Espécie exótica de lagarto é identificada em Belém

Até então, o local mais próximo em que o animal tinha registro era Guiana Francesa

Camila Guimarães
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Cientistas do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) identificaram uma espécie exótica de lagarto ocorrendo em Belém, especificamente nos distritos de Icoaraci e Mosqueiro. É a primeira vez que a espécie Gymnophthalmus underwoodi é registrada em uma área ao sul do Rio Amazonas, já que o local mais próximo onde ocorria era na Guiana Francesa. Especialistas garantem que a espécie não apresenta riscos para os seres humanos.

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A descoberta foi publicada na revista científica Acta Amazonica e aconteceu a partir de pesquisas desenvolvidas nos laboratórios de Herpetologia e de Biologia Molecular do Museu Goeldi. O principal autor do estudo é o biólogo Adriano Maciel, doutor em Zoologia e pesquisador do Programa de Capacitação Institucional do Museu. O cientista diz que ainda não se sabe se o novo morador de Belém representa ameaça para outras espécies nativas de lagartos. Por enquanto, na Região Metropolitana de Belém, a espécie só tem sido encontrada em áreas já bastante degradadas e urbanizadas.

“Outro detalhe importante é que as pessoas não devem ter medo caso encontrem o lagartinho, pois ele não apresenta nenhuma ameaça ao ser humano. Assim como todos os outros lagartos que conhecemos no país, eles são inofensivos”, tranquiliza Adriano.

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Espécie teria chegado por meio de navios

A hipótese levantada pelo grupo de pesquisa, que conta também com cientistas da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Federal de São Paulo (UFSP), é que, provavelmente, a espécie tenha sido introduzida na região acidentalmente, por navios que atracaram em Belém.

Como o Gymnophthalmus underwoodi foi identificado em Icoaraci e Mosqueiro, perto de áreas portuárias, é possível que tenha chegado por meio de navios vindos do Mar do Caribe. Isso porque, em 2015, outra espécie exótica foi identificada em Belém, a Lepidodactylus lugubris. Na época, os pesquisadores que a identificaram também apontaram que, em 2012, uma companhia de transporte marítimo de cargas iniciou uma rota a partir de Guadalupe, com paradas em diferentes países, incluindo o Suriname, até chegar a Belém.

Nesses países, as duas espécies já são encontradas como invasoras há muito tempo. O que acende o alerta para a possibilidade de ser esse o caminho por onde elas chegaram até o Pará. Coincidentemente, ou não, 2012 é o ano em que apareceu o primeiro Gymnophthalmus underwoodi em Belém.

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Biólogos consideram a espécie uma ameaça para outros animais

Animal exótico tem se adaptado na região

De acordo com o pesquisador Adriano Maciel, a melhor maneira de definir o lagarto encontrado em Belém, por enquanto, é como uma espécie exótica, por estar fora de sua área de distribuição natural, e também potencialmente invasora, já que tem se adaptado e se reproduzido no local.

O Gymnophthalmus underwoodi foi encontrado em diferentes partes da cidade ao longo dos últimos dez anos, o que indica que está conseguindo se estabelecer. Adriano pontua ainda que uma característica do lagarto facilita a adaptação: o fato de realizar um tipo de reprodução assexuada chamada Partenogênese.

Espécies partenogenéticas só apresentam fêmeas, que produzem óvulos que formam um embrião sem precisar da fecundação. Vários tipos de organismos se reproduzem assim. Desse modo, apenas uma fêmea seria necessária para começar a reprodução da espécie no novo ambiente”, explica.

Pesquisas devem avaliar os riscos a outros animais

De acordo com o biólogo Adriano Maciel, muitas espécies reconhecidas como invasoras podem causar danos a populações de espécies que ocorrem naturalmente na área. “Às vezes, os impactos dessas espécies são difíceis de avaliar e quantificar, podendo gerar dúvidas até mesmo entre especialistas. Algumas das ameaças às espécies nativas são a proliferação de novas doenças, a predação e a competição por alimentos e outros recursos ambientais”, pontua.

Adriano diz que há exemplos de espécies invasoras bastante conhecidas no Brasil: as abelhas produtoras de mel, que tem origem europeia, o pardal originário do Oriente Médio e o mexilhão-dourado-asiático que veio na água de lastro de navios cargueiros.

Adriano explica que mais estudos estão sendo conduzidos para entender por onde o lagarto já se espalhou e quais podem ser as consequências de sua presença: “atualmente, temos encontrado o lagarto em mais localidades na cidade, incluindo o encontro de desovas da espécie. Futuramente, com novos inventários de espécies e estudos de ecologia da comunidade de lagartos locais, ficaremos sabendo se o lagartinho exótico já se expandiu para municípios vizinhos e se apresenta ameaça às espécies nativas”, conclui.

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