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Miopia e astigmatismo estão entre os principais problemas de visão em crianças, diz especialista

Entenda como o problema está ligado ao uso de telas e ao aprendizado escolar

Eva Pires | Especial para O Liberal

No começo do ano, com o retorno às atividades escolares, a saúde ocular dos estudantes chama a atenção de pais e professores. O oftalmologista Lauro Barata alerta que a queda no rendimento escolar pode ser um dos primeiros sinais de problemas oculares em crianças. Segundo o especialista, as doenças de refração, como miopia, astigmatismo e hipermetropia, são as mais comuns nessa faixa etária.

Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) revelam que cerca de 20% das crianças em idade escolar apresentam problemas de visão. Em Belém, os casos de miopia em crianças de até 12 anos tiveram um aumento significativo em 2024, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Enquanto em 2023 foram registrados 9 casos, no ano seguinte este número saltou para 24. Em contraste, os diagnósticos de astigmatismo passaram de 10 para 8, e os de hipermetropia permaneceram em 4.

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Conforme o oftalmologista Lauro Barata, o diagnóstico precoce dos problemas de visão é fundamental para o desempenho escolar, pois, a ausência dele pode causar dificuldade de aprendizado e desinteresse nas aulas.

"É fundamental levar a criança ao oftalmologista para uma avaliação, acompanhamento e correção, caso o paciente necessite. Indo periodicamente uma vez por ano já é o suficiente. Já houve casos em que após a correção da doença, a criança mudou completamente e, por sua vez, teve um aproveitamento muito maior", relembra o especialista.

Primeiros sinais e uso de telas

As doenças de refração, também chamadas de erros refracionais, não surgem de forma repentina, mas se desenvolvem progressivamente ao longo do tempo. O oftalmologista Thiago Barbosa explica que, muitas vezes, as crianças não percebem que estão com dificuldades para enxergar, pois não sabem como é enxergar corretamente e não têm base para comparar. Como elas não conseguem verbalizar o problema, fica difícil para os pais identificarem. Ele sugere que uma maneira de perceber a dificuldade na visão é por meio da comparação, como, por exemplo, se um irmão consegue enxergar algo enquanto o outro não.

"Um dos sinais pode ser quando a criança aperta os olhos e até a testa na tentativa de enxergar um pouco melhor ou aquela criança que para enxergar algo se aproxima muito da coisa. Por exemplo, quando coloca o rosto colado no caderno para ler ou precisa sentar nas primeiras fileiras para enxergar o quadro", diz o médico.

O uso excessivo de telas pode agravar problemas de visão em crianças, como a miopia. No passado, as crianças passavam mais tempo ao ar livre. No entanto, com a mudança dos hábitos, as crianças de hoje em dia estão cada vez mais dentro de casa, assistindo TV, utilizando celulares e tablets. O especialista Thiago Barbosa ressalta que a utilização prolongada da visão de perto, seja com telas ou até mesmo livros, pode levar tanto ao aparecimento quanto à progressão da miopia.

Criança de 11 anos descobre miopia e astigmatismo após queda no desempenho escolar

image Yummi Ogawa, 11 anos, e sua mãe, Carolina Bentes, 29 anos (Foto: Adriano Nascimento | O Liberal)

Aos 11 anos, Yummi Ogawa foi diagnosticada com miopia e astigmatismo após a professora perceber que ela tinha dificuldades para enxergar o quadro e acompanhar as atividades escolares. A mãe de Yummi, a advogada Carolina Bentes, conta que a adolescente começou a se queixar de dores de cabeça. A professora também notou que sempre que Yummi se sentava mais longe do quadro ela forçava bastante a visão, o que a deixava cada vez mais dispersa durante as aulas. "Eu não estava conseguindo enxergar direito o quadro e nem conseguindo fazer as atividades", diz a estudante.

Carolina conta que quando a filha começou a usar os óculos sentiu um certo desconforto no início e teve dificuldade em usar o acessório o tempo todo, mas, logo se adaptou. Após o diagnóstico, os pais passaram a estabelecer regras mais rígidas sobre o uso das telas, tanto para os estudos quanto para o lazer. Além disso, providenciaram óculos com filtro azul, recomendado para proteger os olhos durante o uso de dispositivos digitais.

"Ela tem um grau de miopia considerável para a idade dela. Ela já vinha sofrendo com o problema e, na correria do dia a dia, a gente não tava percebendo. Esse olhar da professora foi essencial para que a gente pudesse procurar auxílio médico e ela ser tratada", compartilha.

O que os especialistas recomendam para garantir a saúde ocular das crianças:

- Consulta com o oftalmologista uma vez ao ano para avaliar a visão.

- Expor as crianças o máximo possível a atividades fora de casa.

- Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), para crianças de até 2 anos, é indicado nenhum uso de tela; de 2 a 5 anos, máximo de 1 hora de tela por dia e acima de 5 anos, máximo de 2 horas de tela por dia.

- Para crianças que estudam com o uso de telas, o ideal é dividir o tempo de estudo em 40-45 minutos, seguido de um intervalo de 10-15 minutos para descanso dos olhos.

- Evitar brincadeiras com arminhas de gel, brinquedos pontiagudos e outros objetos que possam ameaçar a saúde ocular. Essas atividades podem causar lesões sérias, incluindo cegueira, caso acerte o olho.

Tratamento de doenças de visão em Belém

Em nota, a Sesma explicou que não possui uma unidade de referência específica para atendimentos relacionados à saúde ocular infantil. "O primeiro atendimento é realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde os pacientes passam por uma avaliação inicial. Caso necessário, com base na avaliação médica, os pacientes são encaminhados para clínicas e hospitais conveniados à rede municipal, por meio do sistema de regulação municipal", informou a secretaria.

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