Ícone da Medicina, doutor Manuel Ayres é homenageado, pela UFPA, por seu centenário
A cerimônia será nesta terça-feira, às 10 horas, no Instituto de Ciências Médicas (ICM), em Belém
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Por ocasião do seu centenário, o doutor Manuel Ayres, professor emérito da Universidade Federal do Pará (UFPA), será homenageado, nesta terça-feira (18), no salão nobre do Instituto de Ciências Médicas (ICM), na avenida Generalíssimo Deodoro, no bairro Umarizal, em Belém. A cerimônia vai ocorrer a partir das 10 horas. O professor Manuel Ayres é médico pediatra e geneticista, nascido em Óbidos, no oeste do Pará, em 9 de janeiro de 1925. Ele estudou no Ginásio amazonense Pedro II, em Manaus (AM) e fez o chamado pré-médico, preparatório para o vestibular de Medicina, no colégio Estadual Paes de Carvalho, em Belém.
Ayres formou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará em 1948, especializando-se em Pediatria, possuindo livre-docência em Pediatria e Puericultura (que é o acompanhamento periódico visando a promoção e proteção da saúde das crianças e adolescentes). Na década de 1960 iniciou seus estudos de Genética com o professor Francisco Salzano, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Na mesma década, passou a dedicar-se ao ensino da biologia na UFPA. Foi secretário de Estado de Saúde de 1975 a 1979, durante o governo de Aloysio Chaves. Em 1979 foi nomeado Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Pará (TCE-PA). Em 1980 dirigiu o Escritório de Apoio à Pesquisa (Escape), criando a revista Raízes, da qual foram editados dois números. É autor de mais de 50 publicações científicas em revistas internacionais e criador do BioEstat, um software com aplicativos na área de Bioestatística para o uso nas ciências biomédicas. Como Professor Titular da UFPA, foi o fundador do Centro de Ciências Biológicas, hoje, Instituto de Ciências Biológicas (ICB), um dos mais importantes da Universidade.
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"O doutor Manuel é um ícone", diz o professor doutor Silvestre Savino
Em entrevista ao Grupo Liberal, nesta segunda-feira (17), o diretor do ICM, o professor doutor Silvestre Savino Neto, falou sobre a importância do doutor Manuel, de quem foi aluno. “É um ícone. Foi professor de Pediatria da UFPA, implantou o Instituto de Ciências Biológicas da UFPA, pioneiro dos estudos de genética em nosso Estado. Foi secretário de saúde, criando o Hemopa (Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará), conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado do Pará), sendo seu presidente, iniciando o processo de informatização do Tribunal”, contou. “Dedicou-se, também, à Bioestatística, criando um programa chamado de BioEstat, com o qual ajudou a formar inúmeros alunos de pós-graduação, no qual me incluo, tendo tido o privilégio da sua convivência”, afirmou.
Ainda segundo o professor Silvestre, o doutor Manuel “deixa um legado de sabedoria, dedicação, paixão e uma contribuição excepcional à educação, à ciência e a gestão pública”. O professor foi aluno de Manuel Ayres em Bioestatística, quando fez doutorado. Sobre essa convivência em sala de aula, o professor Silvestre destacou a alegria dele de ensinar, transmitir conhecimento, àquela altura com 80 anos. Ainda segundo o professor, devido à idade, o doutor Manuel não estará presente à solenidade, na qual será representado por sua família.
O professor Jorge Ohana é médico e foi aluno do doutor Manuel na disciplina Genética e, posteriormente, Estatística. “Particularmente, ele se destacou muito por conta de um livro que ele escreveu, com seu neto, chamado BioEstat, que foi um sucesso para todo mundo que queria fazer pesquisa e entender estatística”, contou. Como professor, foi um homem extremamente organizado, disciplinado e disciplinador. “Passava a sua mensagem com muita clareza, sempre preocupado com o entendimento dos alunos, estimulando a que desenvolvessem uma análise crítica daquilo que estava sendo lecionado e procurando fazer com que não aprendessem, mas como entendessem, desenvolvessem propostas a partir daquilo que estava sendo ministrado. No início de sua carreira, foi professor de Pediatria. Foi um exímio pediatra, em um primeiro momento. Depois se dedicou mais à genética e ao ensino da Genética e da Estatística”, afirmou.
Gostava de música clássica e de música popular brasileira
Ele destacou o empenho do doutor Manuel na criação e organização das áreas biomédicas. O Instituto de Ciências Biológicas, na reforma do ensino universitário, foi por ele desenhado. "Ele acompanhava, atentamente, todo o desenrolar daquilo que acontecia, porque foi uma época de implantação, na reforma do ensino. Foi quando houve a efetiva ocupação do Campus Universitário do Guamá. E ficou com o Centro de Ciências Biológicas aquilo que se chamava de curso básico, atendendo não apenas a Biologia, mas a Medicina e outras disciplinas da área de saúde também”, afirmou.
Ainda segundo o professor Jorge Ohana, o doutor Manuel Ayres era um homem que tinha uma visão que extrapolava o ensino acadêmico, e procurava ter atividades fora da Universidade. “Foi membro do Tribunal de Contas, e era um homem ligado a uma cultura também, extremamente culto. Gostava de música clássica e de música popular brasileira”, disse. “Conhecia muito de música clássica, muito de ópera. E era um homem que também gostava de atividade desportiva. Ele era sócio de um clube que nós frequentávamos juntos e praticava vôlei Praticava dentro da sua limitação, mas nunca deixou de fazer a sua parte. Ele era levantador no vôlei que nós tínhamos nos finais de semana”, contou.
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