CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

'¿Por qué no te callas ?'

Linomar Bahia

Filósofos e cultores das línguas de todos os tempos legaram à humanidade pensamentos sobre as tantas facetas de que as palavras são capazes e recomendando serem necessários cuidados no seu uso. Coube a Vitor Hugo, por exemplo, observar que “palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade” ao que alguém acrescentaria que “se todos soubessem o peso das palavras, dariam mais valor ao silêncio”. Para a neurociência, “a força das palavras é o impacto que (as palavras) têm sobre as pessoas, podendo influenciar emoções, decisões e até o rumo da vida”.

Já houve quem atentasse para o poder das palavras, considerando “algumas tão intensas que machucam, outras tão fortes que podem até curar. Há as que aproximam, outras que excluem, existindo aquelas que contemplam verdades e as que propagam maldades”. O homem do povo, sempre pronto a ironizar até as próprias desventuras, tem cunhado algumas que também punem os palavrórios. Ensinam que “em boca fechada, não entra mosca”, ou que “peru calado, ganha um cruzado”, raramente ouvidos, como quando Romário disse que “Pelé calado é um poeta”.

Entrou para os anais dos incidentes diplomáticos, o episódio ocorrido em novembro de 2007, durante a XVII Conferência Ibero-Americana em Santiago do Chile. Bradando "Por que não te calas, homem?" o rei de Espanha Juan Carlos I fez calar o então ditador venezuelano Hugo Chávez. Interrompeu as repetidas intervenções na resposta do primeiro-ministro espanhol José Luis Rodríguez Zapatero em defesa do ex-primeiro-ministro José María Aznar, a quem Chávez contestando o apoio de Aznar ao fracassado golpe de estado perpretado contra o presidente venezuelano.

Há incontáveis fatores positivos ou negativos no uso das palavras, na construção e na destruição de reputações, razão pela qual a natureza proveria o ser humano de uma boca, para falar menos, e dois ouvidos, para ouvir mais, referendando a máxima secular, que “falar é prata, mas o silêncio é ouro”. Palavras adquirem enorme poder intrínseco, contemplando inclusive na lei com o direito ao silêncio em audiências. Por conta disso, um amadurecimento etário e emocional possibilita o uso adequado das palavras, mesmo que eventualmente estejamos movidos por alguma pressão.

Tantas referências filosóficas e conceituais em torno do uso ou abuso das palavras passaram a frequentar os noticiários e comentários dos últimos dias, quando parece evidente que um dos problemas desafiadores de solção reside no comportamento falastrão de certos personagens, gerando crises evitáveis com repercussões danosas à economia e à tranquilidade social do país. Enquanto parecem animadores de auditório, palavras impróprias e inoportunas disparam o câmbio, produzem polêmicas e aprofundam discórdias, propiciando repetir o rei de Espanha:  "¿Por qué no te callas?”.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Linomar Bahia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM LINOMAR BAHIA