Jovens influenciadores paraenses usam as redes sociais para valorizar a cultura amazônica

Os conteúdos produzidos por essa nova geração têm se tornando referência no turismo, conscientização sobre causas da Amazônia e/ou indígenas e promoção, através do humor, do que é ser nortista

Amanda Martins
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Neste domingo (29/03),  o mundo celebra o Dia Mundial da Juventude, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para destacar o papel dos jovens na sociedade. No Pará, uma nova geração de influenciadores mostra que ser jovem vai muito além das redes sociais: é carregar no peito o orgulho da cultura nortista e transformar a internet em uma ferramenta de valorização das raízes amazônicas.

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Com vídeos que misturam humor, experiências do dia a dia, informações culturais e dicas gastronômicas, esses criadores de conteúdo vêm conquistando seguidores dentro e fora do Estado. Mais do que acompanhar tendências, eles utilizam as plataformas digitais para promover a identidade paraense, impulsionar o turismo local e levar a cultura amazônica a um público cada vez maior.

image Caio Tavares (Igor Mota / O Liberal)

Para Caio Tavares, de 26 anos, publicitário e influenciador digital conhecido como “Tacacaio”, criar conteúdo em Belém é uma forma de apresentar a cidade sob um novo olhar. “Nosso objetivo é mostrar ao Brasil o que há de melhor aqui. Com um toque de humor e referências que falam diretamente com os jovens, conseguimos criar um vínculo e despertar o interesse pela cultura paraense”, explica.

Seu nome artístico surgiu em 2018 como um reflexo da forte conexão com a identidade local. “Sempre fui apaixonado por Belém e pela nossa cultura. A internet tem um poder gigantesco, e é incrível pensar que, através dela, consigo valorizar e dar visibilidade ao que é nosso”, afirma.

Nos vídeos que compartilha nas redes sociais, Caio destaca passeios e restaurantes na cidade, mostrando tanto pontos turísticos tradicionais quanto lugares menos explorados. “Gosto de levar meus amigos para conhecer a Ilha do Combu e Cotijuba, que são destinos incríveis e cheios de belezas naturais. Além disso, nossa culinária é um cartão de visitas para quem chega na capital, e faço questão de destacar isso no meu conteúdo”, ressalta.

CONEXÃO COM OS SEGUIDORES

image Natália Leão (Igor Mota / O Liberal)

A criadora de conteúdo Natália Leão, de 28, que também é estudante de Direito, utiliza suas redes para valorizar a cultura e o turismo paraense. Sua trajetória como influenciadora ganhou força há dois anos, quando um vídeo sobre sua experiência em Cotijuba viralizou.

“Comecei a ganhar mais de dois mil seguidores por dia e recebi muitas mensagens pedindo dicas de hospedagem e de outros lugares para visitar. Foi então que percebi o grande potencial do turismo regional nas redes sociais”, conta.

Atualmente, Natália mantém quadros voltados para a gastronomia e o turismo no Pará, além de conteúdos que ajudam seus seguidores a economizar ao explorar a capital paraense. Ela também faz questão de trazer um olhar histórico para seus vídeos, resgatando fatos sobre pontos turísticos e casarões antigos da cidade.

“Nós [influenciadores] nos comunicamos de uma forma acessível e próxima da nova geração. Isso faz com que mais jovens se interessem pela nossa cultura e sintam orgulho das raízes amazônicas. Essa conexão com o público é o que fortalece ainda mais a identidade paraense nas redes sociais”, afirma.

HUMOR

image Carlos Almeida, o Paraense (Igor Mota / O Liberal)

Com uma linguagem popular, Carlos Almeida, de 31, conhecido como “O Paraense”, segue ampliando sua presença digital, destacando os costumes paraenses de forma autêntica. Em seus vídeos, ele brinca com temas como o preço do açaí, músicas que chegam ao Pará e se transformam em tecnomelody, além de criar conteúdos criativos, como um brega para cada signo.

Carlos iniciou sua trajetória nas redes sociais durante a pandemia, quando, em meio a notícias tristes diárias, decidiu levar alegria para as pessoas, unindo sua paixão pela cultura paraense a um conteúdo leve. “Temos costumes, culinária e ritmos que nos diferenciam. Mostrar tudo isso nos vídeos é uma forma divertida de valorizar nossa identidade”, afirma.

CRIANDO REFERÊNCIAS NA AMAZÔNIA

image José Kaeté (Airê Queiroz)

O comunicador José Kaeté, de 31, encontrou na internet uma forma de levar a cultura amazônica para além das fronteiras da região. Formado em engenharia de produção, decidiu seguir um caminho diferente do tradicional e, em 2016, passou a produzir conteúdo digital. O desejo de viajar e trabalhar com criatividade o levou a criar o canal "Zé na Rede" no YouTube, migrando posteriormente para o Instagram, que se tornou sua principal plataforma.

Segundo ele, a sua produção de conteúdo se baseia no equilíbrio entre informação e entretenimento. Para ele, é essencial que os vídeos sejam educativos sem parecerem uma sala de aula. “Se for só entretenimento, a informação pode se perder. Se for só informação, pode afastar o público. Então, mesclo esses elementos com pitadas de humor e até um pouco de deboche para engajar as pessoas”, explica. O comunicador também utiliza temas em alta, como memes, eventos culturais e notícias do momento, para conectar pautas amazônicas e ambientais a assuntos do dia-a-dia.

Um dos principais retornos do trabalho de Kaeté é o impacto que gera na autoestima de jovens amazônidas e indígenas que se enxergam em espaços antes pouco ocupados. “Saber que outras pessoas se inspiram no meu trabalho e se sentem representadas é uma grande realização”, destaca.

Para o futuro, Kaeté planeja expandir ainda mais seu alcance na internet e sonha em ter um programa de TV dedicado à cultura amazônica. Além disso, pretende ampliar as ações do Instituto Regatão, do qual faz parte, e cursar uma pós-graduação em outro país da América Latina. “Quero levar a Amazônia para mais pessoas e continuar fortalecendo nossa identidade e história”, conclui.

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