Alimentos da ceia de Natal ficam mais caros; supermercados devem vender menos este ano
Alguns produtos alcançam reajustes de mais de 30%, como o filé mignon
A pouco mais de um mês para o Natal, celebrado em 25 de dezembro, o setor supermercadista não tem expectativas positivas até a data. Segundo o presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), Jorge Portugal, é esperado que as vendas caiam cerca de 4,5% este ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Isso porque a maioria dos alimentos que compõem a cesta natalina está mais cara e é possível que as famílias comprem com mais cautela.
De acordo com um levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a variação média da cesta de produtos de Natal foi de 5,91%, com o valor total passando de R$ 309,86 na segunda quadrissemana de dezembro do ano passado para R$ 328,17 em outubro deste ano. O item que mais puxou o reajuste foi o filé mignon, que teve aumento de preço de 35,17%. Em seguida, aparecem o panetone (25,96%), morango (25,35%), azeitona verde com caroço (21,91%), farofa (13,45%), caixa de bombom (12,83%), bacalhau (12,34%), picanha (10,87%), queijo ralado (9,04%), palmito inteiro (7,58%), peru (7,27%) e o chester (7,27%). Já as quedas ficaram por conta do pernil com osso (-9,75%), suco de laranja (-4,58%), vinho tinto (-4,29%) e lombo de porco com osso (-0,53%).
“Não resta dúvida de que tudo ficou mais caro. No caso da cesta de Natal, grande parte das ceias é composta por produtos importados, e com o aumento do câmbio não tinha como ser diferente. É a moeda americana que determina esses valores. Os principais, entre os importados que ficaram mais caros, são o azeite e as frutas, como as uvas passas, mas todos eles tiveram”, afirma Jorge Portugal. Outro produto que está mais caro nos supermercados paraenses é o panetone, segundo ele, mas este reajuste foi por conta do aumento nos preços do trigo, também resultado da alta do dólar. “Não foi somente o panetone, estou falando dele por conta do Natal, mas inclui o pão francês e tudo que é derivado do trigo”.
A pesquisa ainda diz que a tendência é de que esses itens continuem em alta, porque produtos como pernil, lombo e chester têm oscilações fortes nos meses de novembro e dezembro. Na avaliação do presidente da Aspas, tudo vai depender do câmbio até o final do ano, mas ele acredita que os preços não subirão muito. “Os produtos importados já aumentaram, quem importou produto já repassou aos consumidores”, opina.
Mesmo com esse comportamento de mercado, Jorge acha que os paraenses não vão deixar de fazer a ceia de Natal em família, por ser um momento especial e tradicional. Porém, eles devem fazer as chamadas substituições, optando por produtos de menos qualidade e mais baratos.
O gerente de um supermercado em Belém, Fábio Souza, tem uma perspectiva um pouco pior: a queda de vendas dos produtos natalinos deve ficar entre 5% e 10%, na comparação com 2020. O motivo para essa previsão é o custo elevado na maioria dos produtos, em todas as redes de supermercados. “As pessoas estão observando isso e estão pesquisando mais, substituindo itens e improvisando”, avalia.
Dentro da loja, também foram os produtos importados que ficaram mais caros, como as nozes, os vinhos, a castanha portuguesa e o champanhe. Mesmo os nacionais, que substituem esses que sofreram os maiores reajustes, também tiveram elevação de preços. “Acho que a ceia de Natal deste ano será mais carente. O próprio Dieese [Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos] falou que já estamos no nono mês consecutivo de alta, então vai ser sentido. As pessoas não vão deixar de comprar, mas terão mais cautela”.
A técnica de laboratório Lia Sogabe, de 64 anos, estava fazendo compras para sua casa neste mesmo supermercado, mas ainda não comprou os itens da ceia de Natal. Porém, já está na fase da pesquisa e notou que o azeite e as nozes ficaram mais caros de alguns meses para cá. “Geralmente faço o básico: peru, bacalhau, salada e alguma outra coisa. Mesmo com as altas, não vou deixar de comprar, porque é uma data especial, vou passar com meus filhos, netos e mais familiares”, conta.
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