Filme 'Praça Amazonas', de Ramiro Quaresma, representa o norte em festival de cinema no Rio; veja
A produção paraense conta a história e as memórias do diretor relacionadas com a vinda de seus avós de Abaetetuba para a capital do Pará

Dirigido pelo documentarista e pesquisador paraense Ramiro Quaresma, o curta-metragem “Praça Amazonas” é o único representante da região Norte na Mostra Competitiva Nacional do 34º Curta Cinema — Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro. O evento ocorre de 23 a 30 de abril e integra o calendário cultural da cidade há 34 anos.
Com narrativa íntima e poética, o filme conecta as memórias do diretor às origens de seus avós em Abaetetuba, no Pará. Única produção norte brasileira na mostra, a obra parte de um engenho de cachaça no interior do estado até uma casa na Praça Amazonas, em Belém. Doutor em cinema e mestre em artes, Ramiro tem raízes às margens do Rio Maratauira, afluente do Rio Tocantins, que banha Abaetetuba.
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Memória e ruínas como metáfora
Ramiro combina imagens inéditas e arquivos para construir uma narrativa sobre memória e esquecimento, usando as ruínas da Praça Amazonas como metáfora do tempo. As transformações urbanas são filtradas pela nostalgia do passado.
“Escrevo sobre cinema paraense há 15 anos. Quando decidi fazer um documentário, escolhi a trajetória dos meus avós — de Abaetetuba para Belém — porque ela sintetiza essas duas cidades. É uma história comum, como a de tantas famílias que migram do interior para a capital”.
Para ele, o filme prova que todas as histórias merecem ser filmadas: “Não precisam ser extraordinárias — apenas bem contadas. O cinema é coletivo, mesmo quando pessoal. Minha editora, Adrianna Oliveira, é quase coautora; suas intervenções na ilha de edição foram essenciais para o fluxo poético”, destaca.
Festival consolida cinema amazônico
O 34º Curta Cinema recebeu 4,6 mil inscrições de 160 países. Um dos principais festivais da América Latina, a seleção de “Praça Amazonas” reforça a relevância do cinema amazônico e de narrativas que celebram a diversidade cultural brasileira.
Em entrevista ao Grupo Liberal, Ramiro ressaltou: “É a primeira exibição em uma sala grande. Participamos de festivais menores, mas um espaço de grande porte, num evento internacional, eleva a expectativa. O Curta Cinema é o ápice para um curta no país — são 34 edições de prestígio”.
Próximo projeto: Belém dos anos 1990
Sobre futuros trabalhos, adiantou: “Estou escrevendo uma ficção inspirada nas minhas memórias da Belém dos anos 1990. Essas histórias precisam ser contadas — é nelas que encontro as melhores narrativas”.
O Curta Cinema é um dos principais eventos de curtas-metragens do Brasil. Em sua 34ª edição, exibe produções nacionais e internacionais em mostras competitivas e temáticas.
(*Gustavo Vilhena, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Abílio Dantas, coordenador do núcleo de Cultura)
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