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'Edna: 50 anos de Iracema': documentário inédito fala sobre história de atriz do cinema brasileiro

O longa-metragem será exibido nas telas do Cine Líbero em outubro

Amanda Martins
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Edna dos Santos Cereja, dona de casa e costureira, de 65 anos, é a figura central do documentário Edna: 50 anos de Iracema”, dirigido por Alessandro Campos, fotografia de San Marcelo e roteiro de Janaína Alves, que está sendo finalizado e em breve vai fazer parte das celebrações que acontecerão durante o VI Festival Internacional do Filme Etnográfico, no Cine Líbero Luxardo, em Belém, que ocorrerá entre 17  a 20 de outubro.

image Ismaelino Pinto recebe atriz Edna de Cássia e conversa sobre curiosidades inéditas de ‘Iracema’
A entrevistada é uma paraense que “saiu” de uma vida comum para se tornar a detentora do Troféu Candango em 80

No documentário, que tem produção do Pupunha Produções e Sapucaia Filmes, destacou os cinquenta anos do filme “Iracema - Uma Transa Amazônica”, lançado em 1974 pelas mãos Jorge Bodanzky e Orlando Sena, em que Edna atuou aos 15 anos. Além de falar sobre a sua  trajetória, Edna também contou como se sentiu ao tornar-se, sem nem ao menos desejar, uma personagem tão importante para o cinema brasileiro, ganhando repentinamente fama e recebendo o troféu Candango na categoria de melhor atriz, durante o Festival do Cinema Brasileiro de Brasília em 80.

“Eu vivi esses anos no anonimato até que o Alessandro me descobriu novamente. Aí então eu embarquei nesse projeto”, contou Edna em entrevista ao Grupo Liberal.

Mesmo diante da expectativa para o lançamento do documentário, Edna adianta: “Eu não quero fama, eu não quero nada. O que desejo é apenas contar a minha história, ainda prefiro o anonimato”.

image Edna Cereja ao lado do diretor Alessandro Campos e da roteirista Janaína Alves (Carmem Helena / O Liberal)

Ela reflete sobre como o nome do próprio filme é muitas vezes interpretado de forma errônea pela população. "As pessoas pensam logo em segundo plano. Eles nem imaginam que esse filme tem uma história que rende 50 anos, que está tão viva nos dias de hoje”, afirmou a dona de casa.

Segundo Edna, o motivo para o filme se manter relevante são as discussões sobre desmatamento, prostituição infantil e grilagem de terra. “Quem envelheceu foi eu, e não, o filme ‘Iracema’, porque ele simplesmente antecipou o futuro”, acrescentou.

PROTAGONISMO

A roteirista do documentário, Janaína Alves, destacou que o projeto sempre teve como objetivo contar a história de Edna de forma fiel à sua realidade. “Desde o início a gente pensou nesse roteiro a partir da própria Edna. A gente sempre quis que ela fosse a dona da própria história, assim como ela é na vida real”, disse.

Segundo Janaína, a intenção era mostrar as várias facetas de Edna, desde sua atuação até seu papel como mãe e costureira, representando tantas outras mulheres paraenses.

“Participar das filmagens foi engrandecedor porque podemos conhecer a Edna, a vida dela, que é uma mulher muito alegre, de muitas histórias e histórias que precisam ser ouvidas. Além disso, ganhei uma amiga com quem tenho uma afeição muito grande”, acrescentou a roteirista.  

‘É UMA HISTÓRIA QUE MERECE SER CONTADA’, DIZ DIRETOR

O diretor Alessandro Campos explica que a ideia do documentário surgiu ao perceber a lacuna de 50 anos desde a atuação de Edna em "Iracema". “Depois que a Edna fez o filme, ela fez algumas atuações em peças, mas depois meio que se auto enclausurou. Ela seguiu sua vida, formou-se professora e criou sua família”, relembrou.

A produção, então, foi em  busca explorar não só o impacto de "Iracema" na vida de Edna, mas também como ela vive atualmente e como as memórias do filme permaneceram com ela ao longo dos anos.

O filme andou por si só, basicamente. Sabíamos o que queríamos durante as filmagens, tínhamos o caminho a percorrer e foi de forma tão natural e cheia de afeto, do jeito que acredito que um filme documentário deve ser feito: com as pessoas e não sobre as pessoas", explicou.

Ele destacou a participação ativa de Edna em todas as cenas. "Realizado com preocupação de deixar Edna sempre à vontade para falar o que ela queria dizer, e não o que nós queríamos ouvir. O filme é dela, em cada cena tem sua participação direta e, muitas vezes, ela 'dirigiu' a cena comigo. Edna é fantástica”, elogiou.

Sobre a homenagem às cinco décadas do filme “Iracema - Uma Transa Amazônica”, Campos enfatizou a relevância do longa, mesmo após 50 anos. "É imprescindível homenagear as cinco décadas deste filme clássico e, apesar desse tempo, ainda é atual e necessária sua exibição e discussão”, acrescentou.

Campos expressou grande expectativa para a estreia do documentário no VI Festival Internacional do Filme Etnográfico em Belém, que será dedicado ao longa original. "Esperamos uma grande festa cheia de emoção e alegria, com a presença de seus familiares, da nossa equipe e de Jorge Bodanzky. Confesso que estou muito ansioso para esse dia”, afirmou. A atriz Dira Paes também poderá prestigiar o festival.

As filmagens aconteceram em locais especiais e cheios de significado para Edna e para o filme “Iracema”. Entre eles, o Restaurante Iacitatá, as barracas do Ver-o-Peso, a casa de Edna, e a Ilha do Combu durante o Círio de Nazaré. “São locações onde as memórias das duas se fundem e se cruzam... o tempo permanece quase que o mesmo, nele Iracema se encontra com Edna, e a magia acontece, o filme nasce”, completou o diretor.

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