Damares agiu para impedir aborto de criança de 10 anos, diz Folha
Jornal afirma que ministra participou de um dos encontros, por videoconferência, com representantes da pasta e aliados políticos para tentar retardar a interrupção da gravidez
A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, teria agido para impedir o aborto legal da menina de 10 anos, que engravidou após sucessivos estupros praticados pelo tio, no Espírito Santo. O caso ganhou repercussão nacional após suposta mobilização pessoal da ministra e de pessoas ligadas a ela, como a extremista de direita Sara Giromini, que divulgou o nome da vítima e o endereço do hospital onde o aborto foi feito, além da incitação de que militantes comparecessem ao local e constrangessem a menina a desistir da interrupção da gravidez.
Informações obtidas pelo jornal Folha de S.Paulo dão conta de que Damares tinha como objetivo transferir a criança de São Mateus, no Espírito Santo, para um hospital em Jacareí, em São Paulo, onde aguardaria a evolução da gestação até o parto, apesar do risco que a gravidez representava para a menina.
Segundo a Folha, a ministra mandou representantes do ministério e aliados políticos para tentar retardar a interrupção da gravidez. Seus interlocutores fizeram uma séria de reuniões e pressionaram os responsáveis por conduzir os procedimentos, inclusive com a promessa de benfeitorias ao conselho tutelar local. A própria Damares participou de um desses encontros, por videoconferência.
Após realizar a interrupção da gravidez em outro estado e sob forte pressão de grupos extremistas, a criança e sua família entraram num programa de proteção do governo do Espírito Santo que lhes garante nova morada e novos nomes.
Para apurar o vazamento das informações, o ministério protocolou um ofício ao ministro da Justiça, André Mendonça, pedindo que a Polícia Federal apurasse o caso.
Estuprada desde os 6 anos
A menina de 10 anos engravidou após ser estuprada pelo tio desde os seis anos de idade, na cidade de São Mateus (ES). No dia 19 de agosto, ela recebeu alta da unidade hospitalar onde interrompeu a gestação, em Recife (PE).
A vítima precisou ir para Recife para realizar o aborto porque os médicos do hospital em que ela foi atendida no Espírito Santo afirmaram que não tinham capacidade técnica para realizar o procedimento.
O suspeito do crime foi preso no dia 18 de agosto, em Betim (MG). Ele foi ouvido pela polícia e teria confessado “informalmente” os abusos cometidos.
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