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Alta no preço do diesel pode elevar em até 15% preços dos produtos no Pará; alimentos são afetados

Hortaliças e frutas devem ser os itens mais impactados e os reajustes já foram repassados, segundo representante da categoria

Elisa Vaz
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Com a alta de pouco mais de 6% no preço do diesel, autorizada pela Petrobras e em vigor desde o início de fevereiro em todo o país, o mercado paraense deve sofrer um “efeito dominó”. Ainda não há um levantamento com o impacto real que os reajustes devem causar nos preços ao consumidor, mas o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA), Everson Costa, estima que o peso deve ficar entre 10% e 15%, e o presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), Jorge Portugal, adianta que “indubitavelmente, vai ter aumento nos preços”.

Isso porque o reajuste no combustível eleva os custos com fretes e, consequentemente, encarece os preços de produtos que são importados pelo Estado, como alimentos - porém, só será possível mensurar com mais precisão ao longo de fevereiro. Na semana passada, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) atualizou os valores dos pisos mínimos de frete do transporte rodoviário de cargas, chegando a cerca de 3%, dependendo da tabela.

“A Lei nº 13.703/2018, alterada pela Lei nº 14.445/2022, determina que a tabela seja reajustada sempre que ocorrer oscilação no valor do combustível superior a 5%, seja para baixo ou para cima, chamada de ‘gatilho’. Segundo levantamento da ANP [Agência Nacional de Petróleo], entre 02/02/2025 e 08/02/2025, o preço médio do Diesel S10 ao consumidor ficou em R$ 6,44 por litro, o que resultou em um percentual de variação acumulado de 5,57% desde quando ocorreu o último reajuste na tabela frete”, disse a entidade.

Supermercados

De acordo com Jorge Portugal, da Aspas, essa alta já começou a ser repassada para os consumidores; afinal, o abastecimento de produtos ocorre diariamente, portanto, o que chegou no Estado após a elevação dos custos do diesel e dos fretes já teve o valor reajustado.

“Em sua maioria, o Pará recebe suas mercadorias por meio do modal rodoviário. Quase tudo vem do abastecimento por rodovias e, com isso, os preços vão aumentar por causa do frete, que é uma composição para o custo da mercadoria. É um incremento que tem que aumentar, nós somos os repassadores, é o consumidor que acaba pagando. E não dá para dizer que aumentou 5%, então os alimentos vão subir 5%, porque existem outros componentes que influenciam”, afirma.

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O Grupo Liberal questionou o percentual exato que foi observado no setor paraense desde que a alta passou a valer, porém, o presidente da associação explicou que não existe um valor único, já que os custos dependem do local de onde a mercadoria saiu, podendo ser, por exemplo, um estado do Nordeste ou Sudeste.

Quanto à rapidez, Jorge ressalta que o reajuste é imediato. “Recebemos mercadorias todos os dias. No momento em que aumentou o diesel, aumentou o frete, e todo dia recebemos mercadorias, somos um estado importador, compramos muitos produtos, então o preço já está sendo repassado, não tem como. Não são todos os produtos, mas a maioria chega mais caro”, relata.

O primeiro grupo impactado é o de hortifrutigranjeira - que inclui hortaliças como cebola, alho, couve, cenoura e alface e frutas como uva, manga, maçã, laranja e banana. Nesse caso, são feitos de dois a três abastecimentos por semana. Em outras situações, os reajustes só são sentidos um mês depois, porque a frequência de abastecimento é menor. Portugal lembra, no entanto, que não é apenas o diesel que causa impacto, e sim a sazonalidade de cada produto e também as ocorrências climáticas, como muitas chuvas ou secas.

Preço do diesel

Um estudo do Dieese-PA, com base em dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), aponta que, na semana passada, entre os dias 2 e 8 de fevereiro, o Pará registrou o quinto maior valor médio de comercialização do litro do diesel nos postos de combustíveis do Brasil. Em média, o litro do produto foi comercializado no Estado ao custo de R$ 6,75, com os preços oscilando entre R$ 5,91 a R$ 7,55, dependendo da localidade, ou seja, uma diferença que chegava a quase 30%.

Ainda segundo a análise, no mesmo período, entre os 30 municípios brasileiros que comercializam o litro do diesel mais caro nos postos de combustíveis, quatro eram cidades paraenses. O destaque ficou com Altamira, que teve, em média, o 4º valor mais caro por litro do produto comercializado em municípios do Brasil, de R$ 7,43. Em seguida, aparecem Alenquer, na 7ª posição (R$ 7,29); Santarém, no 15º lugar (R$ 7,08); e Parauapebas, na 26ª posição (R$ 6,89).

Com os preços mais elevados, a categoria do setor rodoviário defende um ajuste ainda maior nos custos com frete. O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros no Estado do Pará (Sindicam), Eurico Tadeu, diz que o repasse já ocorreu, porém, o que foi anunciado pela ANTT está muito aquém do que a categoria pede, em vista do percentual de alta no combustível.

“Isso tem impactado muito a viabilidade do transporte de carga, muitas vezes é caro e tem que passar para o consumidor final. Tem que ter um mecanismo para que o frete não fique abaixo do piso mínimo, que não considera o imposto, é só o combustível e a despesa do veículo. Ainda ficou muito aquém. Os caminhoneiros não sabem mais o que fazer, as indústrias não estão pagando o que é justo e por isso o setor de carga caiu 70%, tem poucos carregando no setor. Isso também influencia no preço da mercadoria”, argumenta.

Everson Costa, supervisor do Dieese-PA, adianta ainda que o cenário atual pode trazer alguns rebatimentos na economia. “A alimentação já vem cara, e é um efeito dominó, porque produtos e serviços tendem a ficar muito mais caros. O frango, que a gente divulgou, já tem um efeito disso. Na prática, essa distribuição logística no Estado é muito cara, o Pará é grande e tem um inverno amazônico e uma dependência gigantesca lá de fora”, ressalta o profissional, que representa o órgão de pesquisa. Acompanhar os reflexos nos preços e possíveis medidas para mitigar os impactos será essencial para entender as consequências na economia local.

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