Carro por assinatura: nova modalidade é opção para driblar financiamento e preços altos em Belém

A alternativa pode ser um alívio frente aos altos valores dos veículos e os impostos pagos. Porém, especialista aconselha a colocar prós e contras na ponta do lápis

Camila Azevedo

Os carros por assinatura já são uma realidade dentro do contexto paraense. A nova modalidade está sendo oferecida por algumas concessionárias de Belém, que enxergam grandes oportunidades de negócios e uma opção a mais aos clientes. Dados consolidados pela consultoria automotiva Jato Dynamics mostram que o preço médio de um veículo no Brasil está em R$ 129.262,92, fator determinante e que pode aumentar as dificuldades de acesso aos automóveis para cerca de 40% de brasileiros que estão com o nome negativado e sem condições de realizar um financiamento.

A assinatura consiste em um pagamento fixo por mês e funciona à base de contrato. Um dos benefícios mais atrativos são as isenções que a modalidade oferece, como para o IPVA, seguro e possíveis manutenções. O cliente pode escolher a quantidade de meses que deseja o veículo, variando entre 12, 24 e 36. Os preços, então, vão de R$ 1.000 a R$ 1.500, dependendo do tipo de serviço que foi contratado e, além disso, o consumidor pode optar pela quantidade de quilometragem necessária. As opções também seguem uma variável, de 1.000 km a 3.000 km. No caso de excedente, haverá uma taxa a mais a ser paga.

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Condições

Emerson Rodrigues, gerente geral de uma concessionária localizada na avenida Duque de Caxias que oferece a assinatura, explica que o serviço de mobilidade ainda é tímido, mas com cada vez mais potencial. “A procura pelo carro de assinatura está cada vez maior, é um mercado que está crescendo e a gente está conseguindo atender essa demanda aqui, onde a gente já tem carros a pronta entrega, com clientes assinando e pedidos na fábrica para outros clientes que já solicitaram também. Eles ainda estão migrando de um financiamento ou compra a vista para a assinatura”, afirma.

A modalidade de contratação é de escolha do consumidor. Na concessionária gerida por Emerson, os clientes passam por uma análise financeira e precisam de um cartão de crédito para concluir o negócio. “É igual quando ele vem fazer uma compra de veículo novo ou seminovo: tem que informar os dados, se tem documento bancário, extrato de contracheque de trabalho, comprovante de residência. A partir disso, é feita a análise da parte financeira. Eles já estão habituados. O pagamento é no cartão de crédito de forma recorrente”, detalha.

Consumidor ainda vê dificuldade com os preços

João Carlos Farias, analista de sistemas de 35 anos, ficou sabendo da assinatura por meio de redes sociais e achou a proposta interessante. A partir disso, começou a pesquisar os preços e as condições, porém, o orçamento mensal ainda não é compatível. “Tenho interesse em assinar pelo fato da comodidade, a gente sempre ter um veículo novo, bem conservado e com manutenção em dia, só para se preocupar em abastecer e pagar a mensalidade. Ainda não fiz porque o valor ainda não se enquadra, os valores são um pouco altos, mas se comparado a ter um carro, é bem viável”, considera.

Sem carro próprio desde 2015, após ter o veículo roubado, a opção passa a ser alinhar as contas para conseguir contornar a situação. “Eu acho que vale a pena pelo ponto de vista de você comprar um carro, que é um bem e desvaloriza com o tempo, e não conseguir reaver o dinheiro que gastou, novo ou usado, a tendência é perder o valor. Você tem mais custos com seguro, documentação e, ainda que seja quitado, tem todos esses gastos. Se tiver financiamento, tem tudo isso mais as parcelas. Na assinatura, não, você paga uma mensalidade à empresa que fornece e pronto”, finaliza.

Prós e contras

A economista Guaraciaba Sarmento explica que os benefícios da modalidade são grandes e envolvem a isenção de certos pagamentos que deixam o orçamento final mais tranquilo. “Primeiro, a gente tem que levar em consideração todos os custo que são envolvidos na aquisição de um carro: impostos, você fica livre deles, como IPTU e IPVA, fica livre daquela preocupação de recursos voltados para o seguro do carro. Quando você faz assinatura, todos estes custos já estão envolvidos naquele valor mensal. Além do que, você não vai estar se comprometendo financeiramente, em uma relação de crédito", pontua.

Entretanto, a lista que engloba os pontos negativos do formato também merece atenção. Guaraciaba destaca que o máximo cuidado com o veículo deve ser adotado. “No final da assinatura, o veículo não é seu, você tem que devolver. Para algumas pessoas, isso pode ser visto como uma desvantagem. Lembrando que existem algumas modalidades e empresas que, quando você vai fazer assinatura você tem que ter um valor de entrada, é parecido com um financiamento, e tem que ter também um cartão de crédito equivalente a sua assinatura no período. Tem que estar atento para essas questões burocráticas no ato”, diz.

Outro ponto importante ressaltado pela economista é que, quanto mais caro o veículo, maior será o valor pago. Por isso, a orientação é analisar bem os custos para decidir a melhor opção. “É óbvio que, pelo financiamento e pela própria alta dos veículos, você acaba pagando muito mais. Porém, outra coisa que você tem que avaliar é que no final ele vai ser seu, então de repente, embora ele perca ali 100% do valor de revenda, ele é seu, você pode trocar ou vender. Então, essa tomada de decisão ela tá muito ligada a todos esses cálculos envolvidos, é sentar na mesa e ver o que é melhor”, completa Guaraciaba.

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