Madrasta riu ao servir comida envenenada ao enteado e alegou que 'fez isso por amor'
Cíntia Mariano é acusada de matar a enteada e tentar tirar a vida do filho que o marido tinha de outro casamento
Em depoimento à Polícia Civil do Rio de Janeiro, um dos filhos de Cíntia Mariano Dias Cabral, de 49 anos, suspeita de envenenar dois enteados, provocando a morte de um deles, contou que a mãe brigou com uma de suas irmãs por ela ter tentado pegar comida no prato de Bruno Carvalho, de 16 anos, internado com intoxicação após ter comido feijão servido pela madrasta. A mulher foi presa preventivamente na última sexta-feira (20/05), em Realengo, na zona oeste a capital fluminense, suspeita de ser responsável pela morte da enteada Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, em março deste ano, e de tentativa de homicídio contra o enteado, internado com intoxicação no dia 15 de maio. As informações são dos portais Metrópoles e Extra.
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No mesmo depoimento, a filha da suspeita comentou que a mãe riu ao servir comida envenenada para Bruno. Segundo a adolescente, em nenhum momento Cíntia se sentou à mesa com a família, ficou o tempo todo na cozinha preparando o almoço e serviu apenas o prato do enteado, com bife e batata separados. Carla, irmã da depoente, tentou pegar comida no prato do garoto, mas a mãe teria brigado e ordenado à menina que não mexesse no alimento.
Após as investigações confirmarem a ligação entre a morte de Fernanda e a tentativa de envenamento de Bruno, a polícia agora apura se há alguma relação de Cíntia com a morte do ex-marido e de uma vizinha, ambas ocorridas repentinamente, mas ainda não divulgou detalhes sobre os dois casos.
Os primeiros levantamentos feitos pelos investigadores indicam que a madrasta envenenou os filhos do atual marido usando chumbinho, veneno usado para matar ratos, colocado na comida servida a eles. Fernanda Carvalho também passou mal após comer um feijão supostamente envenenado por Cíntia. A jovem ficou 13 dias internada e acabou morrendo no dia 27 de março. À época, a morte foi atestada como decorrente de causas naturais.
Enquanto Fernanda lutava pela vida no hospital, Cíntia chegou a fazer posts nas redes sociais com mensagens de incentivo à enteada: “Você vai vencer! Eu creio”, dizia um deles. Dois dias após a morte de Fernanda, a madrasta postou uma foto com a música Estrelinha, de Marília Mendonça, destacando o trecho que diz: “Quando bater a saudade, olhe aqui pra cima. Sabe lá no céu, aquela estrelinha, que eu muitas vezes mostrei pra você? Hoje é minha morada; a minha casinha”.
Semelhanças nos sintomas despertaram suspeita
A primeira a desconfiar de envenamento foi a mãe dos dois jovens, Jane Carvalho. No último dia 15, quando Bruno apresentou tontura, suor excessivo e a língua enrolando, depois de voltar de um almoço na casa do pai e da madrasta, ela recordou que a filha mais velha havia apresentado os mesmos sintomas antes de ser internada e morrer. Jane relatou à polícia que o filho chegou a comentar que o feijão estava com um gosto amargo e que tinha “pedrinhas azuis” do tamanho de sementes de gergelim.
"Ele já veio de lá com uma ansiedade, bem preocupado e achando que tinha acontecido algo estranho porque quando reclamou do feijão amargo de pedrinhas azuis, ela arrancou o prato da mão dele, colocando mais feijão e entregando pra ele depois. Quando ele veio pra cá, veio perguntando como fazia pra vomitar. Mais ou menos uns 40 minutos depois, começou todo o desespero, que foi o mesmo que a Fernanda sentiu. Na mesma hora eu imaginei que o gosto amargo desse feijão poderia ser o suposto veneno", contou a mãe dos jovens.
Levado às pressas para o hospital, Bruno foi submetido a uma lavagem estomacal e a um exame de sangue, que detectou níveis altos de chumbo. Depois que as suspeitas vieram à tona e a mãe dos jovens decidiu denunciar o caso, investigadores foram até a casa de Cíntia e recolheram o feijão para análise. Mas antes do resultado do exame, na quinta-feira (19), a madrasta tentou se matar. Na sexta, ela foi presa sob acusação de homicídio qualificado contra a enteada, e tentativa de homicídio contra o enteado, mas não confessou os crimes.
O filho de Cíntia chegou a dizer que a mãe confessou ter colocado chumbinho no feijão de Bruno, o que a defesa da suspeita nega. À polícia, o rapaz também contou que ela disse ter feito isso “por amor”.
"Revolta e culpa por me envolver com um monstro"
Em entrevista ao jornal O Globo, Adeilson Cabral, pai de Bruno e Fernanda, declarou que não teve nenhum envolvimento com o crime, mas, se sente culpado por ter se envolvido com Cíntia. "Fico com um sentimento de revolta e culpa por me envolver com um monstro. Mas eu não tinha bola de cristal. Até briguei com Deus, perguntei a Ele por que tirou a minha filha. Mas não foi Deus. Foi quem estava do meu lado. Infelizmente eu não sabia."
Adeilson afirmou que nunca havia percebido nenhum sinal de que Cíntia poderia fazer isso com os filhos. "Ainda fico nervoso com a história toda e estou precisando tomar remédios para me acalmar, e vou vivendo, trabalhando como dá", afirma.
O delegado Flávio Rodrigues, da Polícia Civil do Rio de Janeiro, disse que não está descartada a possibilidade de exumação do corpo de Fernanda para comprovar o envenenamento. "Tudo leva a crer que a motivação do crime seria ciúmes do relacionamento do marido com os filhos naturais. Ela se reserva o direito ao silêncio. Mas com os depoimentos, em especial, o dos próprios filhos dela, que falaram que ela confessou, chegamos à conclusão que ela é responsável pela tentativa de homicídio do enteado", afirmou.
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