Com baixa cobertura vacinal, Belém está em risco para doença; saiba qual
Doença é facilmente confundida com outras infecções de vias respiratórias superiores
Com aumento de casos na Europa e alerta de risco no Brasil, conforme nota técnica do Ministério da Saúde emitida ainda no início de junho, a coqueluche vem se tornando uma preocupação. Em Belém, a cobertura vacinal de dois imunizantes contra a doença (DTP e dTpa) estão abaixo do recomendado, atingindo marcas de 65,67% e 30,32% (respectivamente). O cenário é de risco para o aumento de casos, que também são subnotificados - afirma o médico especialista.
Este ano, Belém ainda não bateu nenhuma meta de imunização contra coqueluche, conforme revela a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), em nota:
"Dados da Sesma apontam que as taxas de cobertura vacinal contra a coqueluche estão abaixo dos 95% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Até o momento, foram vacinadas em Belém 10.644 pessoas com a vacina DTP, de um total de 16.653 estabelecido como meta. Isso representa uma cobertura de 65,67%. Já com a vacina dTpa, foram imunizadas 5.099 pessoas, de uma meta de 16.813, resultando em uma cobertura de 30,32%".
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Apesar de Belém não registrar oficialmente nenhum caso da doença desde 2021, como aponta a própria Sesma, o virologista Caio Botelho, ouvido pela reportagem, garante que, nos consultórios, há muitos casos suspeitos de coqueluche e que a doença pode estar sendo subnotificada, uma vez que não existe exame específico para diagnóstico na rede pública:
"A gente não faz teste sorológico para coqueluche. Isso não existe na atenção primária. Acaba que a gente faz o diagnóstico clínico e o tratamento. Além disso, a coqueluche é comumente confundida com outras infecções de vias aéreas superiores. Sem o diagnóstico fechado, o paciente acaba fazendo tratamento com antibiótico, tendo boa resposta e cura. Isso faz com que a gente tenha poucas evidências de que está tendo circulação ou notificação dessa doença", afirma.
Caio Botelho detalha que crianças de dois a dez anos de idade e idosos são os públicos mais vulneráveis, uma vez que podem apresentar agravamento na saúde caso sejam infectados pela bactéria causadora da coqueluche: "Eles acabam tendo um quadro mais complicado, levanto à hospitalização e à disfunção respiratória", detalha.
O que é coqueluche?
Doença infectocontagiosa que afeta principalmente as vias aéreas superiores.
O que causa?
Causada por bactéria (Bordetella Pertussis).
Como é transmitida?
Contato direto por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar da pessoa contaminada. Objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas doentes também podem transmitir.
Quais os sintomas?
- Mal-estar geral;
- Corrimento nasal;
- Tosse seca prolongada, com chiado;
- Febre baixa.
Se não tratada a doença, os sintomas se agravam:
- Tosse passa de leve e seca para severa e descontrolada;
- A tosse pode ser tão intensa que pode comprometer a respiração;
- A crise de tosse pode provocar vômito ou cansaço extremo.
Qual o diagnóstico?
Em geral, clínico. Pode ser solicitada coleta de material de nasofaringe para cultura; PCR em tempo real - mas não realizado na rede pública.
Qual o tratamento?
Medicamentoso, com antibióticos.
Quais as vacinas?
DTP e dTpa – público alvo: crianças de 2 meses a menores de 7 anos, gestantes e puérperas até 45 dias pós-parto e, de forma excepcional, grupos específicos, conforme as diretrizes do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Onde se vacinar?
Nas salas de vacinação das Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Belém. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Profissionais de saúde que atuam em maternidades podem se vacinar contra a coqueluche nas unidades hospitalares onde o imunizante estiver disponível.
Fonte: Ministério da Saúde e virologista Caio Botelho
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