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Cartão de crédito: ticket médio bate recorde e reflete hábitos de consumo dos paraenses

Pesquisa aponta aumento nos gastos com cartão de crédito e revela diferentes estratégias dos consumidores para equilibrar o orçamento

Gabi Gutierrez e Maycon Marte
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O cartão de crédito continua sendo um dos principais instrumentos financeiros utilizados pelos consumidores brasileiros, mas seu uso exige planejamento e controle. Em um levantamento feito pelo Serasa Experian, o ticket médio das compras no cartão de crédito atingiu seu segundo maior patamar do ano em março de 2024. Enquanto para alguns ele representa segurança e flexibilidade, para outros, pode ser um caminho para o endividamento, especialmente quando os juros do crédito rotativo entram em cena.

Com base no Cadastro Positivo, a pesquisa revelou que o ticket médio das compras no cartão de crédito chegou a R$ 1.416,58, em março do ano passado. O pico foi registrado no mês anterior, em fevereiro, quando alcançou R$ 1.430,61. O estudo também analisou o comportamento de pagamento dos consumidores, considerando fatores como gênero, renda, região e idade. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Fecomércio PA em fevereiro de 2025, reforça essa tendência, apontando que 81,2% das dívidas no estado do Pará são relacionadas ao cartão de crédito, sendo a principal forma de endividamento dos consumidores.

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Com juros altos, é preciso ter sabedoria para usar o crédito. Se o consumidor for organizado, no entanto, a modalidade pode ser uma aliada.

A forma como os consumidores utilizam o cartão varia de acordo com seus hábitos financeiros e necessidades. Maiana Rodrigues, professora, compartilhou sua estratégia para evitar o endividamento. "Eu tento usar o cartão de crédito só quando é necessário. Se posso pagar à vista, opto por isso. Geralmente, deixo para usá-lo no fim do mês, quando os outros recursos já estão comprometidos. Tento manter esse uso para emergências e não utilizo o limite total", explica.

Já Rosiane Almeida optou por um caminho diferente e abandonou o uso do cartão há sete anos. Mãe de um filho autista, ela diz que prefere planejar suas compras e pagar sempre à vista. "O cartão pode ser uma mão na roda, mas tem um custo-benefício complicado. Os juros são altos, e já passei pela situação de emprestar o cartão e ter que arcar com dívidas que não eram minhas", relata. Para se adaptar, Rosiane adotou uma abordagem baseada em planejamento financeiro rigoroso: "Eu calculo antes, guardo o dinheiro e só compro quando já tenho o valor total. Não é fácil, mas dá certo".

Cartão: aliado ou vilão?

O economista Nélio Bordalo Filho, conselheiro do Conselho Regional de Economia dos Estados do Pará e Amapá (CORECON PA/AP), explica que o cartão de crédito pode ser vantajoso para quem tem controle financeiro, mas também pode ser uma armadilha para consumidores desorganizados. "Entre os principais atrativos estão a praticidade, a segurança, a possibilidade de parcelamento sem juros e os programas de benefícios, como cashback e pontos para viagens", pontua.

Para aqueles que sabem utilizar o cartão estrategicamente, ele se torna um aliado no gerenciamento do fluxo de caixa. "Quando o consumidor paga a fatura integralmente e aproveita as vantagens, o cartão pode ser mais econômico do que outras formas de pagamento. No entanto, o uso descontrolado, principalmente o rotativo, pode resultar em dívidas impagáveis devido às altas taxas de juros", alerta o economista.

Os perigos do endividamento

O Brasil tem um histórico preocupante de endividamento por cartão de crédito. As taxas de juros dessa modalidade são algumas das mais altas do mercado, tornando o crédito rotativo um grande risco para consumidores sem planejamento. "A facilidade de acesso ao crédito faz com que muitos brasileiros gastem além do que podem pagar. O impacto disso no score de crédito é negativo, reduzindo as chances de obter financiamentos futuros", explica Bordalo Filho.

A PEIC também apontou que 69,3% dos consumidores do Pará estavam endividados em fevereiro de 2025, um leve recuo em relação a janeiro (69,4%), mas ainda um patamar alto. Desses, 20,6% possuem contas em atraso, e 6,2% declararam que não terão condição de pagar suas dívidas. O tempo médio de comprometimento com dívidas é de 6,7 meses, evidenciando um orçamento apertado para muitas famílias.

Para evitar esse cenário, especialistas recomendam a adoção de práticas como limitar o uso do cartão apenas a gastos planejados, evitar compras parceladas desnecessárias e pagar a fatura integralmente. "O ideal é utilizar o cartão como ferramenta de gestão financeira, e não como um complemento de renda", reforça o economista.

Perspectivas e tendências

Com o aumento do ticket médio registrado pela Serasa Experian, o comportamento dos consumidores indica um crescimento no uso do cartão de crédito, seja por necessidade ou pela confiança na economia. No entanto, essa tendência também pode sinalizar que muitas pessoas estão recorrendo ao cartão como forma de suprir dificuldades financeiras.

Para evitar problemas, a educação financeira torna-se essencial. "Não se trata de demonizar o cartão de crédito, mas de ensinar o consumidor a utilizá-lo com responsabilidade. Pequenas mudanças de hábito podem fazer uma grande diferença", conclui Bordalo Filho.

 

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