Entenda como funcionava seita religiosa de família da ex-sinhazinha do Boi Garantido
As vítimas revelaram que, além do abuso de substância e violência psicológica, a seita também praticava violência física e estupro de vulnerável
A mãe e irmão de Djidja Cardoso, Clausimar e Ademar, foram presos na última quinta-feira (30/5), em Manaus, suspeitos de liderar, junto à ex-integrante do Boi Garantido, uma seita religiosa, intitulada “Pai, Mãe, Vida”, que praticava rituais que prometiam a cura espiritual e afirmavam que Ademar era uma espécia de reencarnação de Jesus. Já Cleusimar assumia a figura de Maria, mãe de Jesus, e Djidja, de Maria Madalena.
Os funcionários do salão de beleza do qual Djidja era sócia também integravam a seita. Claudiele Santos da Silva, e Marlisson Vasconcelos Santas, funcionários do estabelecimentos, foram presos pela polícia. Eles eram, segundo as investigações, os responsáveis por induzir os colaboradores e pessoas próximas à família de Djidja a se associarem à seita.
Segundo o delegado Cícero Túlio, responsável pelas investigações, a seita atuava em parceria com uma clínica no bairro Redenção, em Manaus. O estabelecimento oferecia ketamina e outras substância ilícitas para a família sem qualquer controle.
Os rituais eram realizados dentro dos salões de beleza e na residência da família de Djidja. Nos locais foram encontrados pelos policiais ampolas de ketamina, dezenas de seringas e agulhas.
A Polícia Civil de Manaus começou a recolher depoimentos de vítimas da seita. Duas delas informaram aos agentes que, além do abuso de substância e violência psicológica, a seita religiosa também praticava violência física e estupro de vulnerável. Também confessaram que eram obrigadas a permanecer dopadas por dia, se manter despidas e não podiam tomar banho ou se alimentar.
“Ao longo das investigações, tomamos conhecimento de que Ademar também foi responsável pelo aborto de uma ex-companheira sua, que era obrigada a usar a droga e sofria abuso sexual quando estava fora de si. A partir desse ponto, as diligências se intensificaram e identificamos uma clínica veterinária que fornecia medicamentos altamente perigosos para o grupo religioso”, disse o delegado. Os agentes estão apurando também a utilização de animais domésticos em rituais da seita.
Morte de Djidja
Sobre a morte de Djidja, o delegado Danniel Antony, adjunto da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), disse que a morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido está envolta na possibilidade do uso de medicamentos fármacos narcolépticos e psicotrópicos, havendo também a possibilidade de ter ocorrido um excesso da droga que possa tê-la levado à morte em relação à seita da família.
“Estamos investigando a situação, mas a questão da autoria de alguém que possa tê-la medicado ainda está sob investigação na DEHS. Estamos em uma fase preliminar em relação à coleta de depoimentos e informações, incluindo áudios e mídias que circulam em redes sociais e aplicativos de mensagens, para verificar sua veracidade”, detalhou Antony.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA