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Por Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

“Megalópolis” de Francis Coppola nos cinemas

Marco Antonio Moreira

Finalmente, “Megalópolis” de Francis Coppola, estreou nos cinemas. Exibido no Festival de Veneza de 2024, o filme dividiu as opiniões da crítica e do público, gerando uma expressiva polêmica. Coppola desejava filmar esse filme há muito tempo e afinal conseguiu levar às telas uma de suas obras mais controvérsias. Como autor de filmes excelentes, como “O Poderoso Chefão” (1, 2 e 3) (1972/1974/1990), “A Conversação” (1975), “Apocalypse Now” (1979), “O Fundo do Coração” (1982) e “O Selvagem da Motocicleta” (1983), Coppola é admirado por diversos críticos de cinema e cinéfilos. Suas obras cinematográficas proporcionam uma qualidade reconhecida e marcante em sua carreira. “O Poderoso Chefão” é considerado um dos maiores filmes da história do cinema.

Coppola tem uma trajetória incrível no cinema, marcada pelo risco em suas criações e produções e pelo investimento em obras que, muitas vezes, fogem ao determinismo do mercado cinematográfico. Valorizando sua criação artística, ele ousa em suas produções e, muitas vezes, enfrentou problemas financeiros que dificultaram a continuidade de sua carreira no cinema. “Apocalypse Now” teve altos custos de produção e grandes dificuldades durante as filmagens. “O Fundo do Coração” é um belo filme sobre o amor, que Coppola decidiu filmar inteiramente em estúdio, resultando em uma produção cara que teve baixa bilheteria. Com resultados limitados nas bilheterias mundiais, muitos filmes de Coppola trouxeram restrições na área de produção cinematográfica, mas ele se mantém leal às suas ideias.

“Megalópolis” é um projeto que começou a partir de uma ideia concebida durante as filmagens de “Apocalypse Now”. Entre idas e vindas, Coppola pôde finalmente realizar o filme ao decidir produzi-lo por conta própria, já que não encontrava investidores devido ao roteiro complexo e audacioso. Ele tentou produzir “Megalópolis” após “O Fundo do Coração”, mas a baixa bilheteria deste filme adiou a realização do projeto. Em 1989, Coppola chegou a filmar parte do roteiro com um elenco de nomes importantes, como Paul Newman, Robert De Niro e Al Pacino, mas o projeto foi novamente adiado.

“Megalópolis” é o primeiro longa-metragem de Coppola em quase dez anos. Com um orçamento de U$120 milhões, o filme foi inteiramente financiado pelo diretor. A história acompanha um arquiteto que tenta construir uma cidade utópica em meio a uma Nova York em ruínas, enfrentando a oposição do prefeito. No elenco, há atores expressivos como Adam Driver, Laurence Fishburne, Dustin Hoffman e Jon Voight. Pela sua carreira extraordinária, Coppola merece toda a atenção da crítica e do público. Espero que “Megalópolis” seja assistido e principalmente valorizado como um grande empenho artístico de um dos maiores cineastas da história do cinema. Assista!

 “O Quarto ao Lado”

“O Quarto ao Lado” de Pedro Almodóvar é um belíssimo filme que aborda temas humanos desenvolvidos com intensa emoção pelo diretor. Amor, vida, morte e dramas das protagonistas são apresentados de maneira autoral, expressiva e sensível, em uma narrativa que valoriza cada diálogo e expressão das excelentes atrizes Tilda Swinton e Julianne Moore. O filme recebeu o prêmio de melhor filme no Festival de Veneza de 2024 e merecia mais tempo de exibição nos cinemas locais. Assista a “O Quarto ao Lado” quando possível e confira um dos melhores filmes exibidos em Belém este ano.

Vladimir

Vladimir Carvalho foi um cineasta e documentarista brasileiro que marcou uma época importante do cinema nacional. Tive o privilégio de conhecê-lo no hall do Cinema Olympia. Agradeci pelo seu trabalho, e combinamos realizar uma mostra de filmes de sua autoria para exibição no Olympia. Infelizmente, não tivemos tempo para concretizar essa importante mostra, mas é necessário homenagear seu talento, assistindo e debatendo sua expressiva obra cinematográfica. Obrigado, Vladimir Carvalho!

Kris

Kris Kristofferson, ator e cantor que faleceu em setembro, teve uma carreira intensa no cinema, especialmente nos anos 1970. Lembro-me de vários filmes com ele, como "Alice Não Mora Mais Aqui" de Martin Scorsese; "O Marinheiro que Caiu em Desgraça com o Mar" de Lewis John Carlino; "Nasce uma Estrela" com Barbra Streisand, "Comboio" de Sam Peckinpah e "O Portal do Paraíso", de Michael Cimino. Como cantor e compositor, ele teve muito sucesso nos EUA. Kristofferson faleceu aos 88 anos. Acredito que sua melhor atuação no cinema foi em "O Marinheiro que Caiu em Desgraça com o Mar", de Lewis John Carlino, baseado na obra de Yukio Mishima. Obrigado, Kris Kristofferson!

Dicas da Semana

“Megalópolis” de Francis Coppola. Com Adam Drive, Dustin Hoffman, Jon Voight, Talia Shire, Laurence Fishburne.

“Sementes da Violência” de Richard Brooks. Com Glenn Ford, Sidney Poitier. (Cineclube SINDMEPA. Dia 05/11 às 19h. Entrada gratuita).

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