Fumaça na Grande Belém: especialistas orientam cuidados com a saúde oftalmológica e respiratória

Falta de ar, dor de cabeça e irritações inflamatórias nos olhos estão entre possíveis sequelas do contato com a fumaça proveniente da queima de resíduos no Aurá

Camila Guimarães
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A fumaça resultante da queima de resíduos no aterro sanitário do Aurá ainda aflige moradores da área e de várias regiões da Grande Belém, que amanhecem cobertas pela cerração há alguns dias. Na última segunda-feira (26), a Prefeitura de Belém chegou a divulgar a informação de que o incêndio no local estava controlado, contudo, na quinta (29), a fumaça e o mau cheiro voltaram a ser percebidos em bairros da capital, afetando o bem-estar da população com sintomas como tosse, falta de ar e dor de cabeça. Especialistas garantem que os sintomas podem estar relacionados à fumaça, que é prejudicial tanto à saúde respiratória quanto oftalmológica.

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A pneumologista Maria de Fatima Amine Houat de Souza, coordenadora do Centro de Referência Especializado em Abordagem e Tratamento do Fumante de Belém, explica que mesmo uma exposição rápida aos resíduos que constituem a fumaça do lixão pode provocar algum processo irritativo, sobretudo tosse, ardência nos olhos e falta de ar.

"E para os portadores de doenças pulmonares crônicas, como a asma, torna-se uma irritação ainda mais persistente. Imagine uma fumaça com diferentes constituintes! Ali tem material de tudo quanto é constituição que pode levar até a uma intoxicação, por isso, pessoas que já tem problemas, como sinusite, rinite, há uma grande chance de complicação. Os que têm já propensão, a coisa fica bem pior", comenta a pneumologista.

O que fazer se aparecerem os sintomas?

Coriza, crise alérgica e dor de cabeça também são sintomas comuns do contato com esse tipo de poluição destacados pela especialista. Ela comenta também que esse é um problema difícil de remediar por parte da população, uma vez que fechar portas e janelas e usar máscaras são medidas paliativas pouco eficientes, já que, ainda assim, a fumaça consegue transpor essas barreiras. Tentar manter uma boa hidratação e procurar ajuda médica ao apresentar desconfortos maiores é a recomendação da especialista.

Olhos irritados

Os olhos também são partes do corpo diretamente afetadas pelas substâncias em suspensão trazidas pelo vapor da queima de resíduos. Segundo o oftalmologista Lauro Barata, o grande risco são de irritações inflamatórias, como as conjuntivites.

"O risco oftalmológico é em virtude dos próprios componentes da fumaça que pode levar até à conjuntivite. O paciente pode apresentar lacrimejamento, inflamação, irritação ocular devido às partículas no ar. Geralmente esses quadros são bilaterais, ou seja, afetam os dois olhos de uma vez. Pode ser mais sério para pessoas que já tinham algum problema que podem apresentar recidiva", alerta.

Assim como com relação à saúde respiratória, é difícil proteger os olhos da ação da fumaça. O oftalmologista cita algumas práticas que podem ajudar a combater os reflexos do contato com a cerração:

"O ideal seria fazer compressa de água gelada, usar colírios lubrificantes e, ao primeiro sinal de desconfortos mais graves, quando começar a interferir nas suas atividades normais, como não conseguir mais ler ou assistir televisão confortavelmente, procurar um oftalmologista para avaliar a situação. É válido destacar que nenhum medicamento ou colírio deve ser utilizado sem indicação médica".

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