Ambulantes aprendem a conviver com as chuvas em Belém para manter faturamento
Falta de cobertura prejudica menos que a falta de um local estratégico de venda, diz feirante

As chuvas em Belém seguem um fluxo contínuo durante o inverno amazônico, que se mantém até o início do mês de maio, segundo o meteorologista José Raimundo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Acostumados com o ritmo das chuvas, ambulantes e feirantes da capital paraense se reinventam para manter as vendas apesar do clima imprevisível. Feirante há mais de trinta anos no Ver-o-Peso, Pedro Ferreira destaca o impacto sobre as mercadorias e a falta de um posicionamento estratégico das barracas.
Uma parcela dos feirantes fica agrupada em uma parte coberta da feira, que, segundo Ferreira, resulta em prejuízos nas vendas. Isso porque os clientes consomem mais os produtos vendidos na calçada, onde não há cobertura, ou seja, os que vendem na beira da rua acabam faturando mais. A sua estratégia foi se adaptar à chuva, que ele já não avalia como prejudicial.
“A proteção é pouca, mas por um lado vale a pena, porque tu te molha, mas leva um dinheiro para casa. É pior ficar em um lugar que tem uma proteção de chuva e não levar nada, aí quando chega no final do dia está devendo aos fornecedores”, afirma.
O feirante possui uma barraca dentro da feira, mas abriu mão da venda no espaço interno devido ao fluxo pequeno de consumidores nessa parte. Agora, no meio da rua, ele se acostumou ao momento em que a chuva chega. Uma lona fica de prontidão no seu carro de mão para cobrir as principais frutas, até a chuva passar, mas, em algumas situações, a água te ajuda. “O milho já é uma coisa que ele revive com a água, porque é benéfico para ele e no outro dia ele já amanhece mais bonito ainda, igual à maçã, ao mamão e à banana-verde também”, explica.
Diferente do feirante, o ambulante Edmilson dos Reis há mais de quarenta anos explica que frequentemente perde mercadorias devido à falta de cobertura. Ele vende aparelhos eletrônicos diversos, o que aumenta a sensibilidade da sua mercadoria à chuva. “Já queimei caixa eletrônica, cai água em cima e molha”, lamenta.
Além de ambos venderem na beira da rua, em busca de um fluxo maior de pedestres, outra semelhança são as estratégias desenvolvidas para a hora da chuva. As lonas de plástico também são aliadas do ambulante nesses momentos e o ajudam a preservar boa parte dos produtos, mesmo que não o livre completamente dos impactos da água.
“Para não molhar a gente, tem que ser rápido, nós já estamos com o tempo daqui. A gente olha que vai chover, joga as lonas e se vira para não molhar, aí a gente sabe até quando está mudando o tempo”, explica Reis.
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Previsão
Segundo o meteorologista José Raimundo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o fluxo elevado de chuvas segue neste mês de abril com um total pluviométrico de 465,5 milímetros. Em relação ao mês anterior, o índice pluviométrico já registrou uma redução, o que indica o fim do período chuvoso, que, segundo o meteorologista, deve ocorrer no início de maio. “No mês de maio já vai diminuir bem as chuvas aqui na região”, pontua.
“A tendência é que tenhamos o mês de abril ainda com chuvas de forte intensidade e às vezes chuvas prolongadas que devem ocorrer nos próximos dias ainda desta semana, a partir de quinta e sexta-feira. Mas, pelo menos pela manhã, a previsão é que tenhamos sol entre nuvens e, no período da tarde, evolua para nublado e encoberto com chuvas a qualquer hora da tarde para a noite”, explica.
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