Data de 10 anos de comemoração do carimbó como Patrimônio Cultural Imaterial é marcada por ato

No dia 11 de setembro de 2014 o ritmo paraense foi reconhecido como patrimônio imaterial do Brasil. Marca de uma década teve manifestação dos fazedores de cultura.

Bruna Dias
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Nesta quarta-feira (11), fazem 10 anos que o carimbó se tornou Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. De origem indígena, o nome vem tupi korimbó (pau que produz som), junção de curi (pau oco) e m'bó (furado, escavado), o ritmo é originário do Pará. A data que poderia ser comemorada com festa e muita música, foi marcada por uma caminhada em protesto a ausência de investimentos no setor cultural que abrange o ritmo.

Carimbozeiros e produtores culturais caminharam do Teatro da Paz até o Ipahn para mostrar das dificuldades enfrentadas diante da falta de recursos e de apoio para salvaguarda de nosso patrimônio.

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“Esse ato é justamente a ausência de apoio das instituições com o carimbó na salvaguarda dele, que é a manutenção do carimbó, o fortalecimento e o apoio que os mestres e grupos precisam receber. Quando a gente se tornou um patrimônio há dez anos, havia toda uma expectativa criada, de que haveria, então, esse apoio. Nós construímos esse documento que é a salvaguarda, que contém as diversas ações que devem ser feitas, mas isso depende de recursos e há cinco anos que a gente tá sem recurso. Não tem nenhum centavo no orçamento para a salvaguarda do carimbó no âmbito federal. Então a gente decidiu fazer esse ato em vez de comemorar os dez anos, a gente está aqui para marcar esses dez anos para chamar atenção”, disse Isaac Loureiro, ativista cultural e membro dos coordenadores do movimento da campanha patrimônio cultural brasileiro.

O plano da vanguarda prevê ações para dar visibilidade ao carimbó, mas também para valorizar mestres e carimbozeiros, realizar oficinas, comercializar matérias, dentre outros.

“Vamos ter a COP-30 em Belém e onde os turistas e os visitantes vão encontrar o carimbó? Nas periferias, nas margens, mangueando na rua, no Ver-o-Peso? A gente precisa ter um espaço onde a gente possa colher o carimbó com dignidade. Não temos até agora editais específicos, nós tivemos apenas um único edital de premiação em 2017, com um valor muito pequeno de R$ 120 mil, isso é um fomento. Sem recurso, como é que o mestre vai poder fazer o repasse do ensinamento dele para as crianças? Como é que os grupos vão se manter? Como é que os nossos festivais de carimbó vão se ampliar e continuar?”, questiona Isaac.

A manifestação ocorreu com membros de diversos lugares do Pará, incluindo Belém, Marapanim, Santarém Novo e Souré.

“Eu estou até emocionada de falar, estou toda arrepiada, porque o carimbó é a nossa herança ancestral afro-indígena e que a gente tem orgulho. O é a vida do pescador, agricultor e da mulher, eu como uma das mulheres lutadoras, como a mestra Amélia, que é de Souré, a mestra Neire Prestes Rocha, que já faleceu, nossas lutadoras por equidade de gênero dentro do carimbó. Nós queremos mais mulheres cantando e tocando carimbó, não só dançando ou fazendo roupas, mas também com maior protagonismo. Hoje nós já temos vários grupos de carimbó de mulheres, mas a gente quer muito mais”, explica a mestra Claudete Barros, tocadora de maracas, ativista cultural do movimento da salvaguarda do carimbó.

 

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