Médica paraense que nega existência do câncer de mama é alvo de ação civil pública
Medida tomada junto à Justiça do Pará prevê indenização de R$ 1 por seguidor referente ao dano moral coletivo
A médica paraense, Lana Almeida, que viralizou nas redes sociais esta semana, com um vídeo no qual afirma que 'câncer de mama não existe', se tornou alvo de uma ação civil pública movida pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) - entidade nacional que representa oficialmente a especialidade no Brasil. A CBR critica a fala da médica afirmando que houve divulgação de informações falsas sobre o câncer de mama.
A ação civil pública foi protocolada na última terça-feira (29) junto à Justiça do Estado do Pará, conforme o CBR, e prevê uma indenização de R$ 1 por seguidor, referente ao dano moral coletivo. O Colégio ainda solicitou que a médica retire imediatamente o vídeo do ar, além de parar de anunciar tratamentos que não possuem evidências científicas.
Além disso, o CBR reforçou que o procedimento do exame de mamografia é seguro e que não causa doenças: "Não há qualquer evidência científica reconhecida que atribua à realização de um exame de mamografia ser um fator de risco para o surgimento de câncer na mama ou qualquer outro órgão ou parte do corpo humano e nem a causa de inflamações ou outros transtornos de saúde para as mulheres", refutando falas da médica expressas no vídeo.
VEJA MAIS
O vídeo com o conteúdo criticado pela entidade foi postado pela mastologista Lana Almeida, em suas redes sociais, na última segunda-feira (28). A médica chega a citar que o câncer de mama não existe, além de diminuir a campanha do Outubro Rosa. A mastologista ainda alegou que a mamografia causa lesão nas mamas.
Na terça-feira, 29, o Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA) e o Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) se manifestaram contra as alegações de Lana Almeida:
O CRM-PA informou, por meio de nota, que tomou ciência da publicação e afirmou que o caso será apurado em sigilo pela entidade, tendo em vista a conduta da médica e a necessidade de avaliar a compatibilidade de suas afirmações com as diretrizes médicas oficiais.
O Sindmepa, por sua vez, emitiu um comunicado onde manifesta posição crítica em relação ao vídeo, reforçando que o câncer de mama é uma condição de saúde amplamente reconhecida e uma das principais causas de mortalidade entre mulheres. A entidade pontuou ainda que a prevenção e o diagnóstico precoce, realizados através de exames como a mamografia, são estratégias essenciais, respaldadas por estudos revisados por pares para a redução da mortalidade e para a efetividade dos tratamentos.
O presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia - Regional Pará, Fábio Botelho, também se manifestou contra o conteúdo publicado por Lana Almeida: "eu me vejo obrigado a falar sobre um vídeo que viralizou, de uma pessoa que diz absurdos sobre sobre essa doença de grande prevalência entre as mulheres", inicia o mastologista.
O médico Fábio Botelho descreve o vídeo de Lana Almeida como um "fenômeno das redes sociais", no qual "uma pessoa conta uma mentira, sem pé nem cabeça e, mesmo assim, consegue uma grande repercussão". Ele ainda enfatiza a prevalência do câncer de mama entre as mulheres, defente a mamografia como um exame de rastreio da doença e orienta: "continuem acreditando nas entidades médicas e nos profissionais sérios que se baseiam exclusivamente em evidências científicas e na boa prática da medicina".
A Redação Integrada de O Liberal reforça que o espaço segue aberto para o pronunciamento da médica Lana Almeida.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA