UFPA reúne mensageiros de José Saramago em colóquio
O Colóquio Internacional começou com lançamento de livro com escritos do escritor português
A Universidade Federal do Pará está promovendo um momento único e um dos mais importantes dentro da programação do centenário do escritor português José Saramago. O Colóquio Internacional "José Saramago: palavra, pensamento, ação" ocorre até a próxima quarta-feira (24), para o público em geral, como forma de instigar, celebrar e provocar reflexão em torno do legado do escritor. A abertura do colóquio ocorreu na tarde de ontem, com coletiva à imprensa.
Nesta terça-feira (23), ocorre o pré-lançamento e a sessão de autógrafos da edição brasileira do livro "A intuição da ilha- os dias de José Saramago em Lanzarote", de Pilar del Rio, escrito durante o isolamento social. Sobre o trabalho, Pilar diz que trabalha com o legado de Saramago. "O livro é consequência de saudades e de memória".
Emmanuel Zagury Tourinho, reitor da Universidade Federal do Pará, Pilar Del Rio, companheira do escritor e Carlos Reis, professor catedrático da universidade de Coimbra e comissário para o Centenário de José Saramago falaram durante a coletiva do entusiasmo de celebrar um marco na história da literatura com direito a lançamento do livro "Literatura e Compromisso. Textos de doutrina literária e de intervenção social", de José Saramago, com seleção, introdução e notas de Carlos Reis e coedição da Editora da UFPA. A sessão de autógrafo ocorreu ao final da programação da abertura do colóquio, no auditório Benedito Nunes.
Pilar del Rio diz que participar desse momento de celebração dos 100 anos, no Pará, é uma grande satisfação, já que o escritor sempre teve uma relação próxima com o Pará, com a Amazônia e com o Brasil de um modo geral. Inclusive, em um dos capítulos do novo livro, Saramago trata sobre a questão da reforma agrária, da disputa por terras e cita o caso de Eldorado de Carajás, no Pará.
Carlos Reis, que assina a nova obra, diz que os escritos de Saramago não se esgotam nas imagens literárias e nas ações ficcionais. A missão vai para além disso, pois José Saramago é um dos escritores que desafia o leitor. "Eu costumo dizer que quando se lê um livro de Saramago é preciso estar desafiado para que nossas convicções sejam postas em questão, muitas vezes", pontua Carlos Reis.
Para o reitor da Ufpa, Emmanuel Tourinho, em um momento onde as universidades públicas assumem uma condição de resistência, de violações e com o papel de desempenhar um papel social da sociedade, a realização do colóquio vem com um ato de alimentar essa resistência e disposição para construir uma sociedade diferente.
"Nós esperamos que as pessoas que venham para o colóquio, saiam daqui ainda mais incomodadas e dispostas a refletir e convencidas da necessidade de construir uma sociedade diferente, com justiça e direitos", avalia o reitor.
Durante a abertura do colóquio, Pilar diz que o saber torna as pessoas solidárias, generosas e atentas. "Desejo que vocês saiam do colóquio pessoas melhores", disse a companheira do escritor durante a apresentação de abertura.
O prefeito Edmilson Rodrigues também foi convidado para compor a mesa e sugeriu, mesmo não sendo um parlamentar, que Pilar receba o título de cidadã belenense. "Aproveito a oportunidade para oferecer a chave da nossa querida Santa Maria do Grão- Pará, eu não sou parlamentar, mas eu poderia propor a parlamentares de Belém a concessão de título de cidadania. Seria justo ter Pilar como uma irmã belenense", disse o prefeito.
O colóquio vai até quarta-feira (24) e não é necessário realizar inscrição para participar do evento. A entrada é gratuita até a lotação do auditório.
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