Saiba como a impressão 3D fez cãozinho voltar a andar novamente, em Belém
“Ele estava para morrer”, diz o tutor do animal, o médico psiquiatra, André Luiz de Souza Rodrigues
Um cãozinho que teve a pata amputada voltou a andar com uma prótese feita em impressão 3D. Esse trabalho foi feito por uma microempresa de impressão 3D de Ananindeua. Médico psiquiatra, André Luiz de Souza Rodrigues, 35 anos, é tutor do doguinho, batizado de Tripé. “A idade dele a gente não sabe ao certo, porque ele já foi resgatado velhinho”, contou. Mas o animal tem estimados 10 anos de idade.
O animal foi resgatado em Mosqueiro, já com problema sério na pata direita, praticamente necrosada, por conta de uma doença chamada filariose linfática. É uma doença parasitária crônica, considerada uma das maiores causas mundiais de incapacidades permanentes ou de longo prazo. É causada pelo verme nematoide Wuchereria Bancrofti e transmitida pela picada do mosquito Culex quiquefasciatus (pernilongo ou muriçoca) infectado com larvas do parasita.
“E ele estava para morrer”, contou André Luiz, que reside em Belém. O doguinho foi resgatado por uma clínica veterinária de Belém, onde houve o procedimento de amputação da pata. Os funcionários da clínica, então, começaram a postar em rede social se alguém queria adotá-lo. “Só que ninguém queria adotá-lo. Ele é um cachorro vovozinho, velhinho, com a pata amputada, vários dentes ele não tem mais, problema no coração”, disse. “Ele foi ficando lá pela clínica, porque, enfim, as pessoas querem adotar outro perfil - cachorros jovens e sem doença. E aí eu vi uma postagem, me compadeci com a situação, porque uma situação assim mexe com a gente, e a gente adotou ele, independente de qualquer coisa”, contou André Luiz.
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Psiquiatra queria adotar um animal recusado por todos
O cachorro ficou na clínica em torno de dois meses. Já tinha sido feita a cirurgia e ele só aguardava uma possível doação. “Eu disse que queria adotar ele, falei para a minha mulher (a enfermeira Eduarda Monteles, de 32 anos) e a gente adotou”, contou. “Muito antes de conhecê-lo, eu já tinha decidido que, na próxima vez fosse adotar um animal, eu queria um animal que ninguém quisesse. Todo mundo quer um filhote, de raça. Mas, pra mim, o animal que mais precisa é aquele que ninguém quer”, contou. “Assim que a gente recebeu ele, eu percebi que ele ia ter sérios problemas por não ter a pata”, contou.
André Luiz afirmou que, vendo o estado de saúde de Tripé, e antes mesmo de adotá-lo, já começou a pesquisar sobre o assunto na internet. “Tem aqueles cachorrinhos que usam cadeiras de roda. Mas esse não era o caso dele. E vi uma empresa em Ananindeua que trabalha com impressão 3 D, mas para outras coisas, como, por exemplo, moldura”, contou. “Só que eles nunca tinham feito. Então foi a primeira prótese que eles fizeram com essa finalidade aqui em Belém”, afirmou.
“E, graças a Deus, deu muito certo. Ele se adaptou bem, não está 100%, porque leva um tempo, ele já tem uma idade, mas, no geral, ele se adaptou muito bem, tem sido tranquila a adaptação dele. Ele já aceitou bem a prótese, ele até corre um pouquinho com ela. Depois, fica cansado. Aí a gente tem que botar ele no colo”, completou. A prótese custou R$ 500. O casal passeia com Tripé na frente do prédio onde mora. Tripé mora com André Luiz e Eduarda há dois meses.
Empresa que fez prótese seguiu as orientações do veterinário do cachorro
Thiago de Moraes é um dos sócios da empresa que trabalha com essa tecnologia em Ananindeua. E tem uma sócia, Walquíria Mello e, juntos, montaram essa empresa, há oito anos. “Nunca tinha aparecido assim um desafio como esse para fazer uma prótese em impressão 3D”, contou. O André entrou em contato com eles, contou a história do Tripé, do qual mandou um vídeo.
“Então, a partir disso, nós começamos a fazer pesquisas sobre como fazer essa prótese. Entramos em contato com o veterinário do Tripé para pegar informações, porque a gente tinha que ter esse respaldo do veterinário para a gente não fazer de qualquer forma. O veterinário passou todas as informações sobre como deveria ser feito, as dimensões, a posição em que tinha que ficar, altura, tudinho, e fizemos essa pesquisa para saber se alguém já tinha feito. Então, encontramos uma empresa em Brasília e encontramos uma empresa nos Estados Unidos”, contou.
Eles viram vídeos e imagens de referência e criamos o projeto específico para o Tripé. “Então, vimos qual era o melhor material também, que era para ser impresso, prótese. Criamos o projeto, mandamos para o veterinário, para o pai do Tripé, para ele avaliar. Então, quando eles aprovaram, disseram que estava tudo direitinho, nós colocamos nas impressoras para produzir a peça. Então, com as peças impressas, nós fizemos a montagem e fizemos a entrega lá para o André, para ele colocar a prótese no Tripé e fazer o teste”, contou. “E nós ficamos muito felizes em ver que funcionou muito bem, o Tripé já está se adaptando muito bem com a prótese, está chamando atenção por onde ele vai e isso foi uma alegria, porque o nosso objetivo com a impressão 3D é justamente isso: é popularizar essa tecnologia e entregar soluções para a sociedade, para melhoria nas condições de quem necessita”.
Ainda segundo Thiago, a impressão 3D é uma solução muito boa nesse tipo de situação - no caso do Tripé, de outros bichinhos que estejam precisando de prótese e, como nós já temos um projeto pronto, então nós estamos preparados para receber essa demanda. “Então, quem precisar, quem estiver com um bichinho nessa situação, pode entrar em contato com a gente, que nós vamos atender da melhor forma possível e produzir a peça para que volte a ficar em pé, caminhar, ter uma vida saudável com a prótese que nós podemos produzir”.
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