Dia da Mulher: Professora Luzia Gomes indica obras escritas por mulheres e com protagonismo feminino
Os cinco livros trazem a narrativa da visão feminina do mundo
Na próxima quarta-feira (8), comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Diversas são as mulheres que fizeram história na literatura e foram as precursoras no campo artístico. Luzia Gomes, poeta, feminista negra e professora da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal do Pará (UFPA), indica em entrevista ao Grupo Liberal cinco livros escritos por mulheres negras, com protagonistas femininas. Segundo Luzia, a escolha de cada uma das opções partiu do pressuposto de que são obras literárias que “nos possibilitam enxergar o mundo por outros ângulos”.
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A primeira indicação é a obra escrita por Eliana Alves Cruz, “Água de Barrela”. O livro conta a história da família da escritora e constitui a linha do tempo desde quando seus familiares foram trazidos como escravos para o Brasil.
O segundo livro indicado por Luzia é “Em Busca dos Jardins de Nossas Mães”, de Alice Walker. A escritora foi a primeira afro-americana a receber o prêmio Pulitzer de ficção. Na obra, ela aborda temas relevantes para as mulheres negras, como questões raciais, o papel da mulher, e etc.
A terceira indicação da poeta é o livro, inspirado em uma história real, “Amada”, de Toni Morrison. Situado em 1873, nos Estados Unidos, após a recente abolição da escravatura, o escrito apresenta a narrativa da ex-escrava Sethee e sua história de superação.
“O Ventre do Atlântico”, escrito por Fatou Diome, aborda a questão da imigração em países europeus e a vida de imigrantes africanos que atravessam o oceano em busca de um sonho no futebol.
Por fim, a última indicação de Luzia é a obra de Paulina Chiziane, “Niketche: Uma História de Poligamia”. Publicado em 2002, o livro é um dos romances moçambicanos mais renomados do mundo e narra a história de Rami, uma esposa fiel e dedicada. Mesmo se esforçando, ela não consegue ser amada pelo marido, com quem é casada há 20 anos. Após descobrir de casos extraconjugais do cônjuge, Rami acolhe as mulheres e os filhos oriundos dos casos.
“Eu acredito que as produções literárias escritas por mulheres possibilitam para nós poder pensar um mundo que quebre uma lógica masculina de existência. A gente tá dizendo que esse mundo branco, falocêntrico e patriarcal não dá mais, e, que sim, a gente tem uma forma de olhar o mundo, de escrever o mundo e de pensar em fundamentos de existência para o mundo”, afirma a professora universitária.
Segundo Luzia, a presença de mulheres na literatura, além de ser representativa, também traz um olhar crítico e diverso sobre experiências de vida. “Percebo que essa literatura contemporânea está nos mostrando outras formas de olhar o mundo e quebrando, de certa forma, a partir da fabulação, esse mundo branco, patriarcal e falocêntrico”, finaliza ela.
(*Estagiária Painah Silva, sob supervisão do Coordenador de Conteúdo de Cultura, Abílio Dantas)
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