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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Facetas eleitorais

Linomar Bahia

Campanhas eleitorais no Brasil tanto podem fazer rir quanto chorar, tantas e às vezes surpreendentes facetas. Aparições de candidatos nas tevês têm cenas de shows de horrores visuais e verbais como a que a cadeirada paulista foi um riste exemplo. Não constrangem os nomes e sobrenomes pretendendo transformar a vida pública numa variante de “laços de famílias” às custas do povo. Desfilam palavras que escondem os pensamentos de candidaturas sem vivência nem identidade com as comunidades que se propõem a representar, assim desprovidos da necessária legitimação.

Há muito foi sedimentada a máxima de que, nas guerras, a primeira vítima é a verdade, conceito que não será exagero aplicar às campanhas eleitorais, pelo festival de mentiras dos horários ditos gratuitos, mas bem pagos pelas deduções dos impostos das emissoras. Entre a necessidade estratégica e a compulsão característica dos “mitomaníacos” aqueles que fazem da mentira verdadeiros lemas de vida e sombam dos que neles acreditam.Sobrevêm justificativas como a atribuída a Tancredo Neves de um programa para ganhar eleição, mesmo enganando o eleitorado, e outro para governar.

Mentiras e mentirosos eleitorais têm inspirado criações poéticas e musicais que se tornaram famosas ironizando a sem-cerimônia dos mentirosos sem, contudo, influenciarem o eleitorado que, pelos resultado dos pleitos, continuará acreditando ou fingindo acreditar nas mentiras motivadores de frases conformadas como “me engana que eu gosto”. São fartos em promessas que nunca serão cumpridas, algumas fantasiosas, outras sem competências, enquanto revelam ausência de interesse público  reforçando a convicção de que a representação é reflexo dos votantes.

Continuam soando os refrões dos versos “Que pais é este” cantados pelo saudoso Renato Russo e a sua “Legião Urbana”. Ou “Brasil, mostra a tua cara”, cantado pelo também saudoso Cazuza no CD “Ideologia” de 1988. Coube ao poeta Affonso Romano de Sant´Anna uma das maiores críticas à mentira na política com os versos “A implosão da mentira”, denunciando logo na primeira estrofe que “Mentiram-me. Mentiram-me ontem / e hoje mentem novamente./ Mentem de corpo e alma, completamente. / E mentem de maneira tão pungente /que acho que mentem sinceramente”.

Enquanto isso, na vida real os eleitos estão preocupados com tudo quanto nada tem a ver com o que deveria ser o superior interesse público. Basta conferir as matérias que estão nas pautas para praticamente nada encontrar do interesse da população, enquanto negociam recursos para atender a conveniências pessoais e/ou familiares, partilhando o poder nas chefias dos destinos nacionais. Desviama atenção do público com coisas como a reforma tributária pela qual, segundo as evidências, perseverando  na filosofia segundo a qual, “em casa de pouca farinha, meu pirão primeiro”.

 

Linomar Bahia é jornalista e escritor, membro das Academias Paraense de Letras, de Jornalismo e Literária Interiorana

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