PF prende dois coronéis da PM por envolvimento com tráfico de ouro em Terra Indígena do Tapajós
Segundo a PF, ambos recebiam pagamentos regulares para facilitar ou omitir crimes ambientais, além de oferecer suporte logístico e segurança às atividades ilegais
A Polícia Federal prendeu dois oficiais da Polícia Militar do Pará nesta quinta-feira (28), durante uma operação para investigar envolvimento de autoridades em crimes ambientais ligados a cadeia produtiva do ouro ilegal na Terra Indígena Munduruku, localizada na região do Tapajós, no sudoeste paraense. Foram presos um coronel e um tenente-coronel que destruiu três celulares quando percebeu a chegada dos agentes. Também foram alvo de buscas as casas de um major, um capitão, quatro sargentos e um cabo da PM.
Segundo a PF, os militares recebiam uma espécie de "mesada" de criminosos, para facilitar ou omitir crimes ambientais, além de oferecer suporte logístico e segurança às atividades ilegais. A polícia mantém os nomes dos suspeitos sob sigilo nas investigações.
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Além de efetuar as prisões, a PF fez buscas em residências de outros sete militares durante a operação nomeada de ‘Cobiça’. Também foram cumpridos mandados em outros estados, como Rio de Janeiro e Goiás. A operação expõe uma rede de tráfico ilegal de ouro em terras indígenas e o envolvimento de membros de agentes de segurança.
“O dinheiro seria para que os servidores públicos facilitassem ou não reprimissem os crimes ambientais cometidos pelas empresas, além de atuarem na logística e segurança do ouro ilegal”, aponta a Superintendência da Polícia Federal no Pará, em nota.
Prisões e buscas
Na residência do tenente-coronel, agentes utilizaram explosivos para arrombar a porta de um dos quartos. Durante a abordagem, o militar destruiu três celulares antes de ser detido. Já na casa do coronel, a Polícia Federal cercou o local por volta das 6h e precisou explodir a entrada de outro cômodo. Ambos foram presos e conduzidos para a sede da PF em Itaituba, de onde serão transferidos para Belém em um avião da corporação.
Outros alvos de busca incluíram as residências de um major, um capitão, quatro sargentos e um cabo. Ao menos oito carros de luxo foram apreendidos durante a operação.
Na sede do Comando de Policiamento Regional X (CPR X), em Itaituba, agentes precisaram arrombar a porta da sala do comandante e apreenderam equipamentos eletrônicos e materiais de outras seções do prédio.
Contexto da operação
A Operação Cobiça, que deriva da Operação Ganância, iniciada pela Polícia Federal em Rondônia, em 2022, investiga a extração ilegal de ouro em terras indígenas, especialmente na TI Munduruku, uma das mais afetadas pela mineração clandestina.
Entre os crimes investigados estão lavagem de dinheiro, usurpação de bens da União e organização criminosa. Durante a operação, foram apreendidos oito veículos de luxo, celulares, joias, dinheiro e ouro, cuja quantidade ainda está sendo contabilizada.
Investigados
A investigação aponta que os servidores públicos dividiam valores mensais para garantir a atuação das empresas no esquema. Um dos investigados recebia R$ 4 mil mensais, enquanto outros compartilhavam R$ 10 mil. Parte desse suporte ocorria durante o expediente e com o uso de veículos institucionais.
As empresas envolvidas causaram danos ambientais em uma área de 212 hectares, extraindo minérios acima do permitido e em locais proibidos. Entre 2020 e 2021, o grupo econômico movimentou cerca de R$ 1 bilhão.
A operação segue em curso, com a manutenção da prisão dos servidores e encaminhamento dos materiais apreendidos às autoridades competentes para análise e novos desdobramentos.
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