Saiba como identificar relacionamentos saudáveis, tóxicos e abusivos
Pesquisa aponta que 33,4% das mulheres brasileiras já foram vítimas de violência por parte de parceiros e ex-companheiros. No Dia dos Namorados (12 de junho) é comum que relações nocivas sejam disfarçados com falas e ações românticas.
Relacionamentos saudáveis, tóxicos e abusivos estão presentes durante todo o ano. Entretanto, no Dia dos Namorados (12 de junho), relações não-saudáveis podem ser disfarçadas por declarações de amor e atos românticos, como troca de presentes, jantar à luz de velas e carinho. Para garantir o bem-estar mental e emocional é necessário saber identificar conexões nocivas.
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As principais vítimas de relacionamentos tóxicos e/ou abusivos são as mulheres. Mais de 240 milhões de mulheres foram violentadas pelo parceiro, de acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019. O órgão afirmou que os casos de feminicídio cresceram 50% durante a pandemia, sendo o Brasil o 5º país com mais casos no ranking.
No mesmo país, uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Datafolha divulgada em 2023 apontou que 33,4% das mulheres com 16 anos ou mais foram vítimas de violência física e/ou sexual do parceiro ou ex-companheiro. Esse dado, segundo o levantamento, está acima da média global, que é de 27%. A porcentagem de brasileiras violentadas equivale a 21,5 milhões de mulheres.
Do cotidiano à manifestação artística (em filmes, músicas, livros e séries, por exemplo), vínculos tóxicos e/ou abusivos são notados - como exemplo, os filmes “Garota Exemplar” (2014) e “História de Um Casamento” (2019). Para identificar relacionamentos prejudiciais à saúde mental, é necessário estar atento aos pequenos sinais, conforme a psicóloga Amandda Albuquerque. “Ao nos tornarmos cientes desses comportamentos, somos capazes de compreender o impacto que têm em nossa saúde mental. Na psicologia, entendemos a importância de romper os ciclos de abuso”, declara.
Características de uma relação saudável
Relacionamentos saudáveis são marcados por ações mútuas de compreensão, respeito, honestidade e lealdade. Confira outras características de uma boa relação:
- Liberdade individual (Exemplos: sair e/ou ficar sozinho(a), manifestar gostos pessoais, estar com amigos sem o(a) companheiro(a) e respeitar limites impostos);
- Crescimento pessoal e enquanto casal;
- Evolução emocional;
- Boa comunicação;
- Maturidade;
- Valorização de necessidades e desejos;
- Validação de sentimentos (Exemplo: respeitar e acolher um sentimento, mesmo sem compreender e/ou concordar com a sua raiz).
Características de uma relação tóxica
Entre os relacionamentos prejudiciais ao bem-estar estão os tóxicos. Com comportamentos negativos, vínculos tóxicos são caracterizados por abuso emocional, manipulação e ciúmes excessivos. Veja mais fatores presentes em relações tóxicas:
- Desrespeito (Exemplo: xingamentos, ofensas, calúnia e difamação);
- Controle excessivo (Exemplo: exigir saber sobre localização, amizades, conta bancária e bens como forma de fiscalizar o que o(a) companheiro(a) faz);
- Falta de comunicação e apoio;
- Isolamento social (Exemplo: deixar de sair com amigos porque o(a) parceiro(a) não gosta e/ou não deixa);
- Proibição de uso de roupas, acessórios e/ou maquiagens.
Características de uma relação abusiva
Um relacionamento abusivo é a expressão máxima de uma relação tóxica. Abusos físicos, emocionais e/ou sexuais estão presentes em vínculos como esse. Conheça outros aspectos de relações abusivas:
- Agressão física (Exemplo: tapa, chute, empurrão e soco);
- Agressão sexual (Exemplo: atos sexuais sem consentimento do(a) parceiro(a) após ele(a) negar, pedir para parar ou enquanto dorme);
- Humilhação;
- Controle (Exemplo: exigir saber para onde vai, com quem está, o que veste, como se alimenta e o que faz);
- Ameaças.
Como sair de uma relação tóxica e/ou abusiva?
Para sair de um relacionamento tóxico e/ou abusivo, é preciso reconhecer a dinâmica e o funcionamento desse tipo de relação, conforme a psicóloga Amandda Albuquerque. “Com frequência, pessoas envolvidas em relacionamentos tóxicos ou abusivos tendem a repetir esses padrões em futuras interações, independentemente de serem amorosas ou não, a menos que ocorra uma mudança”, afirma. De acordo com a profissional, a busca por apoio e ajuda psicológica especializada é fundamental.
“A terapia auxilia na reconstrução da autoconfiança, fortalecendo o bem-estar emocional, fomentando a autenticidade, auxiliando na superação de traumas e ajudando na identificação de limites saudáveis dentro de um relacionamento”, explica Amandda. A psicóloga aponta que, no processo terapêutico (que pode envolver psicólogos e psiquiatras), um ambiente seguro é estabelecido para que o paciente seja tratado adequadamente.
(*Lívia Ximenes, estagiária sob supervisão do editor web de Oliberal.com, Enderson Oliveira)
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