Volta ao mundo: brasileiro viajou por 143 países e esteve em Belém divulgando livro

Luiz Thadeu já viajou 143 países. Em Belém veio divulgar o livro "Com asas nos pés", que fala sobre superação e realização de sonhos

Emanuele Corrêa
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A pandemia de covid-19 frustrou os sonhos de viagens de muitas pessoas ao redor do mundo. Entre eles, de Luiz Thadeu, conhecido como o "Viajante de Muletas". No entanto, antes disso, até 2019 já havia pisado em 143 países e entrou no livro dos recordes, como o brasileiro com mobilidade reduzida mais viajado do mundo. Nesta quinta-feira (24), esteve em Belém para divulgar o seu livro "Com asas nos pés", que será lançado para contar a história de superação, após sofrer um acidente de carro, passar por 43 cirurgias, ficar cinco anos acamado e, mesmo assim, ressignificar a tragédia e realizar o sonho de infância de dar a volta ao mundo.

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Natural de São Luís do Maranhão, Luiz Thadeu Silva, 63 anos, ainda criança desenvolveu a paixão por viagens a partir dos livros, mas somente após se tornar engenheiro agrônomo e trabalhar na área, que conseguiu reunir os primeiros salários para viajar.

"Eu sempre gostei de viajar, conheci o mundo pelos livros. Na minha cidade eu lia muito sobre os países na Biblioteca da minha cidade. Na faculdade, conheci o Brasil por meio de intercâmbio entre estados. Com meu primeiro salário eu conheci Portugal, Argentina e Estados Unidos. Mas as viagens se intensificaram após o meu acidente", relembrou.

Em 2013, o sonho de viajar parecia ter sido interrompido, contou Luiz. Sofreu um acidente de trânsito - o motorista do táxi que estava, atendeu o telefone e perdeu a direção, ao bater contra um caminhão - e precisou passar por cirurgias e ficar acamado ao longo de cinco anos. Apesar da mobilidade reduzida que o acidente ocasionou, após a reabilitação, as muletas auxiliaram os novos passos do aspirante a viajante.

"Quando eu me reabilitei, meus filhos foram morar na Europa e eu fui ao encontro deles. Entre 2009 e 2019 eu pisei em 143 países, e me tornei o brasileiro mais viajado do mundo com mobilidade reduzida. Há dois anos eu não viajo e precisarei reprogramar a minha rota", explicou.

"Para concluir os 193 países, ainda faltam 50. Devido à pandemia, os países têm restrições sanitárias. Vou refazer meu planejamento, pois só quem viaja o mundo livre e solto é o coronavírus. Aquele ritmo que eu estava, eu vou ter que me readaptar. Tenho nove passagens aéreas compradas antes da pandemia, pagas e adiadas. Dentre elas duas voltas ao mundo: que é classificada como pisar em uma só viagem, no sentido horário ou anti-horário, em todos os continentes", afirmou reavaliando os planos futuros.

image Luiz Thadeu, na Estação das Docas: "Eu amo esse estado, o povo e a culinária paraense" (Ivan Duarte / O Liberal)

Vinda a Belém do Pará 

O engenheiro agrônomo morou alguns anos em Conceição do Araguaia, exercendo a profissão de formação e na oportunidade conheceu a capital. Luiz conta que sempre que pode também visita Belém, pois ama a culinária e cultura paraense e espera em breve poder voltar, já com o livro sobre as viagens que fez ao longo de 10 anos, publicado. A passagem rápida pelo município foi planejada para divulgar o livro que será lançado "Com sonhos nos pés", que também será divulgado em outras sete capitais.

"Vou visitar 7 capitais, entre elas, 3 que eu não conheço. Em Belém estou divulgando o livro 'Com asas nos pés', sobre como eu me reinventei após o acidente. Mostrando para você quem tem tudo para ficar em casa, pode se reinventar e fazer coisas que sempre teve vontade", disse.

Confira as dicas do viajante para conseguir viagens mais baratas

O viajante de muletas dá dicas de como se programar para conseguir passagens baratas:

  • buscar os sites de viagens,
  • colocar alerta de destinos e passagens,
  • comprar com 4 meses de antecedência,
  • não se limitar.

Limitações não são o suficiente para fazerem o viajante desistir

Para ele, nem a mobilidade física reduzida e nem a barreira do idioma são suficientes para que desista. "As pessoas me perguntam se eu sou rico, porque as viagens estão associadas à riqueza. Mas eu tenho três limitações que eu consegui transpor: primeiro a mobilidade da perna, por causa do acidente, mas aí eu uso muletas. Segundo, eu não falo inglês, mas uso o Google Tradutor para me locomover e a terceira eu tenho bolso raso e sonhos profundos. Então eu me planejo, junto dinheiro, para realizar esses sonhos", declarou.

Os desafios para quem precisa se locomover e tem limitações físicas, são maiores no Brasil, do que em qualquer país, diz Luiz Thadeu. Como exemplo, cita a Bolívia como referência em estruturas de mobilidade para pessoas com deficiência física e de locomoção.

"A respeito da mobilidade urbana, o pior país nesse sentido é o Brasil. Somos um país gigantesco, rico, mas desigual. Que atinge os segmentos mais fracos, entre eles, as pessoas com mobilidade reduzida. A Bolívia tem o PIB menor que o Pará, por exemplo, e tem mais estrutura de mobilidade para quem tem deficiência", refletiu.

Ao se despedir do Pará, o viajante reforça aos paraenses que aproveitem as oportunidades e não se deixem limitar pelos entraves da vida. Diz que é possível ressignificar uma história e dar um novo passo em direção aos objetivos traçados. "Eu amo esse Estado, sou apaixonado pelo povo e pela culinária paraense. Por isso, deixo um recado: não deixem de sonhar. Se eu fosse atrás das minhas limitações, eu estaria em casa, no Maranhão. Viaje, jogue futebol, faça culinária, estude. Aproveite a terra enquanto você está em cima dela. Hoje eu tenho motivação e muitos sonhos a serem realizados", finalizou.

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