'Vamos tratar nossos indígenas como seres humanos', diz Lula durante visita a Roraima
O presidente prometeu levar transporte e atendimento médico aos indígenas, além de acabar com o garimpo ilegal que atinge a terra Yanomami
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou neste sábado (21) o hospital e a Casa de Apoio à Saúde Indígena, em Boa Vista, no estado de Roraima, e disse que a situação dos povos yanomamis é desumana. Ele disse que vai levar transporte e atendimento médico aos indígenas, além de acabar com o garimpo ilegal na região. Lula viajou acompanhado de vários ministros de Estado e da primeira-dama, Janja Silva. Com informações do G1 Roraima e a Agência Brasil.
Lula esteve em Boa Vista para verificar a crise sanitária que atinge os yanomamis. A situação matou 570 crianças nos últimos anos, sendo que quase a metade era menor de um ano de idade. No ano passado, foram registrados 11.530 casos de malária na terra Yanomami.
“Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinham pessoas sendo tratadas de forma desumana como o povo yanomami é tratado aqui, eu não acreditaria”, disse o presidente.
“Nós vamos tratar os nossos indígenas como seres humanos, responsáveis por parte daquilo que nós somos”, destacou.
A casa de apoio que Lula acompanhou conta, atualmente, com 700 indígenas sendo atendidos. A maioria dos casos são crianças com desnutrição grave.
O presidente disse que umas ações com prioridade é a organização da rede logística para o transporte de suprimentos e das pessoas entre as aldeias e a cidade, como a melhoria de pistas de pouso de aeronaves em regiões mais próximas às comunidades. “Não pode ser feito em poucas horas, mas meu compromisso é de fazer”, disse Lula.
Outros 200 indígenas que estão na casa de apoio em Boa Vista tiveram alta, mas não conseguiram retornar ainda por falta de transporte. “Fiz o compromisso com os irmãos [indígenas] que vamos dar a eles a dignidade que eles merecem na saúde, na educação, na alimentação, no direito de ir e vir para fazer as coisas que eles necessitam na cidade”, completou Lula.
O Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das Populações em Território Yanomami foi criado na sexta-feira (20) para falar sobre as medidas a serem adotadas, além de ajuda na articulação dos interpoderes e interfederativa.
Pela situação apresentada com o povo yanomami, o Ministério da Saúde declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional para combater à dessasistências sanitária dos povos que vivem no território indígenas Yanomami.
A previsão é de que profissionais da Força Nacional do SUS comecem a chegar em Roraima na segunda-feira (23). Além disso, as Forças Armadas montarão um hospital de campanha perto da casa de apoio, em Boa Vista. Insumos médicos e alimento serão enviados pelo governo para as comunidades.
De acordo com a Agência Brasil, a terra indígena Yanomami é a maior do país, em termos de extensão territorial, mas sofre com a invasão de garimpeiros. A contaminação da terra e da água pelo mercúrio utilizado no garimpo impacta na disponibilidade de alimento aos indígenas.
Lula afirmou combater as ilegalidades na área. “Sei da dificuldade de tirar o garimpo ilegal, já se tentou outras vezes e eles voltam”, argumentou.
“Mas nós vamos levar muito a sério de acabar com qualquer garimpo ilegal e mesmo que seja uma terra que tenha autorização da agência para fazer pesquisa, eles podem fazer pesquisa sem destruir a água, a floresta e sem colocar em risco a vida das pessoas que dependem da água para sobreviver”, afirmou Lula. “É importante as pessoas saberem que esse país mudou de governo e o governo agora vai agir com a seriedade no tratamento do povo que esse país tinha esquecido”, completou.
No ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) solicitou a retomada de ações de proteção e operações policiais contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Em novem de 2022, a entidade apresentou ao Ministério da Saúde pedido de intervenção em um dos distritos sanitários locais por suspeita de desvios de recursos públicos.
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