Paraenses que atuam em profissões com maioria masculina relatam desafios e superações

Sara Pacheco, Rafaela Mericia e Adriana Cardoso afastaram a imagem estereotipada de que mulher é sexo frágil

Amanda Martins

Por muito tempo, mulheres em todo o mundo foram estereotipadas para determinadas funções na sociedade.  Essa realidade foi, aos poucos, sendo mudada, mas ainda é um desafio atual driblar preconceitos enraizados, como de que o homem tem mais força ou habilidade para certos trabalhados em relação à mulher, estigmatizando a figura feminina, “impedindo-a”  de assumir qualquer posto profissional. 

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Mas, algumas resolveram desafiar os tabus e mergulhar no empreendedorismo e investir em áreas, que são vistas por muito, como funções masculinas. Com muito profissionalismo e ousadia, três mulheres paraenses, de segmentos diferentes, conseguiram se empoderar e afastaram a imagem esteriotipada de que mulher é sexo frágil.  

Eu nunca fui de gostar das áreas que algumas pessoas dizem que são ‘para mulheres’. Eu quis desbravar caminhos desconhecidos e gostei”, afirmou a instrutora de mecânica de motores a diesel, Sara Pacheco, de 27 anos. 

image Instrutora de mecânica Sara Pacheco  (Felipe Morais / Especial O Liberal)

Ela afirmou que desde o início da graduação percebeu o quão desafiador seria trabalhar em uma área considerada “majoritariamente” masculina, mas que nunca deixou que isso afetasse a sua vontade de seguir na carreira. 

“Na minha turma, éramos seis mulheres entre as alunas. Algumas foram desistindo e sobrou no final apenas quatro. De 10 professores, apenas duas eram mulheres. Então, as professoras que estavam ministrando a aula para a gente, eram um ponto de referência”, afirmou Sara.

Além de Sara, só existe uma outra professora que dá aula para os alunos que são da área de mecânica. Apesar de ter uma turma diversa tanto em gênero quanto em idade, ela afirma que a classe ainda é formada em maior parte por garotos. 

“Quando eu vejo uma mulher se matriculando, acho muito legal. A gente tenta dar todo o apoio para ela, que possa se sentir confortável, que não precisa ser igual a um homem, trabalhar que nem homem. Ela só precisa aprender o que ensinamos” , contou a educadora. 

Machismo 

Sara afirmou que já foi vítima de um episódio de machismo de um outro professor enquanto dava aula para os alunos e que frases de cunho preconceituoso a incomodam bastante. 

Tinham vários professores, mas um deles se meteu na minha aula, questionando a forma como estava trabalhando, sendo que sou professora há dois anos, já tenho a capacidade de ministrar um curso da melhor maneira possível. É muito o homem querendo dizer o que você tem que fazer”, refletiu indignada.

Desafios 

Um dos maiores desafios enfrentados pela engenheira civil, Rafaela Mericia, de 32 anos, é conseguir se fazer ouvir por alguns colaboradores. Ela relata que quando precisa ser “um pouco mais firme", os funcionários, na maioria homens, costumam não se agradar, fechando a cara. 

image A engenheira civil Rafaela Mericia  (Reprodução/ Arquivo pessoal)

“Se fosse um engenheiro, isso não aconteceria, como eu já vi em situações até piores. E a gente acaba escutando coisas diferentes do tipo: ‘ela é exagerada, ela é louca, mulherzinha’”, desabafou a engenheira que trabalha há oito anos na construção civil.

Rafaela ressaltou que as mulheres já nascem com medo da violência, e mesmo quando tentam ser donas do seu próprio destino, tornam-se reféns do medo. Para ela, como a única sócia da empresa mulher, uma das maiores “tristezas” é não conseguir realizar visitas nos interiores por receio do que pode acontecer com sua segurança. 

“Eu não sinto aquela coragem que é a mesma de um homem visitar locais que são mais soturnos. A gente já nasce e sente o medo da violência, de várias outras coisas, que estamos à mercê. Mas sei que não aconteceria o mesmo com um homem. Eu gostaria de ir”, lamentou.

Atuar em uma área predominante masculina traz muitos desafios para a mulher engenheira. Ela tem que provar ainda mais a sua competência na liderança de equipe masculina, de estação de encanamento de água, de fiscais, e de outros engenheiros”, afirmou a Adriana Cardoso, de 54 anos, que há 30 anos trabalha no ramo do saneamento.

Um dos episódios mais marcantes na vida dela, ocorreu quando ela se apresentou no trabalho, junto com outras mulheres, como engenheiras concursadas, e o gestor afirmou que queria “homens para ir para a operação”. Após as primeiras designações, todas conseguiram mostrar que eram capazes de liderar equipes, de cobrar metas e mediar conflitos com êxito, como Adriana mesmo pontuou. 

image  Adriana Cardoso afirmou que sente-se muito honrada por abrir caminhos para novas engenheiras (Reprodução/ Arquivo pessoal)

Para ela, fica a satisfação de “abrir os caminhos” para uma nova geração, onde certos preconceitos contra a mulher já foram quebrados, mas quem muito por vir. 

Podemos, sim, ser mulheres, profissionais, esposas, mães e cidadãs, cumprindo cada tarefa mesmo sabendo que teremos muito mais esforço do que é exigido para os homens, mas encaramos cada desafio com amor, competência e muito trabalho”, finalizou.



 

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