Longa paraense ‘Eu, Nirvana’ conquista prêmio de Melhor Atriz em Portugal
Produção amazônica explora realismo fantástico, aborda temas como sonhos e insônia em uma narrativa que se passa em uma Amazônia urbana
O longa-metragem paraense ‘Eu, Nirvana’, dirigido e escrito por Roger Elarrat, recebeu o prêmio de Melhor Atriz para Carolina Oliveira no X Festival Internacional O Cubo de Cinema em Língua Portuguesa, realizado entre os dias 14 e 17 de novembro, em Portugal. A premiação aconteceu no último dia do evento, promovido pelo canal O Cubo, uma plataforma digital dedicada à divulgação do audiovisual independente.
‘Eu, Nirvana’ é o primeiro longa-metragem de Elarrat, produzido com recursos do edital Longa BO do Ministério da Cultura em 2016, mas lançado oficialmente este ano no Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre. Para Roger, a premiação significa um reconhecimento para o cinema amazônico e para E o projeto.
"É de grande importância porque estamos levando um filme amazônico fora do senso comum ao público, e o prêmio é um reconhecimento de que há interesse e valorização de ideias novas. Meu primeiro longa já ter um prêmio de melhor atriz já mostra que estamos construindo uma trajetória sólida no cinema, com uma atriz já muito premiada em outros projetos e que aqui também está participando de um projeto diferenciado", afirmou o diretor e roteirista em entrevista ao Grupo Liberal.
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O longa, que explora o gênero do realismo fantástico, aborda temas como sonhos e insônia em uma narrativa que se passa em uma Amazônia urbana. Segundo Elarrat, essa escolha foi pensada para trazer um olhar único sobre o imaginário amazônico.
"Minha ideia era abordar através de sonhos e insônia. Assim, eu poderia fazer uma narrativa onírica em uma Amazônia urbana, protagonizada por uma personagem ribeirinha na cidade", explicou. A fotografia do longa é assinada por Martin Moody, e o elenco inclui nomes como Manuela do Monte, Joyce Cursino e Bicudo Júnior.
No filme, Carolina Oliveira interpreta Nirvana, uma jovem amazônida que desperta de um longo coma, um ano após um acidente de barco. Internada em um hospital no centro de Belém, ela enfrenta episódios de insônia severa que a levam a vivenciar lugares que não existem e a interagir com pessoas que podem não ser reais. Sem conseguir dormir, ela permanece sem alta médica e, enquanto busca uma saída desse labirinto, enfrenta os limites entre a realidade e suas alucinações.
Roger destacou a entrega da atriz, sendo fundamental para o sucesso do filme. "Fiquei emocionado, porque ela merece esse reconhecimento. Foi um trabalho muito dedicado; meu roteiro exigia muito da personagem principal, e a Carol estava muito comprometida com o processo", disse o diretor.
Elarrat destacou também a preparação da atriz, que começou um mês antes das filmagens, em Belém, sob orientação do preparador Cláudio Barros. "Até reuniões com a continuista a Carol fez para estar bem afinada com a jornada da personagem. Foi uma dedicação intensa do início ao fim. E o resultado está sendo reconhecido agora", comentou.
O ator e preparador de elenco Claudio Barros foi um dos responsáveis pela preparação intensa dos atores no filme. Durante os ensaios, os atores, incluindo a protagonista Carolina Oliveira, realizavam exercícios e tarefas para reforçar a construção de seus personagens.
"Atrizes e atores treinavam na sala de ensaio e ainda levavam tarefas para casa. Criamos um procedimento técnico para transitar, com segurança e sem sofrimentos, pelos inúmeros estados físicos e emocionais que os personagens exigiam, principalmente a personagem da Carolina, que vivia uma variação enorme de presenças", comentou Barros.
O preparador de elenco também compartilhou o processo único que desenvolveu para o filme. "Criamos um procedimento específico para o filme. Nunca tinha utilizado este caminho e, também, nunca mais voltei a utilizá-lo. Foi inventado por mim para o projeto do Roger", explicou.
O método focava nos fluxos respiratórios e na contenção e liberação da energia corporal. Para Barros, "cada articulação do corpo tinha seu momento exato de liberação ou contenção de energia", e esse controle era essencial para dar vida aos personagens.
"Depois que estava tudo definido, mapeamos o procedimento para não se perder no set de filmagem", completou Barros.
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