimestre deste ano. Nos pontos de venda e supermercados, na pesquisa, o produto foi encontrado custando em média R$ 48, o litro.
O açaí médio sempre é o mais procurado, ela afirma, e diz que nesse momento o grosso raramente é procurado. “O açaí do grosso o cliente não sabe nem o que é, porque o valor fica irreal”, diz Lays.
Valores e variações de preço
Açaí médio/Litro
- Mar/24: R$ 34,39
- Fev/24: R$ 26,48
- Jan/24: R$ 21,77
- Dez/23: R$ 19,82
- Mar/23: R$ 25,89
Variação
- Mensal: 29,87%
- Trimestre: 73,51%
- 12 meses: 32,83%
Açaí grosso/Litro
- Mar/24: R$ 48,76
- Fev/24: R$ 40,18
- Jan/24: R$ 32,46
- Dez/23: R$ 30,03
- Mar/23: R$ 37,20
Variação
- Mensal: 21,35%
- Trimestre: 62,37%
- 12 meses: 31,08%
Fonte: Dieese/Pa
Consumidores procuram alternativas para manter o fruto diariamente na mesa
Apaixonada por açaí, Giulliana Costa, de 41 anos, fala que há um bom tempo reduziu o consumo do açaí na alimentação. “A gente tem comprado esporadicamente, uma vez por semana, às vezes a cada dez dias, mas não com a mesma regularidade. Eu comia quase todo dia”, diz a advogada.
“O que eu mais gosto é o médio e é justamente esse que está pesando o meu orçamento”, ela explica.
Na casa da administradora Mirly Lima, de 33 anos, o açaí também é consumido com bastante frequência. Mas, com a alta do preço, ficou difícil manter o fruto na rotina. “Tivemos que diminuir um pouco a frequência, porque está dando, em média, R$ 54 ou R$ 52 com a tapioca. Tá bem pesado”, relatou.
“Agora a gente só consegue tomar duas ou três vezes na semana, no máximo. E às vezes a minha mãe consegue trazer do interior, que fica mais em conta”, finaliza.
Entre as ‘alternativas’ de conseguir manter o consumo diário do açaí, um dos principais meios dos consumidores é a pesquisa de preço. Mirly também diz que, além de reduzir a frequência, procura sempre pelo menor preço. “Vou nos lugares que sei que posso confiar e vou pesquisando o preço, para ver qual o melhor lugar para comprar. Assim dá para fazer um equilíbrio”, explica.
A prática também é rotina para Giulliana, que, além do preço elevado, ela relata a dificuldade de achar pontos de venda abertos: “Vou procurando o melhor preço e os locais mais confiáveis. Dependendo do horário, já não tem mais. Por exemplo, aqui do lado, antes de 13h já tinha acabado o açaí. Lá perto de onde eu moro tem um ponto e, meio-dia, já tinha acabado. Enquanto outro, na mesma rua onde eu moro, simplesmente nem abriu”.
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