Açaí gera a riqueza que impulsiona a economia no Pará
Cadeia do fruto desabrocha em menos de três décadas e, hoje, garante emprego e renda a milhares de famílias no estado
Com mais de 3,1 mil empregos diretos e indiretos gerados somente em 2022, a cadeia de produção de açaí no Pará registra números cada vez mais expressivos de expansão - o que a consolida entre as principais frentes econômicas e de geração de renda entre os paraenses.
Apenas na última década, de acordo com dados da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa), os postos de trabalho formais ligados ao fruto regional cresceram mais de 800%. Nos últimos 20 anos, o número de propriedades produtoras de açaí ultrapassou dos 500%, chegando a 81 mil unidades, em 2017. O açaí cultivado no Pará domina a produção nacional (87%) e o Estado, que já chegou a exportar menos de meia tonelada do fruto, já ultrapassa a marca de 61 mil toneladas anuais, segundo a fundação.
"Hoje em dia a procura é sempre maior que a quantidade que a gente traz”, comemora o vendedor de açaí Edson Pereira, de 47 anos, ao falar sobre o crescimento da busca pelo produto. Natural do Arquipélago do Marajó, Edson é uma das dezenas de trabalhadores que movimentam as madrugadas de trabalho intenso de carga, descarga e comercialização do fruto na Feira do Açaí - um dos maiores pontos de negociação do fruto, que desembarca vindo das redondezas de Belém. Cercada por embarcações, ao lado do imponente e histórico Mercado de Ferro da feira do Ver-o-Peso, a grande 'arena do açaí' da capital paraense tem visto o aumento da demanda pelo fruto, tanto no mercado local de Belém quanto no internacional.
Exportação
Esse ritmo constante de produção e consumo local se reflete em números de longo prazo. Em 1999, o Pará exportou menos de uma tonelada de açaí. Hoje, conforme a Fapespa, o volume já passa das 61 mil toneladas anuais, impulsionado pelo aumento da popularidade do açaí no comércio nacional e internacional.
Segundo levantamento feito pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca do Pará (Sedap), apenas em 2023, o Estado registrou uma receita de exportação de açaí de US$ 27,74 milhões. Somente nos primeiros quatro meses de 2024, o valor destes negócios com o exterior já alcançou US$ 15,84 milhões, marcando um aumento de 85,65% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Emprego e renda
Assim como Edson Pereira, milhares de ribeirinhos, agricultores familiares e trabalhadores informais compõem a extensa cadeia produtiva do açaí no Pará, o estado que hoje domina a produção nacional do fruto.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que, em 2022, 3.143 empregos diretos e indiretos foram gerados pela produção de açaí no estado, dos quais 598 são diretamente ligados à cadeia produtiva do fruto e 2.536 são empregos indiretos. E, com o crescente interesse pelo produto, o Pará registrou um aumento expressivo de 864,5% no número de empregos formais entre 2010 e 2022, aponta a Fapespa.
Ainda segundo pesquisas da Fundação, entre 2021 e 2022, o crescimento foi de 107,6%, com o total de vínculos empregatícios passando de 288 para 598, o que representa um acréscimo de 310 postos formais.
Edilson de Oliveira, 51, é um dos trabalhadores que vivenciam esse crescimento. "Esse é o sustento da minha casa, minha principal fonte de renda", afirma o atravessador. De barco, vindo do município de Igarapé-Miri, Oliveira realiza três viagens por semana transportando açaí. A cada viagem, ele conta que traz entre 800 e 1.000 latas, cerca de 12 toneladas, abastecendo um mercado que tem compradores fixos e compromissos já programados para cada entrega. "Já trazemos tudo certo, com o frete combinado. Todo mundo quer, não sobra nada", diz ele, referindo-se à rapidez com que o açaí é vendido assim que chega à capital paraense.
Demanda local
O crescimento da produção de açaí também está intimamente ligado ao aumento no número de estabelecimentos rurais dedicados ao cultivo do fruto.
Segundo a Fapespa, o número de propriedades produtoras de açaí saltou de 13 mil em 1996 para mais de 81 mil em 2017, um aumento expressivo de mais de 500%. Esse avanço reflete o interesse crescente no açaí como uma fonte sustentável e lucrativa de renda, gerando empregos e estimulando o desenvolvimento das comunidades ribeirinhas.
Para Edilson, o trabalho no açaí é mais que uma tradição familiar: ele é a base econômica de sua vida e de outros que compartilham dessa rotina. "Somos eu e mais três pessoas no barco, e a gente já conhece bem o mercado. A procura pelo açaí só cresce", sorri com os olhos nos bons frutos gerados pela sua atividade que ajuda no crescimento econômico do estado.
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