Festival em Belém celebrou o Dia da Amazônia com música e conscientização

‘Tira o pé do chão e deixa a Amazônia de pé’. Foi com este lema que o “Festivais da Amazônia” deu início a sua programação em Belém durante o final de semana. O festival, organizado por um coletivo de organizações de todo o país em alusão ao Dia da Amazônia (05/09), conta com eventos que ocorrem de 3 a 8 de setembro em oito capitais brasileiras. Esta é a primeira vez, desde que o dia 5 de setembro foi instituído como Dia da Amazônia em 2007, que a data é celebrada em eventos culturais gratuitos espalhados por todo o país.

No sábado (3) e no Domingo (4) quem foi ao Portal da Amazônia pôde curtir uma série de shows de artistas de projeção regional e nacional, além de outras intervenções culturais, como exposições de fotografias, cinema e oficinas. O objetivo, de acordo com os organizadores, é aproveitar a importância da data para aproximar o público urbano do debate sobre a preservação da floresta amazônica.

“O festival tem um só objetivo: chamar atenção para as causas ambientais, principalmente para o que está rolando na Amazônia agora. É garimpo legal, é abuso de terra indígena, essas coisas todas. Então entendemos que isso é urgente, precisamos começar a conscientizar o povo disso e fazer a galera ir para as eleições e conseguir votar em um candidato que pense na Amazônia”, diz Jeft Dias, um dos criadores do Psica Produções, coletivo à frente da organização do evento de Belém.

Intervenções com informações sobre a Amazônia circularam a cada intervelo de apresentação (Cristino Martins/O Liberal)

Artistas regionais e nacionais afinados na causa 

No domingo foi o dia dos grandes espetáculos de música no festival. E, como é de se esperar em Belém, a programação começou logo após a chuva que antecedeu o final da bonita tarde. Além das atrações regionais, como Flor de Mururé e Viviane Batidão, artistas com peso nacional, como MC Carol, que recentemente se apresentou no Rock’n Rio, e o aclamado Baiana System, se apresentaram ao longo da noite. Apesar das diferenças nos gêneros musicais, o discurso pela preservação da Amazônia deu o tom.  

“Cara, eu tenho várias bandeiras desde que eu nasci, né!? Várias bandeiras. Eu não me descobri feminista, nasci feminista e isso também está relacionado diretamente com causas como a da Amazônia. O que eu tenho tentado fazer é aprender o que o povo daqui me diz e levar a mensagem de preservação dessa região para minha quebrada no Rio de Janeiro. Lá talvez as pessoas não tenham muito conhecimento do que é isso tudo aqui, qualquer mensagem já faz diferença. Então hoje eu estou aqui mais para aprender com vocês e levar a mensagem”, diz MC Carol. 

Público compareceu em peso desde o final da tarde. Artistas regionais, como Flor de Mururé, mostraram o gingado amazônico (Cristino Martins/O Liberal)

Panorama Amazônico

E não apenas de música viveu o evento em Belém. Antes e depois de cada apresentação artística, uma série de informações sobre a real situação da floresta amazônica foi divulgada ao público. Os números causam impacto. De acordo com o último relatório do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), divulgado em fevereiro, o desmatamento do bioma amazônico foi 56,6% maior entre agosto de 2018 e julho de 2021 do que entre agosto de 2015 e julho de 2018. 

Na Amazônia, mais da metade do desmatamento do último triênio aconteceu em terras públicas (51%). Dessas terras públicas, 83% pertenciam ao governo federal. Já o desmatamento em terras indígenas cresceu 153% na comparação do último triênio com o triênio anterior.