Semana Santa: Sermão das Sete Palavras levou mensagem sobre morte e vida

Mesmo enlutado, padre Glaudemir Simplício de Lima deu continuidade à tradição

Camila Guimarães
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“Um sermão regado pela dor”, foi como o Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, definiu a pregação do padre Glaudemir Simplício de Lima no Sermão das Setes Palavras, ministrado nesta Sexta-Feira Santa (15), na Capela Santo Antônio, em Belém. Mesmo de luto, pela morte do pai, o padre Glaudemir deu continuidade à tradição que completou 143 anos, marcada também pelo retorno presencial dos fiéis desde a pandemia.

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A reflexão, que relembra as falas finais de Jesus Cristo na cruz, teve como tema “A morte que leva à vida”, traduzindo o sentimento do padre Glaudemir que preparou o sermão ao lado do pai, durante seus últimos dias de vida: "Não foi fácil, hoje, que é o sétimo dia do meu pai… E muitas dessas palavras saíram do meu coração enquanto eu estava do lado dele. Esta experiência foi de três dores: a dor afetiva, psíquica e, agora, depois de três horas de sermão, uma dor física. Mas o que é a nossa entrega para Deus, diante de uma entrega tão perfeita que foi a do Senhor?”, comentou o padre emocionado.

Ao longo do sermão, Glaudemir discorreu sobre o significado das sete falas finais de Jesus Cristo, antes de morrer na cruz, dando ênfase, principalmente, ao significado da morta para os cristãos: “Somos chamados a morrer como Jesus. Olhando para Jesus, a morte não é mais sofrimento. Quando Ele disse ‘Pai, entrego o meu espírito’, um dia nós faremos isso também e aprenderemos o significado da nossa vida e da morte”.

Para a servidora Zeni Pureza, que acompanhava a mãe, Dalice, de 78 anos, toda a Semana Santa tem um significado muito especial: “A gente visita as sete igrejas e relembra a paixão de Cristo, que se entregou para nos salvar e trazer a paz”, disse ela, emocionada por estar presente na igreja depois de dois anos de pandemia: “Eu sempre visitei essa igreja, minha filha estudou aqui e é uma emoção muito forte ela estar aberta a todos”.

O mesmo sentimento era compartilhado pela pedagoga Socorro Cantanhede, que dividia o momento ao lado da irmã e do cunhado: “A gente sente como se o nosso pedido tivesse se concretizado, estar aqui presencialmente. É diferente de quando fazemos nossas orações sozinha, na nossa residência. Estando presente na igreja, na capela, faz todo um diferencial”.

Nem mesmo a chuva impediu que o servidor público Denis Felix chegasse à Capela de Santo Antônio para participar da celebração: “A gente diz que a Semana Santa é um dos mais importantes da Igreja Católica. Mesmo debaixo de chuva, eu e minha filha, Maria, chamamos o aplicativo, ainda colocamos a localização errada, mas no final deu tudo certo e valeu à pena”.

Ao fim do sermão, o arcebispo Dom Alberto Taveira ressaltou a felicidade de realizar mais este ano a tradição secular: “É uma oportunidade privilegiada de evangelização, catequese e formação. Só para observar que nós nunca deixamos de ter o Sermão, em 143 anos. Mesmo no período da pandemia, nós não deixamos de fazer”.

O Sermão das Sete Palavras contou ainda com a presença do Coral Santa Cecília que, a cada palavra meditada, entoou uma estrofe do oratório “Le Sette Ultime Parole di Nostro Signore Sulla Croce”. As celebrações da Semana Santa continuam com a Litúrgica da Paixão do Senhor, às 17h, na Catedral Metropolitana de Belém, presidida por Dom Alberto Taveira.

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