Funcionárias de creche são suspeitas de maus-tratos a criança com paralisia cerebral
A diretoria e duas professoras da escola-creche são suspeitas de deixar o menino sentado por horas em uma cadeira e tratá-lo com diferença em relação a outras crianças
A diretora e proprietária de uma creche-escola, localizada no bairro de Ramos (RJ), e as duas professoras da instituição, estão sendo suspeitas e vão responder na Justiça por praticar maus-tratos contra uma criança com paralisia cerebral. O caso teria ocorrido quando o menino tinha apenas três anos de idade. No último domingo (5), ele completou quatro anos.
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Os pais do garoto teriam recebido uma informação anônima dizendo que a criança era mantida presa por horas em uma cadeira postural. Também foi dito que Danieli Alves Baptista Bonel, a dona da escola, e as educadoras Samantha Carla Alves Cavalcanti e Vitória Barros da Silva Rosa tinham conhecimento do ocorrido.
Buscando Justiça pelo filho, a mãe do menino, a policial militar Flávia Louzada, levou o caso à uma delegacia. A delegada da unidade policial apreendeu o HD da creche e iniciou as investigações sobre o caso. Nas imagens, era possível ver o garotinho se debatendo e chorando na cadeira, pedindo ajuda às funcionárias que o ignoravam.
Em entrevista ao G1 Rio de Janeiro, Flávia revelou que o filho tem paralisia cerebral grau 4, ou seja, “a parte cognitiva dele é perfeita, o que torna tudo ainda mais cruel”. A mãe do menino garantiu que a criança tinha percepção dos maus-tratos, e por isso, sempre “chorava desesperadamente” quando entrava na rua da escola.
Justiça
A denúncia de maus-tratos contra a criança foi levada ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), e aceita pelo juiz Paulo Roberto Sampaio Jangutta, titular da 4ª Vara Criminal. Na decisão, o magistrado concordou que o menino recebia “refeição distinta da oferecida aos demais alunos e pouca higienização no tocante à troca temporária de fraldas, ficando por horas preso em sua cadeira na mesma posição, sem ser levada para atividades ao chão e sem interação com as demais crianças”.
Por conta disso, agora, Danieli, Samantha Carla e Vitória viraram réus por maltratar e “ferir” a integridade da criança.
Diretora da escola-creche nega maus-tratos contra o menino
Uma funcionária, que preferiu não se identificar, informou ao G1 que a diretora da creche “mandava as professoras prenderem as crianças nas cadeirinhas”. Em entrevista ao portal, Danieli afirmou que não aconteceu nada com a criança, e que os “problemas” teriam começado quando a mãe do menino perdeu contato com uma antiga mediadora que sempre a mantinha informada sobre o estado do garoto.
Ainda segundo ela, a criança não iria brincar no chão por questões sanitárias e também afirmou que ele possui dificuldade para beber água.
“A cadeira é postural para que ele não tombasse. Tem um feltro para ele ficar certinho, e era o lugar mais seguro para ele. A gente tinha pavor de acontecer um acidente com ele. Ele tinha uma rotina com a mediadora, que tirava ele da cadeirinha, colocava no parapódio (suporte para manter a criança de pé), tenho foto dele até sem nada. Mas ele tombava muito e o nosso medo era ele ficar solto e bater a cabeça”, explicou.
“Tenho a consciência limpa com meus professores. Só fico abalada por nunca ter passado por isso. Dói porque ela era uma mãe presente, tinha uma relação boa com a gente”, finalizou Danieli.
(*Estagiária Amanda Martins, sob supervisão da editora de OLiberal.com, Ana Carolina Matos)
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