Monteiro Lopes: Conheça a história e origem do doce paraense de sabor inconfundível
Belém é conhecida como local do surgimento do doce de duas cores que é sucesso absoluto. Confira a origem do Monteiro Lopes
O biscoito amanteigado de duas cores (com um lado mais claro e outro de chocolate polvilhado com açúcar), o Monteiro Lopes, já popularizado no Brasil, tem criação creditada a Belém do Pará, entre fins do século XIX e primeira metade do século XX. Trivial em festas de aniversário, confraternizações e em padarias por toda a cidade, a origem do Monteiro Lopes é controversa.
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A historiadora da Alimentação e professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Sidiana Macêdo, conta há um folclore em torno da história e origens do Monteiro Lopes. Uma delas se refere à rivalidade entre dois padeiros, Manoel Monteiro e Antônio Lopes, cujos estabelecimentos ficavam no entorno do Ver-o-Peso.
"Os relatos contam que um padeiro fazia o biscoito com chocolate e o outro branco. E, após o casamento de seus filhos, eles teriam unido os biscoitos, deixaram de ser concorrentes e batizado de Monteiro Lopes em alusão aos sobrenomes das famílias. Contudo, é importante dizer que tal história faz parte do folclore em torno do biscoito, já que não existe uma data específica para o surgimento do doce e nem precisão quanto ao seu 'criador(a)'", explica Sidiana.
Possível origem em Portugal
É possível que o Monteiro Lopes tenha influências portuguesas, pois na região de Estremadura há um biscoito tradicional semelhante à base do Monteiro Lopes, cujo nome é Areias, com trigo, açúcar, manteiga ou banha.
"Ele ainda é polvilhado com açúcar e canela e o formato é redondo. No Maranhão também existe um biscoito denominado de Monteiro Lopes, cujos ingredientes e preparo se assemelham ao paraense", pontua.
Sucesso na mesa dos paraenses
No Pará, a origem do Monteiro Lopes pode ser as padarias, fábricas de biscoitos e confeitarias, mas as doceiras que faziam por encomenda ou para vender em tabuleiros também podem ter sido as criadoras do doce. As duas cores podem estar relacionadas ao uso do chocolate/cacau muito comum nessas fábricas.
“Não havia festa na década de 80 e 90 do século XX que não tivesse uma grande bandeja de Monteiro Lopes, que já faz parte da identidade alimentar de muitos paraenses", conta a historiadora Sidiana Macêdo.
A professora Rosa Lima, 55 anos, ainda criança se interessou por doces com a tia Ermelinda Pina, doceira conhecida em Belém, e foi com ela que aprendeu a fazer o doce. "A receita é segredo e está na família há várias décadas. Comecei a fazer as encomendas por acaso, dei de presente a uma prima que logo pediu mais e passou adiante. A partir disso, comecei a divulgação nas redes sociais, através do @monteirolopesrosalima, foi um sucesso e daí surgiram novos clientes", relembra.
Além da versão tradicional, ela também produz outros sabores, como maracujá, chocolate e cappuccino. "É uma responsabilidade grande saber que botei em prática uma receita de família e que, a partir dela, consegui desenvolver e aprimorar novos sabores de um doce genuinamente paraense", orgulha-se.
Como fazer Monteiro Lopes
Ingredientes para a massa
- 200g de farinha de trigo
- 100g de manteiga
Modo de preparo do Monteiro Lopes
- Misturar tudo até formar uma massa homogênea;
- Modelar os biscoitos e levar ao forno pré aquecido por mais ou menos 15 minutos
Como fazer a cobertura de chocolate
- 4 colheres de chocolate em pó;
- 2 colheres de água;
- Banhar a metade do biscoito e passar no açúcar.
Rendimento: Cerca de 40 unidades
(*Karoline Caldeira, estagiária sob a supervisão do jornalista Victor Furtado)
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