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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Entre dúvidas e incertezas

Linomar Bahia

Em tempos de dúvidas e incertezas como estamos vivendo, a palavra tem assumido papel especial. Evidenciam que todo cuidado será pouco no seu uso, tal a linha tênue que a separa entre arma de defesa e de ataque. Sempre haverá o risco de assumir conotação dúbia, nos pronunciamentos oficiais e manifestações circunstanciais, estimulando especulações sobre o que e quando poderá explodir.

Entrevistas, discursos ou meros cumprimentos passaram a provocar piadas venenosas e movimentos belicosos, resumidos em expressões como “tempos estranhos” proferida pelo ex-presidente e ministro aposentado do STF Marco Aurélio de Mello ao comentar o que considera inconsistências institucionais em nome da democracia, tornando a frase repetitiva pela estranheza com que atuam os Poderes da República.

A força da palavra eclode em todos os quadrantes do planeta, em ocorrências de qualquer natureza gerando a intranquilidade que a todos aflige indistintamente. Em todas as latitudes e longitudes a palavra exerce papel conforme a conveniência de quem a pronuncia, rotulada pelo filósofo francês Charles Tellyrand quando disse que “a palavra foi dada ao ser humano para qe escondesse seus pensamentos”.

Em meio aos riscos do uso da palavra escrita ou falada, é recomendável recorrer à sábia lição de natureza, quando nos deu uma boca para falar menos e dois ouvidos para ouvir mais. Bom exemplo nos foi legado por Napoleão Bonaparte, no auge das ações e conquistas com que alternou os caminhos da política e do humanismo universais: “nada vai bem em um regime em que as palavras contradizem os fatos”.  

Coube ao secretário-geral da ONU, António Guterres, preconizar sobre o futuro mundial: “Eu não tenho ilusões. Reformas são uma questão de Poder. Eu sei que tem muitos interesses competindo nas agendas. Mas a alternativa é mais fragmentação. É reforma ou ruptura. A democracia está sob ameaça. O autoritarismo está em marcha. Desigualdades estão se aprofundando. Nosso mundo precisa de estadistas”.

Navegamos em um mar contaminado por uma crise de confiança, ainda mais turbulento por maus usos da palavra, especialmente nos improvisos governamentais pontuados pelas impropriedades. Há um esforço institucional para aparentar que tudo vai bem, contrapondo com o que se olha, se vê e se ouve o contrário, remetendo à máxima vazada pelo ministro da Fazenda do governo FHC Rubens Ricúpero, segundo a qual “o que é bom, a gente mostra, o que é ruim, a gente esconde”. 

Uma avaliação retrospectiva das falas políticas e governamentais do país nas últimas décadas, vai encontrar as mesma pessoas que faziam uso da palavra em falas e as mesmas mãos que escreviam e continuam empenhadas no mesmo contorcionismo linguístico para exaltar uns ao mesmo tempo em que depreciam outros, numa verbalização invertida dos interesses que incorporam.

 

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