Janeiro Roxo: ações sociais em Belém reforçam que hanseníase tem cura
Objetivo é conscientizar a população sobre a importância da detecção precoce e do tratamento adequado da doença, que é curável, mas ainda cercada por estigmas
O ‘Janeiro Roxo’ em 2025 tem sido marcado por ações sociais em Belém. Neste domingo (26), a Usina da Paz do Guamá recebeu uma ação alusiva ao Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase, celebrado sempre no último domingo de janeiro. Com o tema “Hanseníase tem cura”, a mobilização é uma parceria entre as secretarias Estadual (Sespa) e Municipal de Saúde (Sesma) e oferta gratuitamente consultas dermatológicas, exames preventivos, testes rápidos, vacinas e palestras educativas, além de atividades culturais. No próximo sábado (1º de fevereiro), será a vez da Usina da Paz da Cabanagem receber a ação, das 8h às 12h.
De acordo com Luiz Augusto Costa, coordenador do Programa Estadual de Controle da Hanseníase, o evento é parte de uma série de ações do Janeiro Roxo, que já realizou atendimentos no bairro da Terra Firme e tem atividades programadas até o final do mês. “Na primeira ação, 250 pessoas foram atendidas, com 18 casos suspeitos e três confirmados. Isso mostra a importância de estarmos nas comunidades, trabalhando não apenas no diagnóstico, mas também no combate ao estigma que ainda cerca a hanseníase”, destacou.
No Pará, em 2024, foram registrados 1.354 casos de hanseníase, sendo 82 em crianças. Luiz Augusto explicou que o surgimento de casos infantis é um alerta de que adultos não estão buscando tratamento, perpetuando a transmissão.
“Assim que o paciente toma a primeira dose da poliquimioterapia (PQT), ele deixa de transmitir a doença. Isso reforça a necessidade da busca por diagnóstico e tratamento nas unidades de saúde”, esclarece.
A campanha continua até o dia 31 (sexta-feira), com uma mesa-redonda reunindo especialistas da Sociedade Brasileira de Dermatologia, do Ministério da Saúde e de entidades estaduais, com foco no combate ao estigma e na capacitação de profissionais da atenção primária. Além disso, uma nova ação social será realizada na Usina da Paz Cabanagem no dia 1º de fevereiro (sábado).
Importância do serviço gratuito
A dona de casa Joana Santos, 67, mora no Guamá e procurou atendimento após notar uma mancha crescente em seu rosto. “Apareceu há mais de um ano como uma pintinha vermelha, mas agora está aumentando. Já fui a outros lugares, mas nunca fizeram os exames que fiz aqui hoje. Estou achando muito bom, porque nós, que somos pobres, não temos condição de pagar por atendimento particular. E é bom que seja num domingo, porque é mais tranquilo e a gente tem tempo”, relata.
Joana também destaca a importância do serviço gratuito para quem, como ela, enfrenta o isolamento e o preconceito devido à suspeita da doença. “Isso está no meu rosto, e todo mundo vê. Eu me sentia envergonhada e me isolava. Mas gostei muito da palestra e do atendimento, porque me ajudaram a entender o que pode ser e a começar o tratamento”, contou a dona de casa.
Como identificar e tratar a hanseníase
Os principais sinais de alerta incluem manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele, caroços, perda de sensibilidade em áreas do corpo e dores nos membros. O tratamento é gratuito e está disponível nas Unidades Básicas de Saúde em todos os 144 municípios do estado. Casos mais complexos podem ser encaminhados para as unidades de referência estaduais.
A hanseníase afeta principalmente a população ativa, com maior incidência entre pessoas de 20 a 54 anos. Segundo Luiz Augusto, a falta de conscientização agrava a situação. “Ainda enfrentamos barreiras culturais e preconceitos, o que dificulta que as pessoas procurem o tratamento a tempo. Precisamos lembrar que a hanseníase tem cura, e o tratamento é eficaz e gratuito”, pontua.
Além das ações do Janeiro Roxo, o estado mantém programas de controle da hanseníase ao longo de todo o ano. Unidades Básicas de Saúde oferecem diagnóstico e tratamento, e as referências estaduais estão à disposição para casos mais graves. Luiz Augusto reforça que a campanha de conscientização deve ir além de janeiro. “O combate à hanseníase precisa ser permanente. Estamos comprometidos em levar orientação, diagnóstico e tratamento de qualidade à população, de janeiro a janeiro”, conclui.
Hanseníase: sinais de alerta e como buscar ajuda
Sinais de alerta
- Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele, com perda de sensibilidade
- Caroços ou inchaços em qualquer parte do corpo
- Dores nos braços, pernas ou outras áreas
- Diminuição da força muscular
O que fazer ao identificar os sintomas
- Procurar uma Unidade Básica de Saúde. No Pará, o atendimento está disponível em todos os 144 municípios.
- Solicitar avaliação médica e exames específicos. Casos complexos são encaminhados às Unidades de Referência Especializadas (UREs).
- A hanseníase tem cura. O tratamento com poliquimioterapia (PQT) é gratuito e interrompe a transmissão já na primeira dose.
Campanha Janeiro Roxo 2025
- 31/01: mesa-redonda para profissionais da Atenção Primária na Escola de Governança Pública do Estado (EGPA), das 8h às 12h.
- 1º de fevereiro: ação na Usina da Paz Cabanagem, das 8h às 12h.
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