Vítima de racismo no Supermercado Cidade recebe apoio em manifestação na Pedreira
Nilza Sacramento Corrêa participou de ato que reuniu lideranças comunitárias e movimentos sociais no bairro da Pedreira, em Belém
Foi realizada na tarde deste domingo (13), uma manifestação em apoio a Nilza Sacramento Corrêa, líder comunitária conhecida no bairro da Pedreira como Dona Anastácia, vítima de racismo em um supermercado da rede Cidade localizado na avenida Pedro Miranda, na última sexta-feira (11). O ato reuniu lideranças comunitárias, movimentos sociais, representantes da Prefeitura de Belém e da Defensoria Pública do Estado. Um segundo ato está sendo organizado para a próxima quarta-feira (16), dessa vez em frente ao estabelecimento onde o caso ocorreu.
Residente e proprietária de um restaurante no bairro, Nilza conta que entrou no estabelecimento para pesquisar preços de flanelas. Como o valor e a qualidade do produto não lhe agradaram, ela decidiu procurar em outro local. Na saída, a cliente conta que foi abordada por um segurança e recebeu "voz de prisão".
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"Quando eu cheguei na porta ele pegou no meu braço e disse 'a senhora está presa por roubar uma flanela que está dentro da sua bolsa'. Nisso ele pegou a minha bolsa, botou em cima do balcão e abriu. Quando ele abriu não tinha flanela", relata.
A vítima lembra que chegou a passar mal e precisou ser amparada por outros clientes do supermercado, onde pretende não voltar a fazer compras. "Eu estou doente e sem saber o que fazer ainda. Fiquei muito chateada porque nunca ninguém me chamou de ladra. Me senti muito humilhada, todo mundo acha que preto é ladrão, ele achou que por eu ser preta eu iria roubar, por isso que ele passou duas vezes por mim", diz.
Durante o ato, realizado em frente ao estabelecimento de Nilza, os participantes expressaram indignação e revolta pelo ocorrido. A ouvidora-geral da Defensoria Pública do Estado, Norma Barbosa, esteve presente e destacou a importância de políticas que trabalhem o respeito as pessoas na sua diversidade em estabelecimentos como supermercado, shoppings e comércios em geral. "As empresas, principalmente os supermercados, precisam trabalhar e orientar os seus trabalhadores no sentido de respeitar. Não que não vá punir quem esteja cometendo um ato ilícito dentro do estabelecimento, mas não se pode generalizar e vincular a uma pessoa negra que esteja dentro da instituição como a pessoa que esteja cometendo um furto só pela sua condição de pele", pontua.
"Não dá mais para nós entrarmos acanhados nos espaços, seja um supermercado, um shopping, uma loja, ou qualquer outro lugar. Nós temos que ser respeitados na nossa condição de ser humano. Que a Dona Anastácia receba a nossa solidariedade e a ouvidoria da Defensória Pública está à disposição para o que for necessário", ressaltou a ouvidora-geral.
A Redação Integrada de O Liberal entrou em contato com o supermercado Cidade, unidade da Pedreira, e foi informada pela gerência que os funcionários não possuem autorização para dar informações. O posicionamento seria repassado pelo advogado da empresa, contudo, não foi disponibilizado nenhum número para contato.
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