Cine Líbero recebe 'Mostra Pedro Veriano' com programação gratuita e homenagem ao pesquisador
A programação apresenta documentário sobre o médico e crítico de cinema, curtas-metragens raros e trilha sonora ao vivo, proporcionando ao público uma imersão na história do cinema e na memória de Belém
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A ‘Mostra Pedro Veriano’ acontece nesta segunda-feira (10/02), às 19h, no Cine Líbero Luxardo, no Centur, em Belém. Gratuito e aberto ao público, o evento homenageia o médico, pesquisador e crítico de cinema Pedro Veriano, falecido em janeiro deste ano, aos 88 anos. A programação reafirma sua contribuição para a valorização da sétima arte na região, destacando sua trajetória como cineclubista, exibidor e referência na difusão do cinema na Amazônia.
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Segundo Eduardo Souza, realizador audiovisual e organizador da Mostra, as exibições dos filmes de Pedro Veriano proporcionam ao público uma verdadeira viagem no tempo, permitindo conhecer uma Belém antiga e inédita, registrada por suas lentes.
“Os filmes têm essas características, o Pedro gostava de filmar em sets da cidade, para aparecer a cidade, como a Praça da República, algumas ruas que ele andava, os túneis de mangueira, beira de rio, ladeiras da Cidade Velha. Então a gente vai passeando pela cidade mesmo, num tempo que não existe mais e numa outra Belém”, destacou Souza.
A programação começa com a exibição do documentário 'Lanterna Mágica' (2001), de Vicente Cecim, que apresenta a trajetória de Pedro Veriano, destacando sua dedicação ao cinema como pesquisador, cineclubista e fomentador cultural.
“O documentário do Cecim relata isso, toda essa jornada do Pedro ao longo de várias décadas, como cineclubista, exibidor, propagador e organizador de eventos. Ele conseguia trazer filmes para Belém que ninguém recebia, exibindo em circuitos alternativos. Foi um grande agitador cultural cinematográfico da cidade”, explicou o organizador.
Na sequência, serão exibidos os raros curtas-metragens 'A Visita' (1951), 'O Desastre' (1952), 'Deus de Ouro' (1953) e 'O Brinquedo Perdido' (1962), todos dirigidos por Pedro Veriano. Algumas dessas obras foram recentemente recuperadas e digitalizadas, como o curta 'Deus de Ouro', cuja exibição será inédita.
Durante a sessão, estudantes e professores do curso de Licenciatura em Música da Universidade Estadual do Pará (UEPA) executarão trilhas sonoras ao vivo, destacando composições de Maestro Waldemar Henrique e Wilson Fonseca, de Santarém, além de canções do compositor e violonista carioca Guinga.
“Nossa intenção é fazer o clima de cinema mudo, onde a trilha vai acompanhar os filmes, entrando no clima, no tom”, acrescentou Souza.
A apresentação contará com Marcos Cardoso na flauta, Edilton Wanzeller no violão, Wellington Machado no teclado, Ramon Souza no clarinete, Marcelo Júnior no sax alto e Marielso de Jesus Barbosa da Silva na guitarra.
Homenagem e recordação
A Mostra surgiu como uma homenagem a Veriano e foi idealizada logo após seu falecimento. “Infelizmente, ele partiu, e naturalmente essa ideia surgiu automaticamente. Conversamos com a Luzia, com Marco Moreira, com o pessoal que estava próximo, com a família, e decidimos fazer essa homenagem. Ele foi uma das principais fontes de memória e resgate da história do cinema em Belém e no Pará. Foi cineclubista, escreveu livros e sempre foi muito generoso em compartilhar conhecimento”, contou Eduardo.
Encerrando a programação, um bate-papo com amigos e convidados especiais relembrará a trajetória de Pedro Veriano e sua contribuição ao cinema paraense.
“Não vai ser um esquema de palestra, nada disso. Vai ser uma questão mais de depoimentos, uma coisa mais emotiva, mais afetiva. A ideia é abrir espaço para reviver e trazer à tona o legado dele. Nada melhor do que não deixar uma pessoa e sua história morrer, lembrando dela”, disse o organizador.
Legado
Apaixonado pela cinematografia, Pedro Veriano chegou a exibir filmes na garagem de sua casa, chamada de "Cine Bandeirante" no período de 1950 a 1984. Além disso, ele também publicou três livros sobre o assunto: “A Crítica de Cinema em Belém”, “Cinema no Tucupi” e “Fazendo Fitas”).
Veriano também foi colunista de cinema em “A Provincia do Pará” de 1963 a 2001 e responsável pela coluna de cinema de “A Voz de Nazaré”. Além de seus livros, ele produziu curtas e vídeos e dirigiu a Associação dos Críticos de Cinema do Pará (APCC) por um longo período.
SERVIÇO:
Mostra Pedro Veriano
📅 Data: segunda-feira 10 de junho;
🕖 Horário: 19h;
📍 Local: Cine Líbero Luxardo – Centur (Av. Gentil Bittencourt, 650, Nazaré, Belém-PA);
🎟️ Entrada: Gratuita e aberta ao público.
Confira as sinopses dos filmes que serão exibidos:
Brinquedo Perdido | 8” | (1962)
Um menino vendedor de pastéis sai para o trabalho carregando seu tabuleiro e na outra mão uma vara de arame onde equilibra uma roda de metal, brinquedo muito comum no subúrbio. Um dia ele acha um carrinho de plástico preso a um barbante e dispensa o antigo brinquedo. Ao ver um caminhão ele sonha em ter um carro grande. Mas ao voltar pela praça onde passou, encontra uma mãe com um filho chorando e ela lhe arranca o carrinho das mãos com raiva. Ele sai triste em busca do brinquedo dispensado e não encontra. A tristeza e o sentimento de perda lhe acompanham em sua volta pra casa.
O Desastre | 8’50’’ | (1952)
Um garoto pobre é atropelado e o irmão mais velho vai procurar o padrasto para pagar o tratamento médico. O homem era encontrado recebendo dinheiro. Mas não atendia ao enteado. Com raiva, esse irmão desvelado mata o tal padrasto por estrangulamento. Logo depois corria para dar o dinheiro ao Doutor. Mas era preso. Um dia depois, na cadeia, recebia a visita do médico que se prontificava a fazer o tratamento do garoto atropelado sem cobrar honorário e despesa hospitalar.
Deus de Ouro | 3'30’' | (1953)
Um grupo de exploradores penetra a selva amazônica e encontra uma tribo selvagem, sofrem uma emboscada e são capturados por eles. Depois de um julgamento com a cúpula da tribo, um dos exploradores é morto por um dos índios. Em seguida decidem matar todos, mas antes de levarem a decisão a frente, os cativos se rebelam e tomam o domínio da situação, fogem e levam como refém a rainha da tribo, enveredando-se pelas matas amazônicas.
A Visita | 8’ | (1951)
Uma versão de Macbeth transportada para o meio rural brasileiro. Um agricultor é chamado da roça pela mulher para ver um homem que pedia abrigo. Eles percebem algo estranho e espiam o sujeito por uma fresta, ele está cheio de dinheiro. O casal fica assustado e a mulher pede ao marido que mate o hóspede. Ele fica em dúvida, mas acaba cedendo. Ao arrastar o corpo, cai do bolso da vítima uma carteira de identificação, o casal analfabeto não liga, mas a câmera revela, trata-se de um paciente incurável com uma doença altamente contagiosa.
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