Vício em pornografia, como relatado por Gustavo Tubarão, afeta a saúde psicológica, diz especialista
O influenciador e humorista Gustavo Tubarão assumiu ser viciado em pornografia e fez um alerta aos seguidores por meio das redes sociais, na última terça-feira (20)
O influenciador e humorista Gustavo Tubarão assumiu ser viciado em pornografia e fez um alerta aos seguidores por meio das redes sociais. Em um vídeo publicado em seu perfil, na última terça-feira (20), ele disse que teve uma recaída após se manter distante desses conteúdos por mais de um ano. A dependência em vídeos pornográficos tem o mesmo efeito que o vício em drogas, como analisam psicólogos. Por isso, as pessoas se tornam “reféns” do consumo desse tipo de material.
A psicóloga Rafaela Guedes analisa que esse vício tem impactos psicológicos e sociais para quem mantém esse acesso à pornografia, que pode ser um gatilho para ansiedade. “Os malefícios da pornografia são os mesmos de qualquer vício, onde a pessoa só consegue ter satisfação sexual com essa cena ou com esse tipo de estímulo. Ela fica limitada e enrijecida a esse modo de obter prazer, o que gera uma série de outros prejuízos na vida amorosa e social”, analisa.
"A ansiedade e a depressão vão estar relacionadas com o impedimento no desempenho sexual, de fazer um laço amoroso dentro do habitual. E a depressão pode vir por consequência desse lugar que ela está ocupando, que é o de não conseguir fazer um laço amoroso efetivo, uma relação ali tradicional. A ansiedade e a depressão, enquanto quadros clínicos tradicionais, podem, sim, e, na maioria das vezes, estão associadas ao vício em pornografia e às dependências em geral", alerta Rafaela.
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Guedes também pontua que, além disso, existem pessoas que manifestam e mantém uma relação de dependência somente com uma cena específica. Ela explica que cada pessoa pode manifestar esse comportamento de forma diferente, mas detalha as principais causas desse problema: “Podemos considerar que o vício em pornografia tem relação com baixa tolerância à frustração, à rotina da realidade e à repetição característica da vida”, detalha.
“No acesso à pornografia, há infinitas possibilidades de ter experiências novas e diferentes daquelas que se vive. Para sujeitos que têm dificuldade de lidar com o ordinário, essas possibilidades de novidades na pornografia se tornam a principal isca para que a pessoa acesse e entre nesse estado de dependência”, acrescenta Rafaela.
À medida que esse comportamento se intensifica, de acordo com Rafaela, o hábito pode se tornar um padrão no dia a dia. Para enfrentar o problema, a especialista detalha: “Fundamentalmente, para se livrar dessa dependência, é importante procurar um psicanalista. Vá para a psicanálise, converse com alguém que não vai julgar, que vai ouvir e que está preparado teórica e tecnicamente para ajudar a sair dessa situação que traz sofrimento”.
Busca por ajuda
Rafaela ressalta ainda que esse vício ocorre de forma contínua e pode se agravar caso não haja a busca por ajuda. Ela comenta que um dos caminhos é falar abertamente sobre o problema: “Muitas vezes, as pessoas relutam em procurar ajuda por se sentirem constrangidas, por medo de serem rejeitadas ou excluídas dos grupos aos quais pertencem. Existe uma repressão social em relação à sexualidade humana”, reforça.
“Isso dificulta e, muitas vezes, inviabiliza que se abra essa linha de comunicação. Por isso, o psicólogo e o psicanalista são os profissionais mais indicados para tratar dessa dependência. Falar sobre o tema é fundamental. O papel dos meios de comunicação e das nossas trocas é abrir caminhos para pensar, discutir e encontrar saídas, para que a pessoa possa voltar a viver uma vida plena e satisfatória”, analisa Rafaela.
"Se a dependência for leve, até há uma pequena possibilidade da pessoa conseguir reverter sozinha, dependendo da situação. Ela opta por não fazer mais, porque está tendo prejuízo, com a namorada, com o namorado, no casamento, ou mesmo na hora que está ali investindo no flerte, no ficante e aí começou a perceber que lhe trouxe prejuízos. Sendo inicial e leve, a pessoa evitando, decidindo por si mesma não fazer mais, é possível [amenizar]. Para além disso, precisa de cuidado especializado", finaliza.
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