Dia Internacional do Graffiti: arte fala nas ruas o que vem do coração
Nesta data, a arte da paraense Mina Ribeirinha reafirma a preocupação social e ambiental que envolve ecossistemas urbanos e rurais na Amazônia

Um alerta pela preservação da Amazônia, pelo futuro de todos os povos que constroem a história dessa região, pode ser conferido na parede de um prédio na travessa 1º de Março com a Senador Manoel Barata, no Largo da Palmeira, com vista para a avenida Presidente Vargas, no centro de Belém. Trata-se da obra “Asase Ye Duru, A Guardiã da Floresta e da Vida”, confeccionada pela artista plástica (escritora urbana) paraense Mina Ribeirinha, ou seja, uma arte graffiti. No Dia Internacional do Graffiti, nesta quinta-feira (27), esse tipo de arte abre espaço no concreto urbano para alertar para a convivência necessária de todos com os ecossistemas naturais.
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E o graffiti tem mesmo tudo a ver com transformações sociais em escala individual e coletiva, como se observa na própria trajetória de Mina Ribeirinha, nome concebido a partir das raízes da artista nos municípios paraenses de Abaetetuba e Barcarena. Mina tem 25 anos de história com essa forma de arte. “Eu costumo dizer que o graffiti me encontrou, juntamente com o Hip-hop na frente da minha casa onde meu irmão Renato se reunia com amigos, na primeira geração do movimento Hip Hop do bairro do Bengui, era a GSC ( Graf Street Crew)”, conta a graffiteira.
Mina revela que era uma pessoa tímida e até depressiva e, sem ela saber, o irmão apresentou aos graffiteiros os desenhos que a jovem fazia. Veio o convite para ela fazer parte do movimento e iniciar nessa arte, o que foi de pronto aceito. “Graffiti o movimento Hip Hop mudaram minha vida Fazendo graffiti me envolvi no Hip Hop e com ele aprendi a importância de ler, estudar, pesquisar, conhecer sobre nosso povo negro, aprendi sobre autoestima da população negra periférica, a importância de valorizar nossas raízes, valorizar a união, ter respeito, compromisso, o Hip Hop é uma escola”, pontua Mina.
O graffiti é uma forma de arte que se expressa por meio de pintura em espaços públicos, tem o poder de transformar ambientes, provocar reflexões e dar voz a comunidades, abordando questões sociais e culturais que precisam ser discutidas, como diz Mina. Nessa arte, são utilizadas cores vibrantes, formas criativas e letras etilizadas. O graffiti é associado ao Hip Hop por ser um dos cinco elementos que integram esse movimento, essa cultura urbana capaz de desafiar normas, padrões e romper com preconceitos. É uma arte transformadora e originária de periferias e centros urbanos, como salienta essa artista que atua nos coletivos Tinta Preta, Hip-Hop paid’égua, Amazônidas Xxxt Crew e Pretas Paridas da Amazônia.
Guardiã
Assim, nasceu a obra “Asase Ye DURU, A Guardiã da Floresta e da Vida”. “É uma homenagem à força da natureza e à importância da preservação ambiental. O nome significa "A Terra Negra, a terra tem seu peso, a importância da terra para o sustento da vida" na língua iorubá, representando a força feminina da Amazônia como uma mulher negra, mãe geradora de vida a fertilidade da terra”, relata Mina. “A obra foi confeccionada em homenagem a coletiva de Mulheres Negras Pretas Paridas Da Amazônia. Foi uma obra feite para a primeira Bienal de Artes da Amazônia.
A artista levou cerca de um mês para finalizá-la, em 18 de dezembro de 2024. Ela trabalhou junto com outros artistas: Ist Égo, Minie Miniane, Catatal, Wbs auxiliares artísticos. Essa obra pública mede 490 metros quadrados. “Minha motivação para pintar essa obra vem da necessidade urgente de conscientizar sobre a preservação da florestas e do meio ambiente e sobre o papel da população amazônica na manutenção desse território, em especial das mulheres que geram a vida e sempre pensam na comunidade a seu redor”, enfatiza.
Mina é também autora de uma obra graffiti em homenagem à professora Zélia Amador de Deus, pintada em 12 de novembro de 2024 no Jardim São Luís, zona sul de São Paulo, para o Museu de Arte de Rua de São Paulo (MAR). Neste 27 de março, os grafiteiros seguem fazendo arte, driblando preconceito e chamando a atenção de todos para questões importantes para a vida em sociedade.
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