Reflexão sobre cidadania ativa marca o último dia do Colóquio em homenagem a José Saramago
Autor foi o único a ganhar o Nobel de literatura da língua portuguesa
Chegou ao fim nesta quarta-feira (24) o Colóquio Internacional “José Saramago: palavra, pensamento, ação”, realizado desde o dia 22 deste mês na Universidade Federal do Pará (UFPA). O evento, que celebra o centenário de nascimento do autor, faz parte de uma série de ações organizadas no Brasil e teve como objetivo a discussão da obra e do pensamento humanista de Saramago, único escritor de língua portuguesa a conquistar o Prêmio Nobel de Literatura.
A programação iniciou por volta das 9h com uma conversa entre os editores Luiz Schwarcz e Plínio Martins Filhos, encerrando com a conferência “A procura do outro: lições de cidadania ativa”, da antropóloga Lilia Schwarcz, que refletiu sobre a atividade do cidadão ativista presente em um dos livros do autor.
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José Saramago nunca separou o ativismo da literatura, procurando deixar em evidência a luta de toda uma sociedade por direitos. Foi o que Lilia ressaltou durante a reflexão que fez do livro ‘Todos os Nomes’, que marcou a finalização do evento. “Saramago foi esse escritor cidadão, nosso primeiro e único Nobel da língua portuguesa, mas nunca separou a literatura da militância e do ativismo, do cidadão vigilante. A importância é mostrar a relevância da literatura, da palavra que é realidade, produz realidade. A celebração da literatura e do escritor que nasceu há 100 anos atrás e cujo os livros guardam uma total atualidade pro Brasil e pro mundo”, diz.
A presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río, também esteve presente no momento e afirmou que a importância de celebrar o escritor vai além do idioma ou da nacionalidade, mas alcança amizade e literatura. “Posso falar de emoção, neste lugar do mundo, nesta cidade. Celebrar um português que nasceu há 100 anos e comemorar o bi centenário da independência, Saramago não fala de país, de guerra, fala de amizade, entendimento, cumplicidade. Isso é muito digno de ser destacado”, afirmou.
Pila é viúva de Saramago e destacou que as obras do autor podem ser trazidas para um contexto atual e ajudam a entender a totalidade do cenário que se tem vivido atualmente. “Saramago de alguma maneira antecipou isso, escreveu o Ensaio Sobre a Cegueira, em que cegos que estão vendo e não veem, pessoas que decidem não viver em função da razão. Mas, também, o Ensaio Sobre a Lucidez, que mostra a pessoa que não é escravo, é independente e constrói o futuro em harmonia com os outros”, finalizou Pilar.
Vários livros foram lançados ao longo dos dias do Colóquio, entre eles, “A intuição da Ilha - os dias de José Saramago em Lanzarote”, escrito por Pilar, e “Literatura e Compromisso: Textos de Doutrina Literária e de Intervenção Social”, uma coletânea de escritos do autor português.
Quem foi José Saramago
O autor português nasceu no dia 16 de novembro de 1922 e faleceu em 2010, nas Ilhas Canárias. O Prêmio Nobel de Literatura veio no ano de 1998 após escrever o que consideram como sendo jóias do romance: O Evangelho segundo Jesus Cristo e Ensaio sobre a cegueira.
Além do Nobel, Saramago recebeu também o Prêmio Camões.
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