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Por Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

The Beatles: Get Back

Marco Antonio Moreira

Nos anos 1960, os Beatles conquistaram a admiração e respeito de muitos fãs, críticos e estudiosos da música. Sua obra musical apresentava um desenvolvimento artístico extraordinário e sempre se esperava com muita expectativa suas novas composições. Após o sucesso de público e crítica de álbuns como Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967) e White Álbum (1968), o grupo se reuniu no início de 1969, incentivados especialmente por Paul McCartney, para criar um novo álbum e planejar um show ao vivo, após três anos sem apresentações para o público. O nome do projeto foi, posteriormente, chamado de Let it Be, com diversos dias de trabalho da banda em curto período para apresentar músicas novas, realizar ensaios e gravações. A proposta incluiu a filmagem integral de todo o processo criativo do grupo sob a direção de Michael Lindsay-Hogg, mas além da música de alta qualidade e extraordinárias canções inéditas, foi inevitável registrar intensos conflitos e discordâncias entre os membros da banda.

Somente em abril de 1970, mais de um ano após as filmagens e após o lançamento da obra prima dos Beatles, Abbey Road (1969), o filme dirigido por  Lindsay-Hogg foi lançado nos cinemas em um período em que o grupo se separou e deixou uma lacuna musical definitiva no coração de muitos admiradores. O documentário Let it Be provocou surpresa entre os fãs mais exigentes. Afinal, o filme revelou conflitos e diferenças entre John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr e se tornou em uma referência sobre o fim da maior banda de rock de todos os tempos. Mas, certamente, as histórias e músicas que apareceram nas filmagens e gravações de Let it Be mereciam mais atenção. Afinal, as gravações de Let it be foram apenas conflituosas, tensas, estressantes? E os momentos de cumplicidade pessoal ou musical? Não existiram? Lembro que quando assisti ao filme pela primeira vez foi inevitável questionar a versão do documentário que, aparentemente, por meio de seu diretor, escolheu prioritariamente cenas conflituosas entre os Beatles. Certamente, havia mais o que mostrar entre eles, especialmente, suas músicas.

beatles


A maioria dos fãs dos Beatles sabia que as filmagens de Let it Be estavam guardadas durante anos pela Apple, empresa que administra os negócios dos Beatles. Após o projeto Anthology, realizado em 1995, com o lançamento de uma série para televisão e cds com músicas e versões inéditas, a expectativa é que em algum momento, este material tão aguardado seria liberado. Felizmente, nas comemorações de 50 anos de lançamento do filme e disco, em 2020, a possibilidade de se conhecer oficialmente o material fílmico e sonoro guardado surgiu com a participação de Peter Jackson, diretor de O Senhor dos Anéis (2001) e a mais recente versão de King Kong (2005). Jackson é beatlemaníaco e  demonstrou talento diferenciado no documentário Eles não Envelhecerão (2018) em um admirável trabalho de pesquisa e restauração digital de imagens referentes a primeira guerra mundial. Certamente, ele estava preparado para realizar um trabalho importante sobre os Beatles como personagens, a partir de amplo material em película guardado por vários anos em um projeto intitulado The Beatles: Get Back

O documentário The Beatles: Get Back, inicialmente, foi pensado em formato de longa metragem para lançamento em 2020, a partir da edição de mais de 57 horas de gravações inéditas. Mas com a pandemia, houve adiamento na produção do documentário e, pela quantidade de material filmado, foi inevitável que The Beatles: Get Back fosse adaptado para o formato de série de televisão que incluísse mais cenas envolvendo o processo de criação da banda, conversas, conflitos e verdadeiras manifestações de amizade e parceria. Depois de meses de espera e expectativa, The Beatles: Get Back finalmente está disponível pelo canal Disney + que comprou os direitos de exibição após o interesse de vários canais e produtoras para sua exibição. A série está está dividida em três episódios de mais de duas horas de duração cada um que foram disponibilizados para os assinantes da Disney+, a partir do dia 25/11, certamente agradando a maioria dos fãs dos Beatles.

No primeiro episódio foi possível observar a genialidade de Lennon, McCartney, Harrison e Starr. Independente de questões pessoais ou diferenças entre eles, é extraordinário testemunhar os processos criativos individuais e coletivos deles em  músicas como Two of Us, Don´t Let me Dow e I´ve got a Feeling, entre outras canções. McCartney, especialmente, vibrava com cada ensaio e possibilidades musicais das canções apresentadas. É necessário destacar a qualidade da restauração de imagem e som que ficaram maravilhosos. Como beatlemaníaco, entendo que The Beatles: Get Back mostra um lado humano e intenso de quadro músicos que, juntos, possuíam uma sintonia musical que se transformava em música de grande qualidade, de maneira única, atemporal e extraordinária. Espero que este belo trabalho agrade aos beatlemaníacos e gere novos fãs que possam pesquisar, estudar e escutar suas composições e reafirmarem que, sem dúvida, os Beatles são a maior banda de rock de todos os tempos!

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